“A instalação da nova fábrica significa a transição de uma economia voltada para agricultura em um modelo industrial”
19 de agosto de 2013
O
Brasil é o quarto maior mercado de cimento no mundo. De acordo com o Sindicato
Nacional da Indústria do Cimento (Snic), o consumo brasileiro alcançou 59,1
milhões de toneladas em 2010, o que representa uma alta de 14,8% em relação ao
ano anterior. A indústria brasileira de cimento é reconhecida
internacionalmente por seu bom desempenho energético e ambiental e pela
reduzida emissão de gases de efeito estufa, principalmente quando comparada a
países como Estados Unidos e Japão.
A Paraíba se prepara para fazer parte dessa expansão com a inserção
de mais uma indústria na estruturação do polo cimenteiro do Estado. A instalação da
Brennand Cimentos faz parte do plano que ainda inclui Votorantin, Elizabeth,
Climpor e Lafarge – o que deve colocar a Paraíba como o segundo maior produtor
de cimento do país. Com produção de 10 milhões de toneladas de cimento por ano,
o Estado vai ficar atrás apenas de Minas Gerais, onde a produção anual é de 14
milhões de toneladas de cimento.
A
nova fábrica deve ser inaugurada no segundo semestre de 2014, em Pitimbu, conforme
adiantou o presidente José Eduardo Ramos, em entrevista ao Paraíba Total. “O que nos motivou a ir para a Paraíba, além do crescimento que o Estado
apresenta, foi a possibilidade de encontrar e desenvolver jazidas de calcário,
primordial na produção do cimento”, disse o presidente.
Engenheiro
de produção e economista, com experiência de 20 anos no setor de cimento, José
Eduardo Ferreira Ramos acredita no potencial do Estado para ampliar a produção e
alavancar os negócios. O Grupo Ricardo Brennand é um desdobramento do antigo
Grupo Brennand, sediado em Pernambuco, e reconhecido por sua atuação em
diversos setores da economia, desde a produção de açúcar e álcool, cerâmica,
vidro e cimento até o ramo imobiliário.
Abaixo, trechos da entrevista.
Puxada por obras de
infraestrutura e pelo “boom” imobiliário, a indústria brasileira do cimento
dobrou de tamanho nos últimos anos e o Nordeste precisou recorrer a importação
para garantir suas obras. Como o senhor avalia o mercado atual neste segmento?
O mercado consumidor de cimento
continua crescendo, mas em um ritmo mais lento, quando comparamos o desempenho
deste ano com 2012. O Brasil registrou, no comparativo dos meses de junho, o
aumento de 3%, porém o Nordeste atinge 4,4%, acima da média nacional, conforme
dados preliminares do SNIC – Sindicato Nacional da Indústria de Cimento. Isso
só reforça o potencial que a região tem.
É possível acreditar que o Nordeste
continue pelos próximos anos apresentando resultados significativos quanto o
crescimento atual de 4,4%, registrado em junho deste ano. O que fazer para
manter o ritmo?
Acredito que o percentual do ano
deverá ficar acima dos 4,4%, a partir de setembro, que é o início do verão e o
consumo aumenta devido a grandes obras de infraestrutura e continuidade de
outras. É importante lembrar ainda que ano que vem temos a Copa do Mundo, que
inclui não só a construção das Arenas, mas de vias de mobilidade e acesso.
Em 2014, o Estado terá o terceiro
maior polo cimenteiro do Brasil ficando atrás de Minas Gerais e Sergipe.
Como o senhor avalia esse cenário?
Avalio como muito positiva. É um
aproveitamento de oportunidade e disposição política do Estado da Paraíba em aproveitar
as ocorrências de calcário, principal matéria-prima para fabricação de cimento.
O que levou a escolha da Paraíba
para sediar a fábrica? Qual a área total da fábrica, a expectativa de produção
de cimentos e geração de empregos e quando deve ser inaugurada? Houve
incentivos do poder público? Qual investimento total?
O que nos motivou a ir para a
Paraíba, além do crescimento que o estado apresenta, foi a possibilidade de
encontrar e desenvolver jazidas de calcário, primordial na produção do cimento,
em Pitimbu. Com investimento inicial de R$ 600 milhões, nossa previsão é de
iniciar operação em 2014. Na mina serão gerados 45 empregos diretos e 800 indiretos, e
na fábrica serão 200 postos de trabalho direto e 600 indiretos. Durante o pico
da obra, com previsão de dois anos, serão gerados 1.800 empregos diretos. Em
produção, a fábrica da Paraíba terá capacidade para 3.000 t/dia de clínquer ou
1.500.000 t/ano de cimento.
Com a fixação de sua segunda
fábrica da empresa, em Pitimbu, quais os benefícios para a economia da Paraíba?
O que, de fato, a fábrica representa para os paraibanos, em empregos, renda e
desenvolvimento?
Significa a transição de uma
economia voltada exclusivamente para a pesca, turismo e agricultura para o
modelo industrial. A Brennand Cimentos
é a primeira indústria de grande porte instalada no município. Serão gerados
245 empregos diretos e 800 indiretos durante a atividade da unidade.
Existe diferença do cimento
paraibano aos demais, quimicamente?
Não há. Seguimos as exigências
estabelecidas pela ABNT para todos os tipos de cimento fabricados no Brasil. O
que diferencia é a tecnologia e a capacidade técnica dos profissionais, que fazem
a diferença em nosso produto e garantem uma qualidade superior.
Como será feita a qualificação da
mão de obra dos operários de uma cidade, onde seus habitantes, historicamente,
vivem da agricultura e pesca?
A qualificação já está
acontecendo no município desde o segundo semestre do ano passado. Antes de
criarmos o projeto social ‘Mãos Dadas com o Futuro’, estudamos a cultura local
e os moradores. O que acontece é que estamos em um novo cenário: o industrial;
e queremos que os habitantes façam parte dessa mudança.
A Brennand Cimentos tem um projeto social, chamado “Mãos
Dadas”. No que consiste esse projeto?
É um projeto social e educativo.
Criamos com o objetivo de capacitar os moradores, tornando-os profissionais
certificados pelo Senai e aptos a se candidatar a vagas em nossa unidade
industrial. Junto com nossos parceiros (Mais Consultoria Social, Governo do
Estado, Prefeitura de Pitimbu, Brennand Cimentos
e a Federação das Indústrias da Paraíba) estamos conseguindo atingir esse
objetivo. Já formamos aproximadamente 300 alunos de um total de 56 turmas.
Durante o curso, eles recebem aulas e participam de módulos de Cidadania e
Técnico, com direito a transporte, material didático e cesta básica.
Quais os maiores desafios do
setor no país? E no Nordeste?
O maior desafio é a previsão de
demanda do cimento, pois a construção civil depende da evolução da economia do
país como um todo, além de políticas públicas especialmente em relação aos
investimentos em infraestrutura.
Quais os cuidados que a Brennand Cimentos está tendo para
minimizar os impactos ambientais da instalação da fábrica na Paraíba e que
tecnologias ela dispõe para garantir a redução da poluição?
É de nosso princípio o cuidado
com o meio ambiente. Por isso, dentro do aporte de R$ 600 milhões está o
investimento em ações que têm o objetivo de minimizar impactos gerados durante
os processos produtivos da fábrica. Assim como a unidade mineira, a de Pitimbu
adotará práticas de controles rigorosos. Além da utilização de filtros, serão
instalados equipamentos de monitoramento online da qualidade do ar. Também
capacitará os colaboradores nos procedimentos de destinação de resíduos,
incluindo o manuseio correto, tratamento, reciclagem e descarte.