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“A microempresa é fundamental para a economia paraibana, sobretudo, porque é baseada em serviços”

8 de abril de 2013

divulgação-raimundo nunesO Programa Municipal de Apoio
aos Pequenos Negócios de João Pessoa, o Empreender-JP, é um case nacional. Gestores públicos de todo
o país reconhecem os bons resultados do programa mande in PB como um instrumento eficaz de incentivo e impulso à microatividade econômica que, na
Capital, completa oito anos de existência em 11 de abril.  Desde a sua criação, o Empreender-JP já
emprestou a quantia de R$ 56,9 milhões em 24.480 contratos liberados. Desde
2005, foram criadas mais de dez linhas de crédito, focados em públicos
segmentados, como Mercados Públicos, Capital de Giro, Grupos Comunitários, Empreender
Jovem e Tecnologia da Informação.

Dados positivos, realmente, não faltam. O
programa já capitalizou a quantia de R$ 73 milhões, com fundo de sustentação
que já soma R$ 31,9 milhões. As doações somaram R$ 3 milhões, e aplicações
financeiras resultaram em R$ 600 mil. Já os pagamentos dos empréstimos
correspondem a R$ 37,4 milhões, já com a redução de R$ 4 milhões com gastos de
custeio do Empreender-JP. O programa tem R$ 3 milhões em caixa e ter uma
carteira de recebimento para este ano, da ordem de R$ 20,6 milhões.

Os números dessa expansão
foram revelados ao Paraíba Total
pelo atual secretário do Trabalho, Produção e Renda e coordenador do
Empreender-JP, Raimundo Nunes Pereira, que concedeu exclusiva sobre a gestão do
programa, bem como um balanço e uma análise do mercado dos microcréditos paraibano e brasileiro.  “A microempresa é muito importante não só como
ferramenta de formação e capacitação de pessoas, mas para fomentar a economia. São
as microempresas as maiores empregadoras do Estado. Não é à toa que os bancos
públicos aplicam neste segmento, apoiando-o”, pontou.

Raimundo Nunes, que é responsável pela
operacionalização do Empreender-JP desde a sua criação e acumula a experiência
de já ter sido superintendente do Sebrae Paraíba,  também orienta quem quer abrir um negócio com
uma saída: a inovação. “O mais importante é criar algo, oferecer um produto ou
serviço que ainda não existe. Esta é a chave”, comentou o secretário. 

Como o senhor avalia a democratização do crédito nos últimos dez anos no
Brasil e na Paraíba? Há um equilíbrio entre consumo e endividamento da
população que procura e capta empréstimos?

O microcrédito orientado
começou a partir da linha do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) com o Programa
Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO). Em seguida, foi criado o
Crediamigo, do Banco do Nordeste, que considero uma das melhores experiências
de crédito no País. O crédito é a melhor ferramenta para que uma pessoa possa
trabalhar sua vocação ou habilidade em algo. O Sebrae, a Presidência da
República e o Ministério do Trabalho e Emprego  também já realizaram uma experiência durante
os anos de 2002 a 2006, com uma linha para jovens empreendedores , e eu
acompanhei este processo na época em que trabalhava no Sebrae. Foram disponibilizados
R$ 100 milhões, mas pela falta de ferramentas que garantissem a funcionalidade
do programa, o resultado não foi o esperado.

As oportunidades para quem
busca crédito existem. Há oito anos o Empreender-JP foi criado, eu participei
da operacionalização do programa desde o início.

Existe uma permanência de vida razoável das microempresas paraibanas,
de acordo com estudo do Sebrae-PB. Na opinião do senhor, qual o papel da microempresa
para a economia paraibana?

A microempresa é fundamental
para a economia paraibana, sobretudo, porque nossa economia é baseada no setor
de serviços, com grandes oportunidades para o turismo, além de nossa vocação no
que se refere aos minérios. A microempresa é muito importante não só como
ferramenta de formação e capacitação de pessoas, mas para fomentar a economia. São
as microempresas as maiores empregadoras do Estado. Não é à toa que os bancos
públicos aplicam neste segmento, apoiando-o. A Presidência da República, por
exemplo, criou o programa Crescer, que trabalha com o micro e o mini empreendedor.

 O Empreender-JP está fazendo
oito anos de existência e já é um programa consagrado e reconhecido
nacionalmente. Quais os resultados mais significativos na sua observação?

O primeiro resultado é o
efeito didático e pedagógico. No programa, as pessoas, que já são ou querem se
tornar empreendedoras, têm a oportunidade de passar por uma capacitação de 16
horas em quatro dias, aprendendo como administrar um pequeno negócio.  A capacitação serve para criar uma base no
empreendedor e desenvolver suas habilidades. Com os recursos do empréstimo, ele
passa a ser inserido na economia formal do município, percebendo seu papel como
cidadão e empreendedor. Em torno de 3.500 pessoas fazem renovações de contratos
e continuam se desenvolvendo e melhorando seus negócios com a ajuda do
Empreender-JP. O programa também é referência nacional. Foi repetido no Governo
do Estado e em mais 28 municípios do Brasil. Prefeitos eleitos no ano passado e
que tomaram posse recentemente, na Região Metropolitana de João Pessoa, vão
implantar o Empreender no Conde, em Guarabira, em Bayeux, em Santa Rita e em Cabedelo,
o que mostra que o programa serve de exemplo. Além disso, posso destacar o
despertar do lado empreendedor nas pessoas.

O programa tem mais de dez linhas de crédito. Dessas, quais as mais
participativas e as com menor procura? Quais os segmentos mais visados para
investimento? Por quê?

O programa trabalhou
inicialmente com a linha Tradicional e depois foram criadas as demais,
portanto, há mais operações nesta linha. Também destaco as linhas Cinturão
Verde, Empreender Mulher e Mercados Públicos. Nesta linha demos um grande
apoio, com financiamento de capital de giro. A linha Comerciantes Informais
também foi muito buscada. Atendemos os comerciantes que se instalaram no Centro
de Passagem, no Shopping Varadouro, além dos que estão na Feirinha de Tambaú e
no Mercado de Peixe. Também financiamos a padronização das barracas da praia de
Tambaú e Cabo Branco. A cada política pública que o Município criava, o
Empreender-JP lançava uma nova linha para poder atender a população. A linha
específica de Capital de Giro já liberou R$ 1,8milhão em 432 operações para a
Associação da Microempresa de João Pessoa. Já A linha menos procurada foi a de Tecnologia
da Informação, com a assinatura de apenas um contrato. Os segmentos mais
visados pelos empreendedores são o de vestuário, alimentação e serviço pessoal.

Quais os grandes diferenciais do Empreender-JP para os demais programas
de microcrédito encontrados atualmente no mercado? A capacitação e o
acompanhamento seriam alguns deles?

Estes são os maiores
diferenciais, junto com a realização do plano de negócios. O Empreender-JP foi
feito para o micronegócio, para estimular o lado empreendedor das pessoas. Mas
elas não serão micro para sempre. Muitos dos beneficiados já são empresários de
porte pequeno. Nossa grande virtude é que temos uma fonte permanente de recursos
que não depende de orçamento público, já que o programa recebe valores que
correspondem a 1,5% de todos os contratos assinados pela Prefeitura. O programa
é barato e não precisa de um aparato grande para operacionalização. Temos uma
equipe de 60 pessoas. À proporção que o tempo passa, o programa fica mais
seguro e com mais sustentação econômica.

Quantos empreendedores individuais já foram beneficiados com o
programa? E quantas associações e cooperativas? 

O programa já liberou 24.480
contratos. Do total, 158 foram para a linha Grupos Comunitários, abrangendo a cooperativa
Prohort, que produz alimentos agroecológicos, uma cooperativa de pescados, uma
associação de empreendedores do ramo da beleza, e uma da área de vestuário.

Em 2013, qual a previsão do Empreender para as próximas operações
(individuais e associativas)? Haverá também novas linhas de crédito?

Neste ano vamos focar no programa Território
Empreendedor. Estamos invertendo a lógica de esperar as pessoas na secretaria.
Agora estamos apresentando esta oportunidade de crédito e capacitação às pessoas
que moram em 26 comunidades de João Pessoa. Inicialmente, fizemos este trabalho
em cinco comunidades – Timbó (Bancários), Tito Silva (Miramar), Mata do
Buraquinho (Rangel), Saturnino de Brito (Cruz das Armas) e Vila Japonesa
(Jardim Treze de Maio) – e estamos mapeando quais atividades são desenvolvidas
para planejarmos uma atuação. Estas pessoas vão ser incluídas na linha
Empreender Solidário, e queremos fazer uma capacitação conjunta do empreendedor
com seus familiares, pois é importante que eles desenvolvam o lado
empreendedor, já que também ajudam na atividade. Em 2013 também vamos criar uma
linha para cultura, com formatação em parceria com a Funjope (Fundação Cultural
de João Pessoa). Também apostamos na popularização da linha de Tecnologia da
Informação e na linha do Turismo, que ainda não começou a funcionar.

Que dicas o senhor pode dar para quem quer abrir um negócio?

João Pessoa é uma cidade de serviços. Todas as pessoas que querem empreender
devem fazer análise pessoal se tem motivação ou habilidade que possam transformá-lo
em um artesão ou alguém que crie coisas para outras pessoas, como um design,
por exemplo.  Uma das coisas mais
importantes é o atendimento pessoal. Há oportunidades para cabeleireiros, manicure,
personal trainer, ou costureiros, por exemplo, porque todo mundo quer um
atendimento de qualidade e diferenciado. Mas o mais importante é criar algo,
oferecer um produto ou serviço que ainda não existe. Esta é a chave.