Entenda o porquê de a ginasta americana Simone Bales ser um exemplo poderoso de liderança
30 de julho de 2021
Uma das maiores estrelas desta edição dos Jogos Olímpicos, Simone Biles, 24, que defende os Estados Unidos na ginástica artística, não vai mais competir pelo ouro nas provas individuais que ocorreram na manhã desta quinta-feira (29). Na terça (27) ela já desistiu de participar das provas em equipe para priorizar a sua saúde mental.
Pode ser triste não poder ver uma das maiores ginastas da geração em ação, mas sua atitude é uma poderosa lição de liderança: quando não puder fazer bem, saia do caminho. Além disso, faz o mundo lembrar que atletas, além de super-humanos, também são humanos, em sua mais pura essência. Fato que todo líder precisa ter em mente, constantemente.
Após a final da equipe, Biles disse que não sentia que estava competindo por ela mesma, mas para atender à expectativa de outras pessoas. Vale lembrar que, além do compromisso com a delegação dos Estados Unidos e de ter fãs espalhados por todo o mundo, a ginasta possui patrocínios significativos. Em abril deste ano, ela deixou a Nike e passou a ser patrocinada pela marca feminina de roupas de ginástica Athleta.
“Quando eu piso no tablado, sou só eu e a minha cabeça, lidando com demônios. Tenho que fazer o que é certo para mim e me concentrar na minha saúde mental e não prejudicar minha saúde e meu bem-estar. Há vida além da ginástica”, disse.
A princípio, pode parecer uma decisão egoísta, mas o colunista da Inc. Jason Aten pondera que a pressão exercida sobre atletas de elite é algo que quase ninguém tem dimensão. “A questão é: se Biles acreditava que não era capaz de fazer o melhor, então ela fez a coisa certa. O fato de parecer tão controverso é menos uma acusação sobre a sua decisão e mais a maneira como vemos o estresse físico versus mental”, escreve o autor.
A ginástica é um dos esportes que mais cobram perfeição de seus atletas. Não há margem para muitos erros, e qualquer excesso pode resultar em lesões sérias. Isso fica claro quando Biles diz que não queria se forçar a fazer algo e se machucar. No episódio de ontem, ela errou o primeiro salto, antes de anunciar a desistência. Em sua estreia, no último dia 25/7, já estava claro que a atleta não estava em seu melhor momento – embora tenha sido classificada com a maior pontuação, deixando a brasileira Rebeca Andrade em segundo lugar no ranking geral.
Aten diz que trabalhar com certa margem é o papel de qualquer líder, mesmo que isso tenha sido ainda mais difícil nos últimos tempos. “Muitos deles estão à beira do esgotamento ou já passaram do limite. A única coisa que eles estão fazendo melhor é esconder. Isso não é uma virtude, aliás”, escreve.
Ao sair da prova em equipe, Biles disse que sabia que as outras ginastas fariam um trabalho excelente, e que sua presença poderia arriscar ainda mais a chance de medalha do grupo. “Elas trabalharam duro para isso. Fizeram todo o treinamento e podem fazer tudo perfeitamente sem mim.” A ginasta ainda pode competir nas provas individuais por aparelhos, que ocorrem a partir do próximo domingo.
O colunista da Inc. afirma que a decisão e o posicionamento de Biles é o que qualquer grande líder que se entenda como um ser humano e sem condições de executar o trabalho pode fazer para valorizar a equipe e pensar no bem coletivo.