Logística reversa traz valor econômico e ecológico para empresas
27 de maio de 2021
Embora ainda não popularizada no Brasil, a logística reversa é o conjunto de ferramentas e processos que fortalecem as medidas de responsabilidade ambiental nas empresas públicas e privadas e que também faz parte do desenvolvimento de modelos de negócio mais modernos e sustentáveis, como a economia circular.
Já inserida na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS — Lei nº 12.305/2010), a logística reversa é a etapa de gestão de produtos e suas embalagens após a sua utilização; para isso, a empresa que o produziu precisa fazer sua coleta e destinar o material para reaproveitamento através de processos de reciclagem.
Em linhas gerais, a logística reversa conduz o fluxo contrário em que os produtos partem do consumidor para o produtor. Esse movimento é capaz de gerar meios de reutilização, reaproveitamento e reciclagem (3Rs) dos produtos, recuperação de valores e de apresentar um diferencial que uma empresa exerce junto às atividades ambientais de sua marca, valorizando sua imagem corporativa junto à sociedade.
Valor agregado à marca
Além da eliminação de possíveis desperdícios na cadeia produtiva e do aperfeiçoamento de processos de ponta a ponta, a logística reversa agrega reconhecimento à marca. As empresas que atuam na diminuição dos impactos ambientais, preservação do meio ambiente e da saúde pública conquistam a força no disputado ambiente corporativo.
Uma pesquisa realizada pela IBM em parceria com a National Retail Federation (NRF) mostra que os consumidores estão dispostos a pagar até 35% a mais em produtos que tenham um propósito. O estudo realizado com consumidores de 28 países (incluindo o Brasil) mostra uma tendência do público em que o propósito da marca pode superar a conveniência da compra. Entre os entrevistados, com idade entre 18 e 73 anos, 57% afirmou estar disposta a mudar seus hábitos de consumo para colaborar com a redução do impacto ambiental no planeta.
Logística reversa e a produção limpa: benefícios para todos
Por se tratar de uma responsabilidade compartilhada, a logística reversa de uma empresa precisa estabelecer redes de coleta disponíveis ao consumidor, que, por sua vez, precisa abastecer o fluxo reverso dos produtos utilizados e suas embalagens de volta à cadeia produtiva.
Essa prática já é comum para algumas categorias de produtos com alto potencial poluente e estão discriminados na PNRS, como lâmpadas fluorescentes, baterias, pilhas, pneus, produtos eletrônicos, agrotóxicos e óleos lubrificantes e suas respectivas embalagens. Ainda assim, qualquer empresa produtiva pode estabelecer a logística reversa para seus produtos, independentemente de sua categoria de resíduos. Para isso, a gestão dos resíduos sólidos na empresa recebe uma etapa complementar.
“Os empreendimentos que já fazem a gestão de resíduos podem implementar a logística reversa sem grandes complicações, pois é possível aproveitar as próprias ferramentas e estrutura logística e produtiva para recuperar os produtos pós-consumo”, explica Guilherme Gusman, sócio da VGR, software de gestão online, especializada em tecnologias de gestão inteligente de resíduos na cadeia produtiva.
Segundo Gusman, os resíduos gerados pela empresa podem ser realocados no processo produtivo para seu reaproveitamento na fabricação de novos produtos, demandando menos matéria-prima. “O reaproveitamento dos resíduos reduz a demanda por novos insumos, diminuindo custos com a aquisição de novos recursos. Outra saída para incrementar a receita é a revenda dos resíduos recuperados para tratadores especializados ou outras empresas que necessitam do material para sua linha de produção”.
É importante que todos os procedimentos implementados na logística reversa sejam adequados às leis ambientais. A organização e o controle dos dados são imprescindíveis para a prestação de contas aos órgãos reguladores e, consequentemente, ao consumidor que cada vez mais preza pela transparência e responsabilidade das marcas que consomem.
Nesse sentido, as empresas precisam estar atentas aos conceitos de compliance e direito ambiental, trabalhando com governança, valores éticos e conformidade às auditorias internas e externas, gerando valor para a sociedade e para seu próprio negócio.