Confira tendências apontadas por dez CEOs para os negócios em 2021
18 de dezembro de 2020
Encontrar o caminho das pedras quando o assunto é conquistar objetivos nunca foi tarefa fácil. Porém, com os desafios impostos pela Covid-19, profissionais dos mais variados segmentos precisaram se adaptar ao novo cenário mundial. Alguns precisaram colocar o pé no freio, já outros, escalaram, em meses, o que estava previsto para acontecer apenas em alguns anos.
Neste contexto, o planejamento estratégico é fundamental para que empresas e profissionais possam cumprir metas. Pensando nisso, 10 CEOs de startups compartilham suas perspectivas para o próximo ano com objetivo de contribuir nas tomadas de decisões do seu negócio ou da sua carreira. Confira.
SAÚDE
Para o CEO da TopMed, Paulo Salvi, o número de atendimentos de saúde por meio digital será ainda maior em 2021. “A telessaúde não é mais uma tendência, e sim uma realidade que em 2021 certamente será ainda mais utilizada. A pandemia acelerou o uso da telemedicina que teve grande contribuição para ampliar o acesso a saúde em um contexto em que a celeridade para início dos tratamentos e o isolamento tem sido importantes para evitar os agravos e uma disseminação ainda maior da doença. Tudo isso fez com que, de uma só vez, grande parte da população tenha sido atendida sem nem mesmo sair de casa, o que modifica o comportamento de consumo dos serviços de saúde. Para o próximo ano não há dúvidas da presença da telessaúde e da telemedicina na estratégia e composição dos produtos e benefícios ofertados pelas empresas do setor. A discussão deverá ser pauta na regulamentação desses modelos de atendimento, incluindo as exigências com relação a requisitos mínimos das tecnologias utilizadas, a fim de garantir a qualidade e segurança da prestação desse tipo de serviço e privilegiar as condições adequadas da execução da atividade médica.”
Para os estudantes da medicina, a tecnologia também será um dos principais aceleradores para a evolução técnica. “Em 2020, vimos os profissionais mais dispostos a aprender e potencializar seus conhecimentos técnicos com ajuda da tecnologia. No próximo ano, os cursos de pós-graduação no formato híbrido, na qual há um composto de aulas a distância e aprendizagem presencial, terão ainda mais aderência na comunidade”, explica Ubiraci Mercês, CEO da Sanar. Dados do último levantamento do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), realizado no ano passado, confirmam o posicionamento do especialista, a pesquisa apontou que, aproximadamente, 1,7 milhão de brasileiros realizaram matrículas em cursos à distância. O Google também reafirma o crescimento no ensino a distância. Este, durante a pandemia. Nos primeiros dez dias de maio deste ano, houve um crescimento de 483% nas buscas por cursos de pós a distância em relação à média dos últimos cinco anos.
TECNOLOGIA
Davi Viana, country manager da Intuit QuickBooks, fintech americana desenvolvedora de software de gestão para pequenas empresas e escritórios contábeis, acredita que a tecnologia pode ser grande aliada na administração do próprio negócio. Hoje em dia existem ferramentas que ajudam os empreendedores a economizar tempo, dinheiro e ampliar a confiança para controlar o fluxo de caixa, a logística de entrega e distribuição de produtos e serviços.
Produtos como o QuickBooks automatizam tarefas, simplificam processos e entregam uma análise mais consultiva da saúde financeira dos empreendimentos. Isso pode ajudar a identificar problemas com antecedência e solucioná-los com menos esforços. “O empreendedor precisa antecipar tendências e oferecer boas soluções antecipadamente. O diferencial dele em tempos de Pix e Open Banking precisa ir além de uma gestão financeira eficiente e um ciclo de processamento e entrega quase que instantâneo. E a tecnologia pode assumir um papel fundamental como suporte nesse caminho para inovar e fazer a diferença”, compara Viana.
INVESTIMENTOS
Para Marcelo Wolowski, CEO da Invisto, do ponto de vista dos investimentos em venture capital, o ano de 2020 favoreceu esse setor em diversos aspectos, apesar de ter sido um ano duro para muitos mercados. Dois aspectos contribuíram muito: o primeiro é a baixa taxa de juros no mercado nacional, que torna outros tipos de investimentos pouco atrativos, e o segundo um aumento na demanda por serviços que tenham base tecnológica.
“Olhando para a Invisto, nós vivenciamos um ano de crescimento no nosso portfólio atual. Temos empresas recebendo novos e grandes rounds de investimentos, além de empresas buscando internacionalizar sua operação. De maneira geral estamos muito satisfeitos com um desempenho impecável se considerarmos o cenário do mercado nacional, onde nosso portfólio apresentou taxas de crescimento superiores a 30% se compararmos ao ano passado”, afirma.
Por isso tudo, ele acredita que 2021 será um ano de ainda mais oportunidades de crescimento, com uma taxa de juros que permanecerá inalterada, um mercado demandando inovação e tecnologia e principalmente investidores que procuram diversificação e rentabilidade, minimizando riscos. Ao mesmo tempo, diante de uma situação ainda complicada em relação a pandemia, ele diz que é preciso ter cautela para acompanhar a retomada de crescimento, e acima de tudo, manter o otimismo e seguir trabalhando e fomentando o mercado, gerando empregos, renda, fortalecendo uma economia ainda enfraquecida.
MOBILIDADE
Tomás Martins, CEO e co-fundador da Tembici, líder em tecnologia para micromobilidade na América Latina acredita em uma revolução a vir que certamente acelerará ainda mais a mudança nos hábitos de consumo e mobilidade, abrindo oportunidades em especial para pequenos e médios empresários. Ao falar especificamente sobre mobilidade urbana, o executivo destaca que a pandemia acelerou um movimento necessário, o desenvolvimento de planos para cidades inteligentes e democratização da micromobilidade.
“Ao longo do ano, testemunhamos parcerias estratégicas entre empresas, lançamentos de produtos e inovações tecnológicas na indústria de mobilidade ativa. Exemplos disso foram as novas bikes elétricas no mundo, inclusive o nosso lançamento, que é o maior da América Latina, no formato de compartilhamento e estações fixas. Falando da Tembici e do nosso papel na transformação das cidades, com o aporte que recebemos em junho, continuaremos os investimentos em melhorias dos sistemas, tecnologia, implementação de bikes elétricas, além do plano de expansão”, declara o executivo.
REDES SOCIAIS
Em 2020 tivemos a explosão do TikTok, e, com isso, o crescimento da importância da produção de vídeos nas redes sociais. Além da política e da pandemia, as mudanças na tecnologia e no comportamento do usuário também desempenham um papel nesse panorama.
Com as redes 5G também se tornando mais comuns, a demanda por vídeos vai aumentar – e com isso, as mudanças na forma de consumi-los muda. Para André Wendler, Gerente de marketing para América Latina da InVideo, plataforma que permite aos usuários criar vídeos de alta resolução para qualquer formato de mídia digital com facilidade e rapidez, existem três tendências principais para 2021: os conteúdos temporários, personalizados e as lives.
“Com as pessoas em casa devido à pandemia de Covid-19, as lives tomaram conta da internet e essa é uma moda que deve continuar. Além disso, uma outra tendência é a maior personalização do conteúdo – tanto para as empresas quanto para os usuários particulares, passando pelos influencers – para isso, inovar nos templates, ter mais atenção no conteúdo, fazer uma edição caprichada, tudo isso ajuda nessa individualização. Os conteúdos de caráter temporário como o Instagram Stories também continuam fortes e relevantes – lembrando que fazer vídeos na horizontal, para serem assistidos em celulares manterão seu valor”, afirma André.
SAÚDE EMOCIONAL
Maior plataforma de saúde emocional e desenvolvimento pessoal do País, o Zenklub viu a procura por soluções para empresas crescer mais de 1500% em 2020, fazendo o número de consultas online saltar de 5 mil para 50 mil nos primeiros dez meses do ano. O movimento mostrou que saúde emocional não é vista mais como um tabu ou um luxo, mas um pilar central da responsabilidade corporativa de empresas de sucesso.
Para Rui Brandão, cofundador e CEO da startup, o contexto atual marcado pela pandemia do coronavírus e crise econômica, reforçou a necessidade de atenção com a saúde emocional tanto das pessoas como das organizações. “Uma empresa é genuinamente feita de pessoas, mas o emocional é intangível. Essa pandemia mostrou que estar mais próximo, ter uma liderança mais humanizada e um ambiente de trabalho que gera confiança para as pessoas serem elas mesmas, é o que realmente gera o melhor colaborador e o melhor ambiente produtivo. Muitas empresas nos procuraram para que pudéssemos ajudá-las com isso e queremos oferecer ainda mais ferramentas em 2021″, destaca Brandão.
MERCADO DE SEGUROS
O avanço da digitalização gerado pelo isolamento social mudou o relacionamento entre marcas e consumidores em diferentes segmentos. Acompanhando essa tendência, o mercado de seguros avançou na aposta por inovação. Em outubro de 2020, por exemplo, a Superintendência de Seguros Privados (Susep), anunciou a lista dos selecionados para o Sandbox Regulatório, projeto que visa apoiar as iniciativas em inovação no setor e incentivar a acessibilização do seguro no país.
Para Felipe Barranco, CEO e cofundador da Flix, primeira seguradora digital do Brasil a focar na venda de seguros e assistências residenciais e uma das selecionadas para o Sandbox Regulatório da Susep, o principal foco do mercado para 2021 é compreender e acompanhar as mudanças de comportamento do consumidor durante os últimos meses, alinhando as ofertas às novas necessidades dos clientes.
“O aumento da procura por seguros residenciais aumentou com a pandemia e esse movimento mostra que as pessoas estão mais preocupadas com a sua segurança”, explica Felipe. “Nessa perspectiva, trabalhar com produtos personalizados permite aos nossos clientes entender o que se encaixa mais com as suas necessidades e montar um seguro feito especialmente para ele. Esse modelo impulsiona que o seguro seja visto como aliado aos possíveis imprevistos, ainda mais em um momento que exige a mudança da rotina para dentro de casa”, comenta.
Outra frente do mercado de seguros que precisou se reinventar em 2020 é o seguro-garantia. Também em outubro, a Câmara dos Deputados votou a favor do Projeto de Lei 4598/20, que visa a utilização do seguro-garantia em licitações para obras e serviços de engenharia, o projeto ganhou força e passou pelo Senado Federal no começo de dezembro.
Para Edson Barros, CEO e cofundador da Acoy, assessoria digital para corretores de seguros com foco em seguro-garantia, por muito tempo o seguro-garantia foi visto como algo burocrático, de difícil contratação e acessado por um número reduzido de empresas, mas com as mudanças de comportamento dos empresários com a saúde financeira do negócio e o andamento de novos projetos sobre o tema, o mercado precisa se preparar para a o aumento da demanda.
“O crescimento na intenção de contratação desse tipo de apólice é proporcional ao trabalho de cadastro, cotação e emissão de uma apólice exigido de profissionais envolvidos na operação, sejam como segurador ou corretores de seguros”, comenta Edson. “O desafio para 2021 é criar condições para uma entrega em sintonia com as expectativas dos clientes, que estão acompanhando a facilidade que a tecnologia proporciona na rotina de trabalho e isso só é possível se o mercado estiver aberto à digitalização”, diz.
EXPERIÊNCIA DO CONSUMIDOR
O ponto chave do sucesso para o crescimento e manutenção de um negócio em 2020 foi a experiência do cliente. Ao longo dos últimos meses, foi possível acompanhar o crescimento no uso de redes sociais e outros canais de comunicação com o consumidor como forma de estreitar o relacionamento com a sociedade e essa tendência segue forte para 2021.
Segundo Tiago Serrano, CEO e cofundador da SoluCX, empresa especializada em pesquisa de satisfação e NPS, o movimento já é perceptível há alguns anos, mas a obrigação da digitalização, gerada pela pandemia e isolamento social, impulsionou a abertura de novos caminhos para se pensar na experiência do cliente de uma forma omnichannel, ou seja, o cliente não quer apenas um canal de compras, ele quer escolher como e onde comprar.
“Como grande parte dos empreendedores migraram os seus negócios para o online, o consumidor passou a ter mais opções com uma facilidade e agilidade que não se tinha no presencial. Isso fez com as empresas entendessem a importância da conexão com o cliente e do valor deles para a empresa de forma geral. Acredito que, em 2021, o foco em dar a voz ao cliente será ainda maior”, explica Tiago.