Por Novos Futuros – Saúde cerebral em 2025: você está atento?
Renata Câmara fala sobre como em um mundo inundado por informações, especialistas alertam para os riscos da sobrecarga digital e a necessidade de desenvolver práticas de consciência digital
8 de janeiro de 2025
2024 se foi e muitos de seus rastros permanecem: a inteligência artificial ganhou a boca do povo, a economia brasileira arrochou os nossos bolsos e a natureza não está tendo piedade em muitos cantos do mundo. Mas só sabemos disso e muito mais porque uma avalanche de informações nos inunda diariamente através de vários dispositivos, a ponto da Universidade de Oxford cunhar a expressão do ano brainrot, que na língua inglesa significa algo como “podridão mental”.
Exagero ou não, o certo é que estamos sim sendo submetidos a um volume nunca antes visto, ouvido e lido (ou tudo isto junto e misturado), simultaneamente, o que provoca uma exaustão sem precedentes, pois o nosso cérebro não mudou tanto assim desde que o homo sapiens passou a dominar o mundo, afirmam os cientistas.
E pior: o excesso de informações a serem processadas e a pressão causada por esta corrida por dados estão relacionadas com o aumento da ansiedade que já possui índices alarmantes na nossa sociedade. Quase 10% da população brasileira sofre de ansiedade considerada patológica, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para que a nossa mente não entre no limite e possamos usufruir da riqueza que provém da abundância de conteúdos e informações que encontramos nas redes sociais, canais digitais e físicos, é preciso aprimorar práticas de consciência digital. Tanto as gerações que não são nativas digitais, mas especialmente as que já nasceram com muito estímulo de telas digitais desde a infância devem, segundo especialistas como psicólogos e neurocientistas, reduzir o consumo e saber filtrar aqueles conteúdos que convém. E aí que mora o desafio.
Reduzir, filtrar, escolher, exigem esforço. É só pensar quantas vezes você está realizando uma determinada tarefa e, mesmo focado nela, alguns minutos depois você se volta para o celular para checar se chegou alguma notificação ou dar aquela espiadinha nas postagens que chegam no feed do Instagram. A educação digital é algo que nós adultos não aprendemos na escola e, algumas delas, já começam a minimizar o prejuízo inserindo este conteúdo, assim como se fala em educação ambiental, para o trânsito, cidadania, etc.
A dependência patológica dos dispositivos digitais já tem classificação da OMS: chama-se nomofobia, que nada mais é que o medo irracional de não poder acessar as telas, o que causa irritabilidade, prejuízos ao sono e à qualidade das relações familiares e sociais. Se a pessoa tiver um transtorno mental primário, do tipo depressão ou bipolaridade, o potencial de agravamento dos sintomas é ainda maior.
Então, considerando que o ano está só começando, além de pensar em dieta, retorno à atividade física ou ajustar as finanças, outra meta que vai entrar para das mais urgentes para quem deseja equilíbrio emocional e sanidade mental será colocar em prática uma rotina para o uso consciente das telas.
O nosso tempo é escasso demais para perdermos com o consumo de informações que não vão interferir diretamente em nossas vidas. Estando de férias ou não, filtre mais o que vai ver, ouvir, assistir ou ler. Escolha, repense, dedique tempo para atividades offline. Sua mente também merece descanso.
Sobre Renata Câmara
É analista de Educação Empreendedora. Graduada em Comunicação Social, com MBA em Marketing (FGV) e Mestrado Profissional em Jornalismo (UFPB). Pós-graduanda em Desenvolvimento Sustentável e Economia Circular (PUC/RS).
Fonte: Renata Câmara