Por Novos Futuros – Circulando uma nova economia
Renata Câmara fala sobre a importância da economia circular para repensar os modelos produtivos e reduzir o impacto ambiental
17 de setembro de 2024
A Organização das Nações Unidas (ONU) já anunciou: até 2050, a população mundial tende a crescer 25% e a geração de resíduos que essa mesma população é responsável pode aumentar 70% se os atuais padrões de produção e consumo não forem alterados.
É um cenário provável que deveria estar sinalizando mudanças significativas no planejamento de qualquer empresa, governo ou instituição da sociedade civil. Até mesmo no planejamento pessoal dos cada um de nós. Isso porque, apesar da reciclagem e reutilização de materiais e produtos já serem práticas presentes em alguns setores, será preciso muito mais esforço para frear os impactos causados pelo modelo de produção que vigora há pelo menos dois séculos.
Falar sobre economia circular no Brasil é relativamente novo e exige primeiro um entendimento mais amplo do conceito, pois não se trata apenas de responsabilizar as empresas a destinarem corretamente seus resíduos, investir em energias renováveis ou adotar práticas de logística reversa. É uma nova ordem econômica que põe em cheque os modelos produtivos atuais, fazendo-os repensar toda a sua cadeia de valor, de ponta a ponta.
Muitos devem lembrar que durante a pandemia da covid, com a desaceleração abrupta das atividades econômicas, o ar ficou mais limpo, animais mais reclusos deram o ar da graça em ruas de grandes cidades, o nível de degradação dos solos e dos mares diminuiu. Um doloroso pano de fundo que acabou impulsionando novas ideias e formas de repensar os modelos produtivos lineares de desenvolvimento, produção, distribuição e descarte de produtos que, no final das contas, vão atolar aterros sanitários, quando não, rios e mares.
O adjetivo circular traz consigo um novo conceito em que cabem todas essas urgências que são a reciclagem, o reuso, o conserto ao invés da nova compra, mas principalmente o design de novos produtos e serviços que já incorporam no seu custo de produção, o que fazer após a sua utilização.
E mais: o diálogo e a colaboração cada vez mais intenso entre diferentes setores produtivos pra encontrar soluções conjuntas para problemas complexos que nenhuma empresa ou governo sozinhos darão conta.
Já existem pactos entre países como Reino Unido, EUA, Chile e Austrália, por exemplo, que decidiram criar um plano comum com metas para repensar totalmente a indústria do plástico, a mais poluidora de todas. Outros países, como a Holanda, estão na dianteira de movimentos de colaboração entre setores, visando acelerar a transição para uma economia mais circular.
O próprio ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil já lançou em 2021 uma agenda robusta envolvendo setores produtivos prioritários, governos e instituições de ensino, pesquisa e financeiras para dar um norte e um pontapé mais bem articulado na direção de novas práticas de economia circular.
A tarefa é hercúlea, mas possível. Até porque a própria sociedade está mais consciente e vem exigindo produtos e serviços cada vez mais limpos e conectados com um estilo de vida que preze pelo bem estar comunitário e do meio ambiente. A competitividade das empresas num breve futuro terá esse adjetivo “circular” como grande aliado e as novas gerações é que vão agradece e, também exigir.
Sobre Renata Câmara
Graduada em Comunicação Social, com MBA em Marketing (FGV) e Mestrado Profissional em Jornalismo (UFPB). Pós-graduanda em Desenvolvimento Sustentável e Economia Circular (PUC/RS). Atualmente, é analista de Educação Empreendedora no Sebrae Paraíba.