
Fernanda Melo: “A cachaça é parte de uma experiência gastronômica, onde a qualidade vem antes da quantidade”
Defensora da cultura da cachaça e organizadora da 4ª edição do Brasil Cachaças fala sobre a importância da bebida na cultura brasileira, os desafios enfrentados pelos produtores e as atividades programadas para celebrar e promover o consumo consciente do destilado
17 de outubro de 2024
Fernanda Melo é uma figura de destaque no universo da cachaça, reconhecida por sua profunda dedicação à valorização e preservação da cultura do destilado brasileiro. À frente da Confraria da Lapada como presidenta, ela se destaca por seu vasto conhecimento e liderança no setor. Além de ser uma respeitada palestrante, Fernanda é a organizadora de um dos maiores eventos de cachaça do país, o Brasil Cachaças, onde conecta produtores e apreciadores, fortalecendo ainda mais essa rica tradição.
Vinda de uma família com raízes profundas no setor, Fernanda é neta de Oscar de Melo, do Engenho Chã do Ingá, e filha de Carlos de Melo, um defensor da cultura do engenho. Essa herança familiar faz dela uma guardiã dessa tradição, contribuindo significativamente para manter viva a história da cachaça.
Na entrevista a seguir, ela compartilha as novidades da 4ª edição do Brasil Cachaças, como o 1º Salão do Queijo da Paraíba e o renovado Concurso de Drinks e Sobremesas. Ela também aborda o papel cultural da cachaça, os desafios enfrentados pelos produtores e as atividades programadas, incluindo workshops, apresentações culturais e ações de promoção do consumo consciente.
Confira abaixo:
O festival está na sua 4ª edição. Quais novidades os visitantes podem esperar neste ano?
Estamos super animados para esta edição. Além de todas as atrações tradicionais que os nossos visitantes adoram, como degustações e shows, este ano teremos algumas surpresas. Uma das maiores novidades é o 1º Salão do Queijo da Paraíba, onde vamos destacar a riqueza dos queijos da região. E tem também o nosso Concurso de Drinks e Sobremesas, que está de cara nova, com mais categorias e uma participação maior de chefs e bartenders. Será uma festa não só para os amantes da cachaça, mas também para os apreciadores de uma boa gastronomia.
Como será o Concurso de Drinks e Sobremesas do Brasil Cachaças 2024? E o Salão do Queijo?
O Concurso de Drinks e Sobremesas está ainda mais competitivo este ano. Ele é aberto para bartenders, chefs confeiteiros e estudantes de gastronomia, todos desafiados a criar bebidas e sobremesas que tenham a cachaça como ingrediente principal. Já o Salão do Queijo da Paraíba é uma grande novidade, onde vamos promover o trabalho dos produtores locais, celebrando a diversidade e a qualidade dos queijos paraibanos. É uma oportunidade única de harmonizar dois patrimônios gastronômicos da nossa cultura: a cachaça e o queijo.
A cachaça tem uma forte ligação com a cultura brasileira. Como o festival busca promover e valorizar essa tradição?
A cachaça é um símbolo da cultura brasileira, e aqui no festival nós fazemos questão de celebrar essa tradição em cada detalhe. Temos uma programação que vai além da degustação: incluímos rodas de conversa, oficinas e palestras que mostram a importância da cachaça na história e na economia do Brasil. Vamos promover durante o evento o lançamento do livro “Cachaça, História e Literatura”, escrito pelos professores Joana Monteleone e Maurício Ayer. O livro traz novas contribuições para entender o imaginário do destilado que é a cara do Brasil.
Além disso, trazemos artistas locais, como o Amazan e o Zé Lezin, que ajudam a reforçar essa ligação cultural com o Nordeste. Nossa missão é fazer com que as pessoas saiam daqui não só encantadas com os sabores, mas também entendendo o valor cultural dessa bebida.
O evento aborda toda a cadeia produtiva da cachaça. Como serão organizadas as atividades que tratam desde a produção até a comercialização?
Nós organizamos o festival para que todos os elos da cadeia produtiva da cachaça sejam discutidos e valorizados. A programação começa com o Seminário de Cachaças do Brasil, voltado para produtores e comerciantes, com palestras sobre inovação, mercado e cases de sucesso. Depois, temos os Encontros Nacionais de Confrarias e de Mulheres da Cachaça, que promovem discussões e trocas entre especialistas do setor. A feira de cachaças também traz produtores e distribuidores juntos, fomentando negócios e novas parcerias. É uma chance para que o público geral entenda todo o processo, desde o alambique até o copo.
Outra ativação importante que teremos no evento será a continuidade da ação que fizemos no primeiro semestre deste ano em Portugal, chamada “Brasil Cachaças – Paraíba em Portugal”. Vamos receber quatro importadores europeus e três grandes distribuidores do eixo Sul/Sudeste para imersão no universo da cachaça paraibana.
Quais são os principais desafios que os produtores de cachaça enfrentam hoje no Brasil, e de que forma o festival busca dar visibilidade a essas questões?
Os produtores enfrentam desafios como a burocracia para exportação, a falta de reconhecimento de qualidade internacional e a necessidade de modernização tecnológica nos engenhos. O festival busca dar visibilidade a esses desafios com debates e seminários focados em inovação e competitividade. Nós trazemos especialistas para discutir como superar essas barreiras e abrir novos mercados. Além disso, ao colocar o público em contato direto com os produtores, mostramos o valor artesanal e cultural da bebida.
Quais são as atividades programadas para o público, além das degustações? Teremos workshops, palestras ou apresentações culturais?
Com certeza! Além das degustações, teremos uma série de atividades para o público se envolver. Estão programadas oficinas de drinks, rodas de conversa sobre cachaça, e claro, as apresentações culturais. Vamos contar com shows de artistas como Amazan e Zé Lezin, trazendo o forró e o humor nordestino para animar a festa. Também teremos workshops práticos sobre harmonização de cachaça com comidas típicas, e palestras que vão explorar desde a história da bebida até suas possibilidades no mercado atual.
Existe alguma ação planejada no festival para promover o consumo consciente e responsável da cachaça?
Sim, isso é algo que levamos muito a sério. No festival, fazemos questão de promover o consumo consciente em todas as nossas comunicações. Teremos palestras que abordam a importância do consumo responsável e a valorização da cachaça como uma bebida para ser apreciada com moderação. Além disso, incentivamos os visitantes a entenderem a cachaça como parte de uma experiência gastronômica, onde a qualidade vem antes da quantidade.
Algo mais a acrescentar?
Ah, só quero reforçar o convite para que todos venham celebrar com a gente! O Brasil Cachaças 2024 vai muito além de um evento gastronômico — é uma celebração da nossa cultura, da nossa história e dos nossos sabores. Esperamos que o público se sinta inspirado e encantado com a diversidade e a riqueza da cachaça e de tudo o que ela representa para o Brasil. Vai ser imperdível!
Fonte: Redação