Economia Criativa: Rota Vale dos Dinossauros integra cultura, história e natureza promovendo turismo sustentável
Regina Amorim detalha como o turismo criativo e colaborativo pode impulsionar o desenvolvimento territorial, focando na Rota Vale dos Dinossauros como exemplo
16 de setembro de 2024
Atuar em rotas e roteiros turísticos criativos e colaborativos é ter foco no desenvolvimento territorial, com a participação da iniciativa privada, dos pequenos produtores rurais, dos atores culturais e dos governos, para garantir as políticas do turismo.
Em qualquer território, o turismo quando bem planejado, gera impacto positivo nas comunidades, com a necessária busca pela sustentabilidade ambiental, econômica, cultural e social.
A Rota Vale dos Dinossauros que compreende os municípios paraibanos de Sousa, Poço de José de Moura e Joca Claudino, traz na sua essência a experiência dos atores culturais e das empresas, que se conectam em redes locais e regionais e potencializam as principais características autênticas desses municípios, além dos vínculos históricos que geram pertencimento.
Para a formatação de roteiros turísticos, as relações de reciprocidade e colaboração entre pessoas, instituições, mercado, governos e iniciativa privada são fatores essenciais que fortalecem a governança regional e qualificam a gestão do turismo. Suas políticas precisam ser construídas juntamente com os protagonistas interessados em colaborar com a identidade territorial local.
A arte em si tem um forte impacto emocional para as experiências dos visitantes de um destino turístico, proporcionando a reflexão sobre o valor cultural, das diferenças de diversidade humana e das expressões culturais autênticas.
O município de Poço de José de Moura é considerado a “Terra da Cultura”, pelo seu valor cultural e sua governança local. Visitar a Associação Cultural Pisada do Sertão, permite aos turistas refletirem e compreenderem o quanto a economia da cultura influencia o modo como pensamos sobre os outros e aprendemos com os outros. É uma experiência cultural criativa, que envolve emoções e sentimentos, através da relação com a arte e os saberes culturais. O valor da arte e da cultura gera experiência afetiva, engajamento criativo e reflexões que dão sentido à vida.
A história de Poço de José de Moura é contada a partir do marco zero, debaixo de uma árvore nativa, o juazeiro. No local, que já foi por muitos anos a cacimba do gado, os turistas são recebidos por vaqueiros e um aboiador, que transforma essa história em versos de aboio e emociona os turistas.
A visita ao Memorial Zé de Moura é outra experiência cujos visitantes são recebidos pelo Reisado Cultural, um grupo familiar tradicional com mais de cem anos de existência, que tem pertencimento de geração a geração e acolhe tão bem os turistas. Reisado Zé de Moura desempenha um papel significativo, pois representa os valores e crenças de um território e tem importância econômica para o turismo criativo e colaborativo.
Outra riqueza cultural são os Caboclos da Tropa do município de Joca Claudino. Grupo de jovens que representam a cultura popular paraibana, se vestem com roupas coloridas e máscara que cobre a cabeça, deixando-os irreconhecíveis. A dança e a coreografia dos Caboclos têm um sapateado animado, cuja pisada do pé ao tocar no chão, marca o entusiasmo e ajuda a compor a percussão.
O município de Sousa é o destino âncora da Rota Vale dos Dinossauros, pois possui uma infraestrutura turística bem desenvolvida e em expansão. A Unidade de Conservação Vale dos Dinossauros representa o maior número de pegadas de dinossauros, que viveram há 110 milhões de anos, portanto, uma das experiências mais inusitadas do interior da Paraíba.
O açude São Gonçalo também é destaque para a economia local, baseada na cultura irrigável de banana e coco. Em experimentação o cultivo de uvas para a produção de vinhos especiais, na Vinícola Chateau HS.
A gastronomia enriquece a experiência da Rota, nos restaurantes “O Mirante” e “O Catete”, conhecido pelo seu prato principal o peixe Tucunaré, ambos no Distrito de São Gonçalo. A Palhoça Bistrô nos surpreende com um excelente cardápio e uma boa adega de vinhos.
No território criativo, o planejamento do turismo é um dos caminhos para o desenvolvimento sustentável. A elaboração de políticas de turismo, através da colaboração da comunidade, proporciona desenvolvimento e melhores condições de vida para os habitantes e para a satisfação dos turistas que visitam o território.
Sobre Regina Amorim
É gestora de Turismo e Economia Criativa do Sebrae/PB. Formada em Economia pela UFPB, 1980, com Especialização em Gestão e Marketing do Turismo pela UNB – Universidade de Brasília e com Mestrado em Visão Territorial para o Desenvolvimento Sustentável, pela Universidade de Valência – Espanha e Universidade Corporativa SEBRAE.
Fonte: Regina Amorim