Por Novos Futuros: um imperativo chamado impacto social
Renata Câmara argumenta que a sustentabilidade e os negócios de impacto social estão se tornando fundamentais para o capitalismo moderno, com as favelas desempenhando um papel importante na promoção desses novos negócios
25 de abril de 2024
Por muito tempo, empresas de todos os portes trataram – e muitas ainda tratam – as questões sociais dissociadas do seu modelo de negócio. Empresas existem para gerar lucro: essa é a premissa básica e predominante desde que o mundo dos negócios surgiu. Mas a reconciliação entre o econômico e o social já é uma realidade inegável e isso vai muito além de campanhas de responsabilidade social.
Quando o termo sustentabilidade começou a circular de forma mais ampla na sociedade, o viés ambiental se destacou como ponto de maior atenção, devido aos impactos que o volume de lixo industrial e doméstico causam no meio ambiente, a poluição continuada de rios e mares, o uso indiscriminado de sacolas e utensílios plásticos, só para citar alguns exemplos.
Mas sustentabilidade é um conceito muito mais amplo, ancorado num tripé que integra o pilar ambiental, o social e o econômico. Governos e empresas foram se apropriando deste conceito em sua totalidade de forma muito lenta, mas agora parece que todos decidiram colocar o pé no acelerador e fazer a sua parte. Seja por força dos extremos climáticos, dos índices gritantes de pobreza e vulnerabilidade social, dos impactos desastrosos no meio ambiente ou por todos estes fatores juntos.
Os negócios de impacto social surgem para conciliar resultados financeiros com impactos positivos socioambientais e muitos modelos de negócios deste tipo estão atraindo novos empreendedores que são impulsionados por propósitos mais nobres que os motivem a investir e perseguir lucratividade em suas empresas.
Uma das molas propulsoras de novos negócios de impacto social tem sido as favelas. Num país como o Brasil, com uma população de cerca de 210 milhões de habitantes, cerca de 13 milhões moram em favelas, sendo 45% delas compostas por jovens entre 16 e 34 anos e com quase 50% destas famílias chefiadas por mulheres.
A força destas comunidades e do seu potencial de consumo é tão relevante que foi criada a organização sem fins lucrativos G10, um bloco de líderes e empreendedores de impacto social das favelas, assim os países ricos (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) fundaram o G-7.
A ideia do G-10, é inspirar o Brasil inteiro a olhar para a favela, tornando as comunidades grandes polos de negócios, atrativo para investimentos, de forma a “transformar a exclusão em startups e Empreendimentos de Impacto Social”. Um ponto importante para os organizadores da iniciativa é deixar claro que o objetivo não é arrecadar doações ou patrocínio, mas investimentos que gerem tanto retorno ao investidor quanto o desenvolvimento econômico das comunidades.
Seja nascendo de dentro das favelas ou fora delas, os negócios de impacto social serão a cara de uma nova era do capitalismo, onde ganhar dinheiro e mudar o mundo de alguma maneira para melhor serão objetivos comuns.
Sobre Renata Câmara
Graduada em Comunicação Social, com MBA em Marketing (FGV) e Mestrado Profissional em Jornalismo (UFPB). Pós-graduanda em Desenvolvimento Sustentável e Economia Circular (PUC/RS). Atualmente, é analista de Educação Empreendedora no Sebrae Paraíba.