Amigo secreto de fim de ano: 14% participam apenas para não parecer antissociais
Mesmo com queda na participação, a dinâmica segue como tradição
22 de dezembro de 2025
Nem todo mundo entra no clima do amigo secreto com empolgação. Para alguns, a brincadeira de fim de ano é sinônimo de diversão e afeto; para outros, de constrangimento e etiqueta social. Segundo a pesquisa “Participação em Amigo Secreto de Fim de Ano — 2025”, realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, 14% dos brasileiros afirmam participar da troca de presentes apenas para não parecer antissociais.
O dado revela o peso cultural da tradição: mesmo quem não gosta do evento sente-se pressionado a participar, seja no trabalho, entre amigos ou em reuniões familiares. No total, 36% dos consumidores pretendem participar de algum amigo secreto neste fim de ano, o que representa 60,1 milhões de pessoas, cerca de 10 milhões a menos do que em 2023.
Amado por uns, tolerado por outros
Apesar da queda, o amigo secreto segue como uma das tradições mais populares do período. 53% dos entrevistados dizem gostar da brincadeira, e 39% a consideram uma boa forma de presentear gastando menos. Já entre os que optam por não participar, 45% afirmam simplesmente não gostar, 35% dizem que não há costume no grupo e 23% apontam a falta de dinheiro como principal motivo.
Esse retrato mostra que, mais do que um evento de consumo, o amigo secreto é um ritual social, que desperta tanto empatia quanto resistência. Para muitos, ele representa a oportunidade de reunir pessoas e reforçar vínculos. Para outros, um teste de paciência e diplomacia.
O levantamento indica que boa parte dos participantes não o faz por espontaneidade, mas por pressão social. O receio de ser visto como “sem espírito natalino” ou “mal-humorado” leva 14% dos consumidores a aceitarem o convite mesmo sem vontade.
Em ambientes de trabalho, essa dinâmica é ainda mais comum. A brincadeira, originalmente pensada para promover integração, pode acabar gerando obrigação social e ansiedade, especialmente quando há desconhecimento entre os participantes ou restrição financeira.
O amigo secreto é também um espelho da vida em grupo. Ele revela afinidades, personalidades e até tensões. Há quem encare como diversão, há quem tema tirar o chefe ou aquele parente distante, e há quem gaste mais do que gostaria para não parecer “mão de vaca”.
Ainda assim, a tradição resiste e se reinventa. Com a popularização dos sorteios online e listas digitais, o formato tem se tornado mais prático, reduzindo a burocracia e aumentando a previsibilidade dos presentes.
Brincadeira que movimenta bilhões
Mesmo com a redução na participação, o amigo secreto ainda movimenta uma fatia importante da economia. O gasto médio por presente será de R$ 72, e, com 1,6 eventos por pessoa, a brincadeira deve injetar cerca de R$ 6,7 bilhões no comércio.
A maioria dos participantes (69%) fará o amigo secreto em família, seguida por 35% com amigos e 28% entre colegas de trabalho, reforçando o papel da tradição como ritual de confraternização e consumo coletivo.
Entre o constrangimento e a diversão, o amigo secreto segue firme como símbolo do fim de ano brasileiro. Para uns, é motivo de risadas; para outros, de leve estresse. Mas, goste-se ou não, o fato é que a brincadeira continua sendo um dos gestos mais democráticos e afetivos do Natal, mesmo quando o presente é um sabonete, e o sorriso é só de educação.
Fonte: CNDL