Mesmo em um cenário de moderação econômica e atenção aos preços, o Natal continua sendo o grande motor do varejo brasileiro. Tradicionalmente marcado pelo espírito de confraternização e pelo hábito de presentear, o fim de ano de 2025 promete aquecer as vendas e manter o ritmo positivo observado nos últimos anos.
De acordo com a pesquisa “Intenção de Compras para o Natal 2025”, realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, 76% dos consumidores brasileiros pretendem comprar presentes neste Natal, o equivalente a 124,3 milhões de pessoas.
Embora o índice represente uma queda de 5 pontos percentuais em relação a 2023, quando 81% manifestaram intenção de compra, o volume total ainda é expressivo e confirma a força da data como a mais importante do calendário do varejo.
Consumo expressivo e ticket médio em alta
A pesquisa mostra que, em média, os consumidores pretendem comprar quatro presentes neste fim de ano, número que sobe para cinco entre as classes A/B. O ticket médio previsto é de R$ 174 por item, R$ 37 a mais que em 2023, o que indica um aumento real nos gastos individuais e reforça o impacto econômico da data.
Com esse desempenho, o Natal 2025 deve movimentar aproximadamente R$ 84,9 bilhões na economia, consolidando-se como o principal período de faturamento para o comércio, especialmente para os setores de moda, beleza, calçados e brinquedos.
Os filhos lideram a lista dos mais presenteados neste Natal (58%), seguidos pela mãe (46%), cônjuge (40%), pai (23%) e irmãos (23%). Quando o assunto é valor, 28% dos consumidores afirmam que o presente mais caro será destinado aos filhos, reforçando o caráter emocional e familiar das compras natalinas.
Entre os produtos mais procurados, as roupas aparecem no topo da lista (52%), seguidas por perfumes e cosméticos (36%), calçados (30%), brinquedos (30%) e acessórios (22%). Mas há também uma tendência em expansão: 43% dos consumidores planejam substituir presentes materiais por experiências, como viagens, jantares e passeios, um reflexo da busca por momentos de convivência e memória afetiva.
Consumo planejado, mas dependente do crédito
Embora a maioria dos brasileiros planeje compras à vista (79%), especialmente via PIX (54%) e cartão de débito (28%), o crédito ainda tem papel relevante: 48% pretendem parcelar pelo menos parte das compras, principalmente no cartão de crédito (39%).
O dado mais revelador é que 39% dos consumidores afirmam que, sem crédito, comprariam bem menos presentes, um sinal de que o parcelamento segue sendo o motor das vendas natalinas e um aliado do varejo na conversão de consumo.
O brasileiro está cada vez mais atento ao valor do presente e à jornada de compra. 82% dos entrevistados afirmam que farão pesquisa de preços antes de comprar, sendo que 87% utilizarão a internet como principal ferramenta de comparação. As lojas internacionais (69%), buscadores (52%) e marketplaces (52%) lideram as consultas, mas o comércio físico mantém força: 75% dos consumidores ainda pretendem comprar presencialmente, principalmente em lojas de departamento (36%) e shopping centers (31%).
Um Natal de otimismo cauteloso
Mesmo com a percepção de que os preços estão mais altos (59% acreditam que os presentes custarão mais do que em 2024), o desejo de celebrar e presentear permanece sólido. O comportamento revela um consumidor mais seletivo e consciente, que busca equilibrar emoção e racionalidade na hora da compra.
O Natal 2025 promete ser, novamente, o termômetro do consumo brasileiro, misturando tradição, digitalização e novas formas de celebrar. E, para o varejo, representa a oportunidade de encerrar o ano com vendas aquecidas, confiança em alta e um mercado mais conectado ao que realmente importa: o valor das relações.