Caciques Potiguaras e Tabajaras realizam toré histórico no FliParaíba após 440 anos de separação
Ritual indígena reunirá 34 caciques no Centro Cultural São Francisco em evento que marca reaproximação das etnias após processo de colonização portuguesa
25 de novembro de 2025
Povos originários, os caciques Potiguaras e Tabajaras realizarão um toré indígena no sábado (29), às 20h, no Palco Principal (Adro), dentro da programação do Festival Literário Internacional da Paraíba – FliParaíba 2025, que ocorre entre os dias 27 e 29 de novembro, no Centro Cultural São Francisco, em João Pessoa. O festival é uma realização do Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-PB), em parceria com a Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), Fundação Espaço Cultural (Funesc), Associação Portugal Brasil 200 anos (APBRA) e Centro Cultural São Francisco.
O ritual Toré é uma manifestação cultural tradicional que une rito, danças circulares, tudo ao som de tambores, maracás e flautas.
Da etnia Potiguara, 30 caciques participarão do toré: Sandro Gomes Barbosa (cacique-geral do Povo Potiguara e cacique interino das aldeias: Mata Escura, Silva de Belém, Taepe e Três Rios). Com Francinaldo Ferreira Candido de Oliveira (Aldeia Akajutibiró), Clóvis Santana dos Santos (Aldeia Alto do Tambá), Antônio Amorim de Araújo (Aldeia Benfica), Anselmo Bento de Azevedo (Aldeia Bento), Pedro Grizol Cinésio da Silva (Aldeia Brejinho), Francisco de Assis Batista dos Santos (Aldeia Caeira), Ismael dos Santos Alfredo (Aldeia Camurupim), Sandro Gonçalves da Cruz (Aldeia Cândidos), Antônio Bezerra da Silva (Aldeia Carneira), Sandro Soares da Silva (Aldeia Coqueirinho), Heleno Roberto da Silva (Aldeia Cumaru), Pedro Cruz da Silva (Aldeia Estiva Velha) e Antônio Pessoa Gomes (Aldeia Forte).
Além dos caciques Valter Américo da Silva (Aldeia Gripiuna), Edilson Barbosa de Lima (Aldeia Jacaré de César), José Carlos da Cruz Pereira (Aldeia Jacaré de São Domingos), Aníbal Cordeiro Campos (Aldeia Jaraguá), Marcus Izaias da Silva (Aldeia Lagoa do Mato), João Francisco de Souza (Aldeia Lagoa Grande), Antônio Lourenço (Aldeia Laranjeira), Claudecir da Silva Braz (Aldeia Monte Mor), Genival Ciriaco da Silva (Aldeia Santa Rita), Esdres Gomes Ciríaco (Aldeia São Francisco), Pedro Thiago Rodrigues (Aldeia São Miguel), Pedro Francisco dos Santos (Aldeia Silva da Estrela), José André da Silva (Aldeia Tracoeira), Elias Gerônimo de Lima (Aldeia Tramataia), Flávio Bento Cândido (Aldeia Val) e Luiz Silva Nascimento (Aldeia Ybykuara).
Já da etnia Tabajara, os caciques Carlos Batista de Sousa (Aldeia Gramame), Paulo dos Santos Maciel (Aldeia Nova Conquista), Josoaldo da Silva Bernardo (Aldeia Severo Bernardo) e Ednaldo dos Santos Silva (Aldeia Vitória), estarão presentes no encontro.
A realização do encontro com caciques tupis Potiguaras e Tabajaras se configura em um momento histórico significativo para as etnias, após o processo complexo de separação das nações originárias, que envolveu tanto as dinâmicas internas dos próprios povos indígenas, quanto a manipulação e a pressão exercida pelos colonizadores portugueses para estabelecer seu domínio na região nordeste, em 1585.
Saiba mais
Potiguaras e Tabajaras pertenciam e ainda pertencem ao tronco Tupi, mas eram grupos distintos e já tinham inimizades e conflitos territoriais antes da chegada dos colonizadores europeus. A dinâmica de colonização portuguesa na Paraíba (que inicialmente fazia parte da Capitania de Itamaracá) envolveu a exploração das rivalidades indígenas. Os portugueses procuraram fazer alianças estratégicas com os chefes Tabajaras, que ocupavam o litoral sul, para garantir a ocupação do território e combater os Potiguaras. Enquanto os Tabajaras se aliaram aos portugueses (chegando à Paraíba em fevereiro de 1585 e estabelecendo aldeias como Alhandra e Taquara), parte dos Potiguaras resistiu à colonização.
Essa resistência resultou em conflitos diretos, onde os Potiguaras que não aceitaram as alianças foram combatidos e, em alguns casos, dizimados pelas forças conjuntas de portugueses e Tabajaras. A aliança permitiu aos portugueses consolidar o controle sobre a área, e a subsequente organização territorial segregou os grupos. Os Potiguaras foram, em grande parte, empurrados para o litoral norte (região da Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto), enquanto os Tabajaras se fixaram no litoral sul.
A programação completa do Festival Literário Internacional da Paraíba – FliParaíba 2025, pode ser acessada no site.
Fonte: Secom PB