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Foto: Secom PB

Mostra Una traz espetáculos de dança para o palco do Santa Roza neste sábado e domingo

Evento gratuito neste fim de semana reúne oito solos de dança com temas como saúde mental, ancestralidade e migração

12 de novembro de 2025

A Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) abre neste sábado (15), no Theatro Santa Roza, a Mostra Una – Solos em Processos Criativos. A ação é gratuita e vai até o domingo (16).

O evento tem início às 18h do sábado, com apresentação do artista Rafael Sabino, que apresenta o espetáculo ‘Dançando na Escuridão’. Em seguida, Jéssica Lana traz para o público seu espetáculo ‘Não tenho nada para mostrar hoje’, com classificação indicativa de 10 anos. Érick Breno entra em cena logo após, com ‘Soando Bem aos Ouvidos’. Fecha a primeira noite de Mostra a dançarina Joyce Barbosa, com seu solo ‘Nome-Do-Pai’.

No domingo, quem abre a noite é Jack Keysy, com ‘Maria Fumaça’. Depois, a artista Elis Xavier apresenta ‘Ainda é Cedo’, seguida de Jaguar, com o solo ‘Corpo Sonoro’. A última apresentação do domingo é de Valéria Vicente, que performará o espetáculo ‘Na esteira’.

Ao fim das apresentações, durante os dois dias de programação, o público poderá participar de uma roda de conversa com a presença dos artistas, que foram selecionados através de edital. A classificação indicativa é de 16 anos.

Sinopses:

Dançando na Escuridão (Rafael Sabino) – Solo de dança contemporânea que investiga artisticamente a experiência subjetiva da depressão. A proposta vai além de representar a tristeza; busca corporificar a complexidade do transtorno: o peso físico, a letargia, a ansiedade, a dissociação, os ciclos de apatia e dor aguda, e os raros lampejos de espera ou alívio. O título, uma referência ao filme de Lars von Trier, sugere a paradoxal ideia de encontrar um movimento, uma pulsão de vida, mesmo dentro do vazio mais profundo. O objetivo é criar um retrato íntimo, cru e não romantizado da doença, transformando a angústia em matéria prima coreográfica para gerar identificação, reflexão e reduzir o estigma em torno da saúde mental.

Não tenho Nada pra Mostrar Hoje (Jéssica Lana) – Uma (não)performance que tenta persistir na inexistência, na desconexão. Nessa busca pela materialidade da experimentação, como sair da imobilidade para dançar? Não sei, não tenho, não; Quem sabe, afundar cada vez mais e mais, até afogar na inércia e vazio. Esta é uma performance que não existe. Se você quiser assistir alguma coisa não precisa nem ver, mas se estiver sem nada para fazer, então talvez aqui seja um bom lugar. Afinal não temos nada mesmo. Não é exagero, não há nada por aqui.

Soando Bem aos Ouvidos (Érick Breno) – Explora a relação entre a migração forçada e a realidade do artista que vive da cena. Inspirado nos conflitos no Oriente Médio e na situação das crianças em Gaza, o artista Erik Breno busca questionar a humanidade e a indiferença diante dos gritos de socorro. A obra é resultado de um processo de pesquisa que inclui experimentos migratórios, oficinas de dança e colaborações artísticas, visando criar uma experiência sensorial e reflexiva sobre a liberdade e a sobrevivência em contextos de opressão.

Maria Fumaça (Joyce Barbosa) – Trabalho coreográfico que investiga a linha do tempo territorial do bairro Estação Velha, em Campina Grande, a partir da ascensão econômica da cidade impulsionada pela exportação do algodão e de sua posterior decadência. A obra atravessa a memória das pessoas que habitaram as redondezas do expresso ferroviário, evidenciando o processo de abandono e o aumento da criminalidade em um bairro que, em outras épocas, foi espaço de encontros e de relevante importância para o crescimento da cidade. A narrativa é construída a partir de duas versões de O Trenzinho do Caipira, conectando memória, história e experiência. Elementos técnicos das Danças Urbanas, como Breaking, House Dance e Waacking, são incorporados, estabelecendo um diálogo entre tradição sonora e a expressão corporal contemporânea.

Ainda é Cedo (Elis Xavier) – O solo nasce de uma necessidade de elaborar artisticamente vivências atravessadas pela saúde mental. Nesse caminho, a automutilação aparece como memória forte do corpo da atriz, que se interessa por investigar como expressar a densidade dessas experiências quanto a abertura para o respiro e o afeto. As principais referências que orientam esse percurso são as experiências de memória corporal em estados-limite, como a falta de ar, o torpor, a repetição e o esvaziamento, além de práticas de improvisação e composição coreográfica.

Corpo Sonoro (Jaguar) – Investiga o movimento a partir da escuta das frequências sonoras que atravessam o corpo. Parte da compreensão de que toda vibração — som, silêncio ou respiração — reverbera como um campo sensível e em constante transformação. A pesquisa aprofunda-se na forma como essas frequências despertam ativações energéticas, instaurando estados corporais e sensoriais que mobilizam o gesto e geram presenças. O vocabulário coreográfico emerge de microvibrações, pausas e pulsação, privilegiando a escuta e a relação íntima entre corpo, som e paisagem interior. Visualmente, o solo adota simplicidade radical: espaço limpo, luz baixa e elementos naturais (pedras, folhas, água) que se tornam extensões do corpo. A sonoridade — gravações do sertão, ruídos cotidianos, vozes e frequências graves e agudas — atua como força dramatúrgica, criando uma dança que não se impõe, mas ressoa.

Na Esteira (Valéria Vicente) – O espaço largo entre os seios da artista afirma a descendência indígena silenciada e ocultada pela família ao longo do século XX. Mas o que fazer com essa compreensão, diante de tantas contradições de viver no Brasil do século XXI? A esteira de pipiri é anteparo e portal para acessar a terra e conversar com ela. Neste sentido, Valéria se propõe investigar como ativar uma ancestralidade e ser movida por ela. Articula uma abordagem nomeada Frequências Somáticas para acessar esse saber que acredito estar no corpo e por ele ser movida.

Fonte: Secom PB