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Foto: Divulgação

Parcelamento de Pix: risco à vista no aumento do endividamento familiar brasileiro?

Com endividamento familiar em 78,2%, modalidade pode criar ilusão de liquidez e comprometer orçamento doméstico

27 de outubro de 2025

Com o endividamento das famílias brasileiras alcançando 78,2% em maio de 2025, conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), surge um alerta sobre a proliferação do parcelamento via Pix como nova via para comprometer o orçamento doméstico.

Embora o parcelamento possa parecer uma alternativa prática para quem precisa equilibrar as finanças, especialistas recomendam cautela. O professor Alisson Batista, do curso de Ciências Contábeis da Estácio, destaca que qualquer forma de parcelamento, inclusive via Pix, exige atenção para evitar que a dívida se transforme em armadilha financeira.

“Avaliar se as receitas serão suficientes para liquidar todas as pendências financeiras é essencial. Caso se possua o recurso para pagamento à vista, é interessante pleitear um desconto”, diz o professor Alisson Batista.

Batista frisa que os cuidados são semelhantes aos de compras com cartão de crédito ou crediário. “Caso a pessoa não tenha certeza de que o recurso ficará disponível para pagar o Pix parcelado, ela não deve contratar. Os riscos são os mesmos de ficar inadimplente com o cartão de crédito ou cheque especial, podendo incorrer em juros altos e outras restrições financeiras”, reforça.

Franz Petrucelli, professor de Administração da Wyden, também recomenda cautela para quem deseja utilizar a modalidade. Segundo o professor, a falsa percepção pode levar a uma série de problemas financeiros, pois o serviço de parcelamento via Pix não é gratuito e funciona de forma semelhante a um empréstimo pessoal ou um financiamento. “O principal risco para quem acredita que o Pix parcelado não cobra juros é o endividamento. As empresas que oferecem essa modalidade de pagamento, como as fintechs, atuam como intermediárias. Elas pagam o valor total da sua compra ao lojista, e você, em troca, se compromete

a pagar as parcelas para essa empresa. E é nesse processo que os juros e taxas são aplicados. O endividamento ocorre quando você assume dívidas que não consegue mais pagar”, diz o contador e mestre em administração.

Dados que reforçam o cenário

· Segundo a PEIC, 78,2% das famílias brasileiras estavam endividadas em maio de 2025, contra 77,6% em abril.

· A mesma pesquisa aponta que o percentual de famílias com dívidas em atraso subiu para 29,5% em maio, e em abril era 29,1%.

· O comprometimento da renda também preocupa: embora em alguns casos tenha havido leve melhora, ainda há famílias que destinam mais da metade dos rendimentos para pagar dívidas.

· O número médio de brasileiros com nome negativado ultrapassou 70 milhões em 2025, equivalente a cerca de 42% da população adulta. Para parte desses, o custo do crédito (juros, multas) torna o pagamento mínimo difícil.

Riscos do parcelamento via Pix para famílias endividadas segundo Franz Petrucelli:

· O Pix parcelado pode criar ilusões de liquidez: embora facilite o acesso imediato à compra, se não for planejado, pode gerar parcelas futuras que a renda não suporta.

· O parcelamento pode trazer encargos e juros implícitos ou explícitos, multas em caso de atraso, além de possíveis impactos no nome do consumidor.

· A frequência de parcelas pode levar ao acúmulo de dívidas de curto prazo que exigem desembolsos frequentes, reduzindo a capacidade de poupança e aumentando a vulnerabilidade em contextos de despesa inesperada ou queda de renda.

· Para quem usa o Pix parcelado sem entender a cobrança de juros, o risco é maior por vários motivos:

· Falta de planejamento: A pessoa pode fazer compras por impulso, sem calcular o valor total que será pago. Acreditando que não há juros, ela pode assumir várias parcelas ao mesmo tempo, comprometendo uma grande parte da sua renda mensal.

· Juros altos: Os juros do Pix parcelado podem ser mais altos do que os do cartão de crédito ou outras modalidades de financiamento. Se a pessoa não

comparar as taxas e não ler o contrato, pode acabar pagando muito mais do que o valor original da compra, tornando a dívida difícil de ser quitada.

· Atraso no pagamento: Se o pagamento de uma das parcelas atrasar, as empresas podem cobrar multas e juros adicionais. Esses valores se acumulam rapidamente, aumentando a dívida de forma exponencial e dificultando ainda mais o pagamento.

· Dificuldade em visualizar a dívida: O formato “pague em 3x com Pix” pode dar a impressão de ser uma transação simples. No entanto, o valor total da dívida pode ser muito maior do que o inicialmente imaginado, levando a pessoa a se surpreender com o montante final e a ter dificuldades para arcar com as parcelas.

Dicas do professor Alisson para quem considera usar Pix parcelado

1. Verificar se toda a renda mensal será capaz não só de pagar as parcelas, mas também de manter os compromissos básicos (moradia, alimentação, etc.).

2. Conferir as datas de débito parcelado para evitar cruzamentos de vencimentos ou sobrecarga em um único período do mês.

3. Sempre que possível, tentar negociação para pagamento à vista com desconto, em vez de parcelar.

4. Comparar o custo total do parcelamento com outras formas de crédito, pois às vezes um carnê, uma compra à vista com desconto ou outra modalidade pode sair mais barato.

5. Evitar o parcelamento caso não haja certeza de recursos suficientes, pois os riscos se assemelham aos do cartão de crédito ou do cheque especial.

Fonte: Assessoria