
Pequenos negócios puxam freio nas contratações para o fim de ano, diz levantamento
Pesquisa da CNDL e SPC Brasil mostra que empresas com até quatro funcionários são as que menos pretendem reforçar as equipes em 2025
17 de outubro de 2025
O fim de ano costuma ser sinônimo de mais movimento no comércio e serviços. Mas em 2025, a pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, revela um cenário de cautela: 59% das empresas afirmam que não contratarão novos colaboradores para atender à demanda do período, sendo que a maior resistência vem justamente dos pequenos negócios, com até quatro funcionários.
Enquanto empresas de maior porte demonstram disposição para ampliar equipes, os micro e pequenos empreendedores estão mais retraídos. Entre os que têm até quatro colaboradores, 65% afirmam que não contratarão neste fim de ano. Já entre as empresas com dez ou mais funcionários, o cenário é inverso: mais da metade (56%) pretende abrir vagas.
Esse comportamento reflete a realidade financeira dos pequenos negócios, que ainda sentem os efeitos da instabilidade econômica, da alta rotatividade de funcionários e da pressão de custos fixos.
Fim de ano deve gerar 118 mil vagas no Brasil
Apesar da cautela dos pequenos, a pesquisa estima que o mercado de comércio e serviços criará aproximadamente 118 mil vagas em todo o país para o fim de 2025, incluindo contratações temporárias, efetivas, informais e terceirizadas. O número é quase 8 mil a mais que no mesmo período de 2024.
No entanto, a concentração das oportunidades está nas empresas médias e maiores, que conseguem se estruturar melhor para absorver a demanda típica de datas como Black Friday e Natal.
Motivos para não contratar
Entre os empresários que não abrirão novas vagas, os principais motivos apontados são:
- 41% não acreditam em aumento de movimento suficiente para justificar reforço no quadro;
- 32% citam a instabilidade da economia, um salto de 20 pontos percentuais em relação a 2024;
- 19% afirmam não ter verba disponível;
- 12% consideram os encargos trabalhistas muito altos.
Esses dados evidenciam como o ambiente econômico e a carga tributária pesam mais sobre os pequenos, reduzindo sua capacidade de investir em mão de obra mesmo em períodos de alta demanda.
O comércio varejista segue sendo o segmento que mais contrata no fim de ano, especialmente em funções como vendedor (31%), recepcionista (11%), balconista e ajudante (6% cada). Ainda assim, parte dos microempreendedores individuais (MEIs) e pequenos lojistas tem optado por manter equipes reduzidas, apostando em horas extras ou maior produtividade dos colaboradores já contratados.
Embora as contratações de fim de ano sigam firmes, o movimento é desigual: os pequenos negócios puxam o freio, enquanto empresas maiores sustentam a geração de vagas. Para o varejo, esse dado é um alerta sobre a importância de políticas de estímulo e condições mais favoráveis para que micro e pequenos empreendedores consigam aproveitar melhor o aquecimento do consumo no segundo semestre.
Fonte: CNDL