
Economia Criativa: Cachaça paraibana é reconhecida como patrimônio cultural e impulsiona economia criativa no estado
Paraíba tem maior número de produtores de cachaça de alambique do Nordeste, Regina Amorim fala sobre como programas estaduais investem R$ 5 milhões em modernização e turismo nos engenhos
13 de outubro de 2025
O Dia Nacional da Cachaça, 13 de setembro, de fato é um momento para celebrar e refletir sobre essa bebida destilada, genuinamente brasileira, que tem construído um ecossistema de pessoas confiáveis, criativas e colaborativas. Como exemplo cito a Academia Paraibana da Cachaça, uma rede de produtores de cachaça de alambique, de profissionais, especialistas e apreciadores da boa cachaça, que estão sempre trocando ideias, inovando e desenvolvendo estudos sobre o mais importante destilado nacional.
A Lei Estadual nº 9.150, de 2010, de autoria do deputado estadual Carlos Batinga, reconheceu oficialmente a cachaça paraibana como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado da Paraíba. Para mim, essa é a melhor maneira de estimular o empreendedorismo criativo em rede, que transforma as empresas em um ecossistema forte, que se projeta no mundo dos negócios criativos, com parcerias, com inovação e competitividade. Aprendi que a cachaça surgiu no século XVI, logo após a chegada dos portugueses ao Brasil, favorecendo o seu consumo como bebida considerada energética e o seu valor simbólico, nas transações comerciais.
Fazendo minhas considerações, afirmo que a nossa cachaça faz parte da economia criativa, pois contribui para agregar valor ao cardápio de bebidas e a novos pratos da gastronomia dos melhores restaurantes, inovando sabores dos alimentos doces e salgados. A caipirinha é reconhecida por todos que visitam o Brasil. Gastronomia é um segmento da economia criativa, que representa a nossa identidade cultural e que agrega muito valor ao turismo. No município paraibano de Areia, o Engenho Triunfo nos recepciona com degustação da Triunfo harmonizada com frutas da época, um sorvete com cachaça ou um caldo de cana. Semelhante ao Engenho Triunfo temos centenas de engenhos na Paraíba, que produzem a cachaça de qualidade.
Paraíba é o Estado brasileiro com maior número de produtores de cachaça de alambique do Nordeste, com destaque para o seu valor cultural e econômico, com rótulos premium e exportações. Caminhos dos Engenhos da Paraíba é um roteiro turístico, que traz conhecimento de como se produz uma boa cachaça, estimula o sensorial dos visitantes, com sabor, aroma, bom gosto e o bem-estar dos turistas. É visível, o quanto é prazeroso aos visitantes, fazer compras nas lojinhas de cachaça dos engenhos.
Cada engenho tem o seu diferencial competitivo e a criatividade é a mola propulsora desse empreendedorismo, pois quanto mais a exercitamos, mais desenvolvemos a capacidade de criar e inovar. É preciso valorizar e aprender a beber uma boa cachaça, assim como reconhecer a sua versatilidade, que a diferencia de outras bebidas destiladas. O valor das descobertas é o que nos torna únicos. Academia Paraibana da Cachaça, tem sido uma escola de saberes, além de boas amizades e relacionamentos respeitosos, que dignificam os valores de uma sociedade.
Governo do Estado instituiu dois programas de incentivo para os engenhos da Paraíba: o programa Empreender Rural, que oferece linhas de crédito para modernização e ampliação da capacidade produtiva de engenhos de cachaça, e o programa Caminhos dos Engenhos, um investimento de R$ 5 milhões em crédito para a preservação da memória e o fomento do turismo cultural e gastronômico nos engenhos de cana-de-açúcar. A infraestrutura de rodovias estaduais asfaltadas, a sinalização turística e a Rede de Agências ConectaTur, também contribuem para o melhor acesso aos engenhos paraibanos.
Essa iniciativa é um reconhecimento de que o setor produtivo da cachaça, movimenta a economia, gera empregos e transforma problemas em oportunidades, com profissionalismo, ética e coerência. Esse estímulo do Governo Estadual, fortalece o beneficiamento e a comercialização, incentiva práticas sustentáveis e novas atividades criativas para o turismo. Em breve será possível a experiência turística de um SPA da cachaça, em um dos engenhos do Brejo paraibano, gerando bem-estar, para os que a desejam incluir na sua viagem de descobertas sensoriais.
É assim, que a arte de produzir cachaça precisa tocar e chegar às pessoas que vão apreciá-las e que vão pagar o seu justo valor, pela sua qualidade e seu diferencial competitivo.

Foto: Linkedin
Sobre Regina Amorim
É gestora de Turismo e Economia Criativa do Sebrae/PB. Formada em Economia pela UFPB, 1980, com Especialização em Gestão e Marketing do Turismo pela UNB – Universidade de Brasília e com Mestrado em Visão Territorial para o Desenvolvimento Sustentável, pela Universidade de Valência – Espanha e Universidade Corporativa SEBRAE.