
Bessa, 76 anos: valorização de 90% e aumento populacional de 140% em JP
Englobando Bessa, Jardim Oceania e Aeroclube, região se tornou em 20 anos a terceira maior da cidade e fez da capital uma das líderes em valorização imobiliária no Brasil
24 de setembro de 2025
O bairro do Bessa, que completa 76 anos neste mês de setembro, tornou-se o símbolo da transformação urbana de João Pessoa e a porta de entrada de novos moradores de todo o país. A região que abrange três bairros — Bessa, Jardim Oceania e Aeroclube —, cresceu tanto que hoje ela representa a terceira maior concentração populacional da capital, atrás apenas de Mangabeira e Gramame.
O crescimento de residentes foi de 142% entre 2000 e 2022, fazendo o bairro saltar da sexta para a terceira posição neste ranking. Quem mora nessa área viu a quantidade de vizinhos se multiplicar rapidamente. Se a região do Bessa fosse uma cidade, ela seria a décima maior população da Paraíba, posição ocupada hoje por Sapé e logo atrás de Guarabira.
Esse boom demográfico é o motor por trás da verticalização acelerada que redefiniu as fronteiras de expansão da cidade. Para acomodar esse fluxo contínuo, a solução foi construir para cima. Isso já faz de João Pessoa a capital com a maior taxa de verticalização do Nordeste, influenciando diretamente no valor dos imóveis. Dados do índice FipeZAP mostram que o Jardim Oceania foi o campeão de valorização na região. Nos últimos seis anos, o preço médio do metro quadrado no bairro disparou 89%.
No último relatório mensal da instituição, o bairro do Bessa apareceu como o segundo com maior valorização na capital, com alta de 22,6% em 12 meses. Imediatamente atrás, aparece o Aeroclube, que registrou incremento de 16,2% no mesmo período. Juntos, os três bairros são os maiores responsáveis por colocar João Pessoa como a terceira capital com a maior valorização imobiliária do país.
O comércio e os serviços precisaram se multiplicar na mesma proporção para atender a essa nova demanda. E isso vem redefinindo a vida do bairro. Para se ter uma ideia, se a população do Bessa de duas décadas atrás fosse uma turma de escola com 50 alunos, hoje essa mesma turma teria que acomodar 121 alunos. O que era uma padaria e um mercado para servir 100 pessoas, agora precisa servir 242. Isso ajuda a explicar a explosão de novos estabelecimentos comerciais na região.
A região também se converteu em um espaço vivo e pulsante em todos os horários. Durante o dia, novos shoppings, bares, cafeterias e restaurantes recebem moradores e turistas em ruas movimentadas. À noite, o bairro ganha nova dinâmica com estabelecimentos que vão desde os tradicionais “pés na areia” até casas gastronômicas sofisticadas, formando um eixo de vida noturna variado e ativo.
O que diferencia a região do Bessa e lhe dá status de alta qualidade de vida são os parques lineares Parahyba, uma estratégia urbanística que alinha recreação comunitária e proteção ambiental. Esses espaços oferecem infraestrutura de lazer, como ciclovias, academias ao ar livre e playgrounds dentro dessas áreas protegidas.
O projeto garante não só a conservação ambiental, mas também a experiência de convivência e bem-estar para a população que vive na região do Bessa. Além disso, está em desenvolvimento o Parque da Cidade, no Aeroclube, que será um dos dez maiores do país e contará com projeto assinado pelo escritório de Burle Marx.
De área de pesca a polo de desenvolvimento
A história do Bessa, segundo a prefeitura, remonta ao capitão português Antônio Bessa, que se instalou na área por já ter cumprido a missão de guerra contra os holandeses. Teria sido ele o responsável pelo plantio de coqueiros em substituição à vegetação nativa de cajueiros e maçarandubeiras. No início do século XX, a região ocupada por pescadores era um importante posto de pescado como xaréu e garoupa.
A vocação urbana começou a se desenhar na década de 1940, com o desvio do Rio Jaguaribe. A ação interferiu na biodiversidade da área e tornou a região menos alagada, permitindo sua ocupação. Foi só em setembro de 1998 que uma lei dividiu o Bessa em três partes. Hoje, o eixo comercial se consolidou ao longo da Avenida Flávio Ribeiro Coutinho, Argemiro Figueiredo e R. Bacharel José de Oliveira Curchatuz, e e em vias como Afonso Pena e Nilo Peçanha.
Especialista aponta maturação do mercado
Para Pedro César, sócio da Eco Construtora, empresa com diversos empreendimentos na região, o crescimento é resultado de uma maturação do mercado e da busca por qualidade de vida. “Os dados não surpreendem. Eles são a materialização de um processo de décadas que combinou a beleza natural única do Bessa com investimentos em infraestrutura e empreendimentos residenciais. A região se tornou um produto completo, oferecendo lazer, comércio e moradia de alto padrão em um raio de poucos quilômetros”, analisa o executivo.
César destaca que a verticalização foi uma resposta natural à alta demanda. “A pressão populacional sobre um território limitado e valorizado torna a verticalização não apenas inevitável, mas também a solução mais eficiente de ocupação do solo. O desafio contínuo é harmonizar esse crescimento com a infraestrutura urbana”, completou.
O executivo ainda ressalta o caráter dinâmico do mercado local: “Estamos vendo uma diversificação muito interessante na demanda. Se antes tínhamos predominantemente famílias em busca de apartamentos amplos, hoje vemos também jovens profissionais, casais sem filhos e até investidores estrangeiros buscando oportunidades nesta região que oferece tudo a uma curta distância”.
Fonte: Assessoria