
Casa de José Lins do Rego, Engenho Corredor na PB, é tombados como Patrimônio Cultural Brasileiro
Iphan reconhece importância histórica do local onde José Lins do Rego viveu e monumento que marcou transferência da Capital Federal para o interior
17 de setembro de 2025
O engenho onde viveu um dos maiores escritores brasileiros e o monumento arquitetônico que marca o início da transferência da Capital Federal para o interior do País foram reconhecidos nesta terça-feira (16/9) como Patrimônio Cultural Brasileiro. A apreciação do tombamento dos dois bens culturais ocorreu durante a 110ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília (DF).
Localizado no município de Pilar (PB), o conjunto arquitetônico e paisagístico do Engenho Corredor foi onde o escritor José Lins do Rego viveu suas primeiras memórias de vida e é também o cenário onde se passam algumas de suas mais famosas obras, como “Menino de Engenho”.
“Se por um lado é verdadeiro que o Engenho Corredor abrigou, criou e deu à luz José Lins do Rego, também procede dizer que José Lins do Rego criou para o Mundo o engenho Corredor, o mundo do açúcar paraibano, e é a ele que devemos o prestígio nacional deste último remanescente que o Iphan trata hoje de tombar”, observou o relator do parecer e integrante do Conselho Consultivo, Gustavo Rocha-Peixoto.
Marco histórico
Na segunda parte da reunião, o Conselho aprovou o tombamento da Pedra Fundamental da Capital Federal, monumento localizado em Planaltina, Distrito Federal. Tido como marco ligado ao ideário da interiorização da capital da República, o bem foi erguido em celebração ao Centenário da Independência, em 1922.
“Ao analisar a Pedra Fundamental de Planaltina, é possível compreender que seu valor ultrapassa a dimensão material do monumento. Ele está enraizado em uma narrativa que conecta passado, presente e futuro: da Missão Cruls de 1892, passando pelo marco de 1922, até a fundação de Brasília em 1960 e sua permanência como referência simbólica para a comunidade local”, observou o conselheiro e relator do parecer, Cristovam Buarque. “Assim, o tombamento que ora se propõe é expressão da continuidade histórica e da vitalidade social de um bem que constitui, sem dúvida, parte essencial do patrimônio cultural brasileiro”, afirmou.
Armazém Docas André Rebouças
Ainda no primeiro dia de reunião, também foi feito um informe sobre a alteração do nome do bem tombado “Antigas Docas Dom Pedro II” para Armazém Docas André Rebouças. Localizado na região da Pequena África, no Centro do Rio de Janeiro, e único remanescente do antigo complexo de docas que modernizou o Porto da cidade, a construção foi erguida sem o uso de mão de obra escravizada, é um marco da engenharia nacional e símbolo da resistência negra. Tombado pelo Iphan em 2018, passa, agora, a homenagear o engenheiro e abolicionista André Rebouças em reconhecimento à sua contribuição negra na história do Brasil.
Em sua fala para os membros do Conselho Consultivo, o presidente do Iphan, Leandro Grass, lembrou que, em julho, o Governo Federal garantiu os investimentos para a reforma do edifício, com investimento de R$ 86,2 milhões do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD). A articulação foi realizada pelo Ministério da Cultura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Fundação Cultural Palmares, cujo presidente, o advogado João Jorge Rodrigues, atendeu virtualmente à reunião do órgão colegiado do Iphan na tarde desta terça-feira.
Fonte: Agência Gov