
Luto no ambiente de trabalho: empresas estão preparadas para acolher profissionais enlutados?
Tema propõe reflexão sobre empatia, acolhimento e saúde emocional nas relações corporativas
14 de agosto de 2025
O luto é um processo natural e profundamente humano, mas nem sempre encontra espaço nas estruturas organizacionais e nas rotinas de trabalho. Em meio à pressão por metas e produtividade, a dor da perda costuma ser silenciada, vista como um obstáculo à performance e não como uma vivência legítima que exige tempo, cuidado e suporte.
Recentemente, o questionamento “Você contrataria alguém de luto?” viralizou nas redes sociais e trouxe à tona uma discussão importante: como as empresas estão ou não estão preparadas para lidar com o sofrimento emocional de seus colaboradores?
Para a psicóloga Simône Lira, especialista em luto na funerária e crematório Morada da Paz, o ambiente corporativo ainda precisa avançar no reconhecimento do sofrimento psíquico como parte da jornada humana. “É comum que o luto seja tratado como algo a ser ‘resolvido rápido’ para que o profissional volte logo à produtividade. Mas isso é uma negação da dor. Uma perda significativa afeta diretamente a energia psíquica, a concentração e até o sentido que a pessoa dá ao seu trabalho”, explica.
Simône também ressalta que, para muitas pessoas, o retorno ao trabalho após uma perda é inevitável, seja por necessidade financeira ou por falta de apoio. “Por isso, o acolhimento institucional é essencial. O mínimo que a empresa pode oferecer é escuta, empatia, flexibilidade e ausência de julgamento. O luto não tem prazo, e cada pessoa vive esse processo de forma única”, reforça.
No Grupo Morada, empresa responsável pelas marcas Morada da Paz, Morada da Paz Essencial e Morada da Paz Pet, o cuidado com o luto faz parte da cultura organizacional. Além de oferecer acompanhamento psicológico especializado aos seus clientes, o grupo promove ações internas voltadas para o bem-estar emocional das equipes, como rodas de escuta e o programa “Chá da Saudade”. A iniciativa tem acolhido colaboradores e parceiros que buscam um espaço seguro para compartilhar suas perdas.
A psicóloga destaca ainda um tipo de luto que costuma ser negligenciado: o luto profissional. “Muitas pessoas enlutadas se sentem pressionadas a parecer ‘fortes’ diante dos colegas e acabam escondendo seus sentimentos. Esse comportamento pode levar ao adoecimento emocional e à queda de produtividade. Promover um ambiente de empatia não é apenas uma questão de humanidade, mas também de inteligência organizacional”, conclui.
Em um mundo onde o trabalho ocupa grande parte da vida das pessoas, reconhecer e acolher o luto não é apenas um gesto de sensibilidade. É também um passo necessário para construir ambientes mais humanos, sustentáveis e saudáveis.
Fonte: Assessoria