
Raphael Barbosa e Gesiel Soares: “O amanhã da arquitetura está no equilíbrio entre inovação que prioriza o morador, minimalismo inteligente e luxo que se mede pelo bem-estar”
Arquitetos do escritório Ponto3 Arquitetura falam sobre nova fase do mercado imobiliário, que equilibra minimalismo e design; Artus Blanc já é referência em estética na capital
24 de julho de 2025
Com o mercado imobiliário em ascensão, João Pessoa vive um momento decisivo em sua trajetória arquitetônica. Para Gesiel Soares e Raphael Barbosa, do escritório Ponto3 Arquitetura, a capital paraibana começa a formar uma identidade própria, impulsionada por profissionais que se inspiram em referências globais sem perder a conexão com a cidade.
Em meio aos novos projetos que surgem na capital paraibana, Raphael ressalta a importância de estar sempre buscando novas inspirações. “A arquitetura, assim como a moda, se renova todos os anos. Hoje, temos Milão como referência, vamos para lá anualmente pesquisar. Além de palestras, livros, viagens. É uma gama de referências que nos ajudam nesse processo criativo”, conta o arquiteto.
Os sócios Gesiel e Raphael assinam os interiores dos apartamentos do Artus Blanc, novo empreendimento da GHC Incorporações, que também reúne nomes de referência nacional como Ricardo Nogueira, Benedito Abbud e João Armentano. “No caso do Artus Blanc, destaco a importância da troca de informações para chegarmos a um produto 100% satisfatório para o mercado e, ao mesmo tempo, diferente do que vem sendo feito na cidade. Estamos constantemente tentando nos reinventar”, afirma Gesiel.
Na entrevista a seguir, os arquitetos compartilham suas visões sobre o futuro da arquitetura em João Pessoa e os bastidores do novo empreendimento da GHC. Confira:
Como vocês avaliam a evolução da arquitetura em João Pessoa nos últimos anos?
Raphael Barbosa: João Pessoa é uma capital muito recente, comparada a cidades como Recife ou Salvador. Mas com o boom imobiliário, hoje existe uma preocupação com estilo, com arquitetura — algo que não existia antes. Estamos conseguindo “beber da fonte” de São Paulo e de fora do país, e filtrar isso para a realidade local. A arquitetura em João Pessoa está crescendo de forma muito positiva. Nunca antes se viu tantos construtores e incorporadores tão preocupados com o design dos seus produtos.
Diante de um mercado em ebulição, como vocês fazem para se reinventar e propor novos produtos?
Gesiel Soares: Não é sobre ter um desenho muito diferente. É sobre ter qualidade, especialmente em projetos de alto padrão. A arquitetura de alto padrão está na qualidade dos materiais, no acabamento, na limpeza visual e no conforto térmico.
Como foi o processo de concepção dos interiores dos apartamentos do Artus Blanc?
Raphael: Nossa meta era fugir do óbvio. Essa também era uma preocupação da Anna e do George, da GHC, não entregar “mais do mesmo”. Então, para o Blanc nós temos uma arquitetura muito limpa e neutra. Como o nome já diz, vamos utilizar muito branco, muita iluminação natural e muita transparência. Outro ponto muito importante que a gente usa na arquitetura interna dos apartamentos é o mobiliário brasileiro. Estamos com grandes nomes de designers brasileiros, com muita qualidade em seus projetos. Ficamos extremamente felizes de consumir produtos do país.
E como foi a colaboração com Ricardo Nogueira, Benedito Abbud e o João Armentano?
Gesiel: Essa integração entre equipes é uma grande mudança na arquitetura de João Pessoa. Antes, um único escritório fazia tudo. Hoje, cada equipe entra com sua especialidade. No Artus Blanc, tivemos o Benedito Abbud no paisagismo, o Ricardo Nogueira na arquitetura, nós e Armentano com os interiores dos apartamentos e áreas comuns. Foi uma parceria fluida com profissionais de alto padrão e ótimo gabarito.
Já temos grande identificação com o Armentano, e o Ricardo é da cidade, o que ajudou muito, pois temos uma leitura parecida do mercado. É uma junção interessante: dois escritórios que vivem a cidade, e dois que trazem influências de fora. Isso se refletiu diretamente na qualidade do projeto.
Como vocês enxergam o futuro da arquitetura de alto padrão em João Pessoa?
Raphael: O futuro está em o construtor pensar fora da caixinha. Quanto mais ele pensar no morador, na experiência, na qualidade, mais assertivo será o resultado. Acredito que João Pessoa está caminhando para esse lugar.
Gesiel: Vejo hoje um equilíbrio entre sofisticação com minimalismo e conforto. Antes, o luxo era associado ao dourado, ao brilho. Hoje, o sofisticado está na harmonia, no bem-estar. E isso é uma mudança importante.