
Psicóloga orienta sobre identificação e combate ao assédio no ambiente de trabalho
Segundo Márcia Peixoto, da Roots Talent, prevenção envolve ações educativas e implementação de canais de denúncia anônima
26 de junho de 2025
Todo trabalhador brasileiro têm direito a um ambiente profissional seguro e saudável. Essa é uma garantia da legislação brasileira, por meio das Leis do Trabalho e diversas Normas Regulamentadoras, que detalham medidas específicas para diferentes setores e riscos ocupacionais. No entanto, episódios de assédio no local de trabalho ainda são frequentes e exigem atenção das empresas e de suas equipes.
Márcia Peixoto, psicóloga especialista em Recursos Humanos e diretora da Roots Talent, destaca que os casos de assédio moral e sexual estão entre os mais comuns e devem ser prontamente identificados. “O assédio moral é tudo que você faz de forma inconveniente e repetitiva que leva o outro a situações de constrangimento e humilhação. Já o assédio sexual não é aquele que você apenas diz diretamente. Ele envolve toques, insinuações e conversas indesejáveis feitas de forma repetitiva para chamar a atenção de outra pessoa. Isso já é considerado assédio e precisa ser combatido”, afirma.
A especialista explica que mudanças no comportamento dos profissionais podem ser indícios claros de que há algo errado, e é importante que colegas e líderes estejam sempre atentos à tais mudanças. “Se uma pessoa é expansiva e começa a ficar mais retraída, por exemplo, já é um grande sinal de que está acontecendo algum tipo de assédio com ela. E a mudança de comportamento repentina no ambiente de trabalho leva à redução da produtividade, falta de interação com a equipe e outros fatores. É preciso ficar alerta quanto a esses sinais”, destaca.
A ausência de denúncia pode agravar os impactos do assédio, com consequências sérias para a saúde mental da vítima. “Quando a pessoa entra em um estado de introversão e não conversa com ninguém, chega um momento em que aquela dor fica insuportável. A vítima passa a detestar o ambiente de trabalho e desenvolve transtorno de ansiedade, que muitas vezes chega ao estágio de depressão e, em casos mais extremos, até mesmo ao suicídio. Por isso, é importante falar”, alerta a psicóloga.
Para contribuir com a construção de um ambiente mais saudável e seguro, Márcia Peixoto propõe algumas medidas fundamentais para a prevenção e o enfrentamento de situações de assédio moral e sexual nas empresas:
Educação contínua – Constantes momentos de conhecimento são essenciais. A realização de palestras periódicas sobre assédio ajuda a esclarecer dúvidas, orientar os colaboradores e tornar o tema parte da cultura organizacional. Além disso, cartazes com definições claras de assédio moral e sexual, assim como suas consequências legais – que, na maioria das vezes, começa com a demissão – contribuem para ampliar a conscientização e deixar claro o compromisso da empresa com o tema.
Ambiente seguro – Outra medida importante é a criação de um canal de confiança entre o colaborador, o RH e a liderança da empresa. Isso requer uma postura de escuta ativa por parte da gestão e canais abertos para acolher demandas e relatos. A construção de um espaço seguro, onde as pessoas possam relatar comportamentos inadequados sem medo de retaliação, facilita a identificação e a resolução de conflitos.
Canais de denúncia anônima – Dentro do contexto do assédio, o principal cuidado é para que a vítima não seja exposta. Por isso, a implementação de canais de denúncia dentro das empresas é um passo necessário e muito importante. Quando não é possível resolver a situação internamente, a orientação é procurar o Ministério Público ou órgãos competentes para dar prosseguimento ao caso.
Capacitação da liderança – É necessário que o tema seja trabalhado de forma direta não só com os colaboradores, mas também com os líderes, que tem papel central na prevenção e enfrentamento do assédio. Márcia ressalta a importância de investir em capacitações voltadas para gestores, que precisam estar preparados para agir diante de denúncias. Palestras direcionadas e acompanhamento contínuo ajudam a desenvolver a habilidade de lidar com essas situações de forma adequada.
Tais medidas não apenas protegem os colaboradores, mas também contribuem para a sustentabilidade das relações de trabalho. Empresas que adotam esse compromisso demonstram alinhamento com princípios éticos e legais, além de favorecerem uma cultura organizacional mais saudável e produtiva.