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Foto: Divulgação

Morgana Souto Maior: “Meu trabalho todo como pesquisa, em termos de arte, é em cima da nossa regionalidade, da nossa cultura, da nossa força”

Artista plástica Morgana Souto Maior expõe 40 obras na Casa OFFICINA, em JP, unindo arte, cultura nordestina e design. Confira a entrevista

26 de junho de 2025

A artista plástica e arquiteta Morgana Souto Maior retornou à Paraíba com um marco especial, suas obras estão vestindo a Casa OFFICINA durante o mês de junho. Paraibana de Campina Grande, Morgana mora no Rio de Janeiro há mais de 30 anos, onde desenvolveu uma carreira sólida e sensível no campo das artes visuais. Ao todo, 40 obras da artista ocupam os ambientes da OFFICINA Móveis em João Pessoa, em uma curadoria própria que reúne diferentes fases de sua trajetória.

A ação integra a campanha de São João da marca e dá novo significado ao conceito de “vestir a casa” com cores, texturas e memórias do Nordeste que ganham vida nas telas da artista plástica, conhecida por se inspirar no pertencimento e cultura regional.

Na entrevista que segue, Morgana fala sobre o reencontro com a Paraíba, inspiração e a força silenciosa do Nordeste que pulsa em suas telas.

Como foi para você esse reencontro com a Paraíba, agora trazendo sua arte para vestir a Casa OFFICINA?

É uma emoção muito grande. É a ponta da linha do tempo da construção da obra, vamos dizer assim. Eu sou de Campina Grande, estou há 34 anos no Rio de Janeiro e o meu trabalho todo como pesquisa, em termos de arte, é em cima da nossa regionalidade, da nossa cultura, da nossa força. De como levar essa cultura e essa força de forma contemporânea para o meio da arte, para que as pessoas entendam que essa força é tão grande, que ela se apresenta de várias formas, não só com o que é tratado na história. É uma pesquisa em cima de muito amor, de conexão e de reconhecimento do nosso povo que através de uma simplicidade existe uma força muito grande.

Eu pesquiso também muito a questão da transitoriedade do morar. Então, isso se conecta muito com a OFFICINA, porque é uma empresa que valoriza o que é nosso. Tem todo o trabalho e cuidado de trazer o que é nosso para o design, para o mobiliário. Foi uma junção maravilhosa, estou muito feliz.

A sustentabilidade é um traço forte do seu trabalho. De que forma isso se traduz nas telas?

Eu trabalho a sustentabilidade de forma sutil. Então, eu evito comprar muitos materiais. Pela minha vivência no interior, aquilo que eu carrego, eu acho que a gente [nordestinos] valoriza muito as coisas, a gente já tem isso inconsciente. Automaticamente, eu fui entendendo o processo e visualizando que eu usava sobra de um material em novos trabalhos. Às vezes eu estou fazendo três séries ao mesmo tempo com sobra de materiais. Eu também recolho sobra de tintas dos arquitetos, das obras, às vezes um dedo de tinta que pode ir para caçamba e causar algum dano na natureza… Eu sei que é um movimento pequeno, mas me conforta saber que eu peguei aquilo e criei um pigmento.

De onde vem essa inspiração?

O morar. Quando eu fui morar no Rio de Janeiro, a minha maior preocupação era não perder as nossas referências. Eu quero sempre me apresentar para toda a evolução que acontece no mercado de arte, mas carregando a minha origem.

Como essa inspiração do “morar” aparece no seu cotidiano?

Eu vou à Feira de São Cristóvão, eu converso com todo mundo que tá no meu entorno, várias pessoas que convivem comigo lá são do Nordeste, porque a gente acaba que vira uma comunidade. Eu procuro estar sempre em contato com as coisas daqui. Por exemplo, se eu vejo alguém lá no Rio de Janeiro trabalhando barro ou alguma coisa, aí já vem toda essa inspiração.

Ver suas obras integrando uma campanha de São João e chegando ao público em forma de presentes tem um significado especial para você?

Muito. O que mais me emociona é como flui, por conta da coincidência dos propósitos. Acredito que a arte tem que estar em movimento, tem que estar em vários lugares, em vários momentos. Eu acho que o papel dela é fazer a gente realmente parar, porque a gente vive na “Matrix”. Parar e olhar de outra forma para o mundo.

Fonte: Vivass Comunicação