O que muda o jogo na hora de captar em 2026, segundo founders e investidores
Mesmo com queda de investimentos em 2025, especialistas destacam clareza no produto, parcerias estratégicas e captação calibrada como diferenciais
29 de dezembro de 2025
Apesar da queda de investimentos em startups no Brasil, registrada em novembro, de acordo com o relatório “Ecossistema de Inovação Aberta & CVC no Brasil”, feito pela Sling Hub com a ABCVC (Associação Brasileira de Corporate Venture Capital), a expectativa é de reacomodação do mercado e retomada gradual ao longo do próximo ciclo, à medida que novos orçamentos, estratégias e teses de investimento sejam reativados.
Diante deste cenário, convidamos investidores e founders que captaram em 2025 para dizer o que muda o jogo na hora de buscar recursos financeiros para escalar o negócio em 2026.
Confira:
Ivan Yoon, Head de Investimentos e Portfólio da Wayra Brasil e Vivo Ventures
Ivan Yoon, Head de Investimentos e Portfólio da Wayra Brasil e Vivo Ventures, alerta para a necessidade de explicar bem a importância e como funciona seu produto. “Se o investidor não entender, imagine centenas ou milhares de clientes? O produto precisa estar muito bem definido, seja ele online, físico, uma plataforma ou marketplace. Também é importante que o modelo de precificação esteja claro, seja por assinatura, por projeto, por sucesso ou por originação. Quando o investidor e o cliente conseguem comparar a oferta final com o mercado, é possível criar uma tese de diferenciação clara”, recomenda Ivan.
Itali Collini, Liderança no Brasil da Potencia Ventures
“Nos últimos anos, cresceu a integração entre capital e conhecimento: investidores buscam se aproximar cada vez mais das operações antes de decidir investir, ajudando a construir valor de forma ativa e pautada no bom relacionamento com empreendedores. Essa mudança privilegia avaliar o desempenho do time em momentos desafiadores do estágio inicial do negócio e a dinâmica de parceria que pode se estabelecer com o investimento. Principalmente para as startups de impacto social, colaborações de longo prazo e pautadas em capital paciente têm se provado estratégias eficazes para apoiar o desenvolvimento do ecossistema como um todo”, afirma Itali Collini, Liderança no Brasil da Potencia Ventures, grupo de investimento focado em negócios de impacto social.
Antonio Duarte, CEO e cofundador da Nekt
A Nekt, plataforma de dados e IA que simplifica o acesso e uso dessas informações para empresas em crescimento, anunciou recentemente o novo aporte de 1,3 milhões da Norte Ventures – apenas três meses após captar R$ 5 milhões em sua primeira rodada, liderada pela Alexia Ventures e fundadores de RD Station, Trybe, Hapana e Luxor Group. Os investimentos aceleraram o desenvolvimento do produto, a expansão de mercado e a consolidação da empresa, que já atende 65 clientes e projeta alcançar 100 até o fim de 2025.
“Fazer uma captação calibrada no início pode ser uma boa estratégia. Quando o foco está em resolver o problema certo e mostrar adoção, o próximo aporte tende a vir de forma mais natural — muitas vezes com valorização e menos esforço de captação. No nosso caso, levantar novamente em poucos meses foi consequência de foco e consistência: produto resolvendo dor real e clientes usando de verdade — inclusive a Norte Ventures, que era nosso cliente antes de virar investidor”, afirma Antonio.
Paulo Ibri, CEO da Typcal
A Typcal, primeira foodtech da América Latina a desenvolver fermentação de micélio por meio da economia circular para uma produção de alimentos rica em proteína e fibras, recebeu um aporte de €350 mil da Biotope, aceleradora e investidora em biotecnologia na Bélgica. O investimento será utilizado para a expansão das estratégias comerciais e de distribuição da empresa e para o desenvolvimento de novos produtos com auxílio de tecnologias avançadas.
“O aporte foi essencial para ampliarmos o aprendizado em relação às necessidades e demandas do mercado consumidor — nacional e internacionalmente — e para desenvolvermos novas estratégias de expansão da capacidade técnica da empresa para transformar o mercado de impacto nos próximos anos. Além disso, ao receber esse investimento de um fundo internacional, entendemos que não se trata apenas do crescimento de capital, mas demonstra para o mercado nosso amadurecimento e diferencial tecnológico. Quando um fundo internacional aposta em você, é um sinal de maturidade e diferencial tecnológico. Meu conselho a outros empreendedores é buscar investimento com propósito, que traga não só recursos, mas também visão e aprendizado”, encerra Paulo Ibri, CEO da foodtech.
Fonte: Assessoria