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Foto: Divulgação

Erik Nybo: “O desafio humano no avanço da IA é saber onde ainda somos insubstituíveis”

Professor e fundador da Bits, prevê que super IA e robôs humanoides vão assumir tarefas repetitivas; diferencial estará na originalidade humana

18 de dezembro de 2025

A inteligência artificial deixou de ser uma tendência distante para se tornar uma força que já está redesenhando a forma como trabalhamos, produzimos e tomamos decisões. Nesta entrevista, conversamos com Erik Nybo, especialista em tecnologia, inovação e IA aplicada aos negócios, fundador da Bits e professor em instituições como Insper e St. Paul. Com uma trajetória que une experiência prática, pesquisa e desenvolvimento de soluções baseadas em inteligência artificial, Erik analisa o momento de transição que estamos vivendo, os impactos da IA nos diferentes setores, os desafios que vêm pela frente e como pessoas e empresas podem se preparar para um futuro em que a tecnologia será cada vez mais protagonista.

Estamos há cerca de dois ou três anos em um uso mais intenso da IA. O que está acontecendo exatamente neste momento e como podemos entender esse cenário?

Neste momento, as empresas já estão incorporando a IA em seus processos para ampliar capacidades humanas e gerar mais eficiência. O que começa a ficar mais evidente, especialmente a partir deste ano, é o movimento de grandes empresas como Meta, antigo Facebook, e Microsoft no desenvolvimento de times de chamada “super IA”. A proposta dessas super inteligências é que, em algum momento, elas sejam mais eficientes do que os próprios humanos em determinadas tarefas. Existe uma expectativa de que isso aconteça em um horizonte de até dez anos. Hoje, estamos em uma fase de transição, com uma IA ainda mais simples, mas que já entrega muito valor. Precisamos começar a nos preparar para um momento em que elas vão ser melhores do que nós.

E como pessoas e empresas podem se preparar para esse futuro?

A preparação pode acontecer tanto no nível individual quanto organizacional. No contexto das empresas, é importante mapear diferentes cenários possíveis e se preparar para todos eles, porque algum deles certamente vai se concretizar. No plano pessoal, o caminho é identificar quais são as suas principais capacidades. Ninguém consegue fazer tudo ou saber tudo. Por isso, é fundamental focar naquilo que é, de fato, mais difícil de ser substituído pela IA, como habilidades humanas profundas. Quando falamos em super IA, surgem discussões sobre consciência e sobre máquinas que pensam melhor do que humanos. Isso nos leva a refletir: quais tarefas ainda farão sentido para nós? E olhando um pouco mais à frente, também entram em cena os robôs humanoides, capazes de executar atividades manuais que antes eram exclusivas dos humanos. Esse avanço tecnológico também cria novas oportunidades. Serão cada vez mais necessários profissionais capacitados para lidar com esses sistemas, como especialistas em implementação de IA, criação de agentes inteligentes, comitês éticos de IA e governança tecnológica.

As empresas que não aderirem à inteligência artificial tendem a ficar para trás?

Em termos de produtividade, sim. Empresas que não adotarem IA tendem a perder eficiência. No entanto, existe um ponto interessante: em um mercado em que todos utilizam IA, o conhecimento gerado por ela se torna uma commodity, algo comum a todos. Nesse cenário, o diferencial deixa de ser a informação e passa a ser a originalidade. A capacidade de criar algo novo, diferente e autêntico se torna ainda mais valiosa, justamente porque a IA gera respostas muito semelhantes para todos.

Falando de um futuro mais próximo, o que podemos esperar entre 2026 e 2027?

Entre 2026 e 2027, existe a expectativa de chegarmos à AGI — a Inteligência Artificial Geral —, que é quando a IA atinge um nível de capacidade cognitiva semelhante ao humano. Isso significa que devemos ver o surgimento de modelos ainda mais inteligentes, capazes de entregar resultados muito mais avançados do que os atuais. Esse salto tecnológico pode acontecer em um horizonte bastante curto, de um a dois anos, e tende a transformar profundamente a forma como trabalhamos e tomamos decisões.

Fonte: Aléssia Guedes