Proteção animal em condomínios: como funciona o reconhecimento de animais comunitários
Especialista detalha critérios legais para reconhecimento de animais comunitários e limites da atuação de moradores
11 de dezembro de 2025
Uma recente discussão envolvendo gatos que circulavam livremente em áreas coletivas em João Pessoa reacendeu o debate sobre o que a legislação realmente prevê quando o assunto é animais comunitários em condomínios. O caso mostrou que, mesmo quando moradores alimentam animais errantes, isso por si só não garante o reconhecimento formal dessa categoria.
Quando um animal pode ser considerado comunitário
No Brasil, a classificação de animal comunitário depende de cuidados contínuos, organizados e reconhecidos coletivamente. Não basta a boa vontade individual.
Para que haja enquadramento legal, é necessário:
Registro formal em ata ou decisão de assembleia
Responsabilidade compartilhada entre os moradores
Garantia de alimentação adequada
Abrigo seguro
Acompanhamento veterinário
Ou seja: é preciso organização e comprovação de que existe um cuidado sistemático — e não apenas ações esporádicas.
O que diz o especialista
Para o advogado Vladimir Miná, sócio do escritório Miná & Alves Advocacia, a situação deixa evidente a diferença entre solidariedade e responsabilidade jurídica.
Segundo ele, alimentar os gatos ocasionalmente não configura cuidado contínuo. Ele explica que, sem decisões formais internas — como aprovação em assembleia ou criação de normas internas —, não há como exigir que o condomínio assuma deveres.
“Não há segurança jurídica para obrigar o espaço coletivo a manter alimentação, acompanhamento veterinário ou estruturas específicas sem uma deliberação formal”, afirma Vladimir.
Condomínio pode ser responsabilizado?
De acordo com o entendimento aplicado no caso, não. Isso porque os cuidados prestados pelos moradores eram voluntários e sem qualquer organização estruturada.
Sem comprovação de rotina, regras ou divisão de responsabilidades, não há como caracterizar vínculo jurídico entre o condomínio e os animais.
O que isso significa para a causa animal
Contudo, garantir proteção legal aos animais que vivem em áreas compartilhadas exige mais do que boa vontade.
Para que gatos ou outros animais sejam reconhecidos como comunitários, é fundamental:
Organização formal dos cuidadores
Regras internas claras
Participação da coletividade
Registro em assembleia
Assim, evita-se conflitos e abre-se caminho para políticas de proteção mais sólidas e juridicamente seguras.