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Foto: Reprodução/Instagram

Alê Pessoa: “Faço questão de estar na produção, de participar de todos os processos porque é onde me realizo profissionalmente”

Aos 11 anos, vendeu doces para comprar mochila dos sonhos; hoje comanda negócio de sucesso mantendo qualidade como valor inegociável

13 de novembro de 2025

Aos 11 anos, o desejo de uma mochila foi o combustível para o primeiro brigadeiro vendido no colégio. Anos mais tarde, essa mesma determinação transformou uma paixão de infância em uma das confeitarias mais queridas da Paraíba. Da cozinha da avó para a liderança de um negócio de sucesso, a trajetória de Alê Pessoa é um testemunho de resiliência, amor e qualidade inegociável. Nesta entrevista, ela nos convida a conhecer os ingredientes de sua jornada: as memórias que a inspiraram, os desafios que a fortaleceram e os valores que a guiam. Prepare-se para uma conversa tão saborosa e genuína quanto os produtos que criam a sua marca.

Alê,qual é a sua memória mais antiga e afetiva ligada à cozinha?
Minha lembrança mais querida é de quando era bem pequena, raspando a panela de bolo da minha avó. Minha avó era boleira em Pernambuco. Tenho ainda muito vivo na memória a imagem daquelas tigelas bem grandes… e eu adorava raspar o que sobrava da massa.

O que te motivou a dar os primeiros passos e vender doces? Foi uma ideia sua?
Foi uma ideia totalmente minha, sim. Eu tinha apenas 11 anos, estudava no Colégio Lourdinas, e na época todo mundo queria uma mochila da marca “Company”. Meus pais não podiam comprar, nem para mim nem para minhas irmãs. Foi aí que tive a ideia de vender docinhos no colégio. Na quinta série, comecei a empreender vendendo brigadeiro. Consegui comprar minha mochila e me senti o máximo por ter conquistado com meu próprio dinheirinho. Era uma quantia pequena, mas para uma criança de 11 anos, era tudo.

Houve um momento em que a confeitaria demandou tanto que você precisou parar? Como foi essa decisão?
Sim. Quando retomei o trabalho com confeitaria já adulta, comecei de forma formal, mas em casa, sem uma estrutura adequada. Isso afetava minha vida pessoal e a própria produção de tortas, doces e salgados. Nesse meio tempo, tive um problema de saúde que me fez tomar a decisão de parar. Parei completamente de confeitar, de mexer com comida, e vivi quatro anos sabáticos.

Em meio a tantos desafios, você pensou em desistir para valer? O que te deu forças para recomeçar?
Com certeza. Empreender no Brasil não é simples, e em qualquer profissão existem desafios que nos fazem pensar em desistir. Mas eu amo profundamente o que faço, me realizo no meu trabalho. Então, é claro que há momentos de cansaço em que a gente pensa nisso, mas depois de uma noite de sono, a energia volta. O pensamento de desistir às vezes aparece, mas na mesma velocidade some, porque a realização que sinto é maior.

Hoje, com várias lojas, o que você nunca abre mão, aquilo que é a essência do seu produto, independentemente do crescimento?

A qualidade. Eu prezo muito pela qualidade dos nossos produtos. Trabalhamos com os melhores insumos e temos um controle de qualidade muito rigoroso. Tudo é feito com extremo empenho, carinho e responsabilidade. Manter esse padrão em todo o processo é algo do qual eu não abro mão. Não é negociável.

Como você concilia os papéis de Alê Pessoa, mulher, mãe, esposa e empresária? O que precisou sacrificar?
Me considero privilegiada por ter podido acompanhar meus filhos integralmente na primeira infância. Na época, eu não trabalhava formalmente. Quando passei a investir na carreira, precisei aprender a equilibrar a vida pessoal com a profissional. Acredito que tempo é qualidade: quando estou no trabalho, me dedico por inteiro; quando chego em casa, exerço com presença meu papel de mãe e esposa. Claro que abri mão de coisas, como participar de algumas festas familiares que costumam acontecer nos finais de semana, mas é uma escolha que faz parte da jornada.

Mesmo com toda a estrutura, você ainda coloca a mão na massa. O que te mantém ativa na cozinha?
É o amor pelo que faço. Me considero privilegiada por trabalhar com aquilo que amo. Amo cozinhar, me dedico e faço tudo com muito amor. Por isso, não me vejo distante da produção. É óbvio que a estrutura que tenho hoje facilita muito, mas faço questão de estar na produção, de participar de todos os processos. É ali que me realizo profissionalmente.

Olhando para trás, qual conselho você daria para a “Alê” que estava começando?
Quando olho para trás, vejo minha trajetória com muito orgulho, porque sempre me esforcei para dar o meu melhor. Claro, cometi erros, mas eles foram inerentes ao processo e importantes para o meu crescimento. Se eu pudesse dar um conselho, seria: seja forte e resiliente. Quando a gente se dispõe a dar o melhor, o reconhecimento vem. Com certeza, ele vem.

E para o futuro, quais são os planos?
Ah, são muitos! Pretendo cruzar as fronteiras do nosso estado, expandir os negócios sem abrir mão daquilo que julgo inegociável. Quero manter a qualidade, trazer muitos lançamentos e crescer com controle, levando o nosso melhor para cada vez mais clientes.

Para finalizar, o que você diria para quem está começando agora?
Se eu pudesse dar um conselho para quem está começando, seria o mesmo que daria a mim mesma no passado: seja forte e resiliente. Os erros virão, mas existe um tempo para plantar e um tempo para colher. Quando você faz com amor, responsabilidade e empenho, o reconhecimento vem. Nada vem com facilidade; é preciso paciência, estudo e dedicação. Mas no fim, tudo compensa.

Fonte: Marília Domingues