Brasileiros ampliam consumo de bebidas vegetais e buscam opções mais nutritivas e sustentáveis
Antes vistas apenas como substitutas do leite tradicional, as bebidas vegetais vêm passando por uma transformação
30 de outubro de 2025
O consumo de bebidas vegetais tem crescido de forma consistente no Brasil, impulsionado pela busca por alimentação mais saudável, sustentável e inclusiva. Feitas a partir de ingredientes como amêndoas, castanhas, aveia ou coco, essas bebidas já deixaram de ser nicho e passaram a ocupar espaço relevante nas prateleiras de supermercados e cafeterias em todo o país.
Para se ter ideia, segundo levantamento da Euromonitor, o mercado brasileiro de bebidas à base de plantas movimentou cerca de R$ 612 milhões já em 2022, há três anos, reflexo do avanço das alternativas ao leite de origem animal e da consolidação de novas categorias no varejo nacional.
Produtos mais completos e públi
cos mais conscientes
Antes vistas apenas como substitutas do leite tradicional, as bebidas vegetais vêm passando por uma transformação. O consumidor atual busca produtos com valor nutricional agregado e o mercado responde com fórmulas enriquecidas com vitaminas D, B2 e B12 e cálcio de origem vegetal, aproximando-se da composição dos laticínios e atendendo públicos com restrições alimentares. Um exemplo dessa tendência vem da Cajueiro, marca do grupo Usibras Alimentos, que reformulou recentemente sua linha de bebidas vegetais. O novo portfólio, com versões de amêndoa mix de nuts, amêndoa com cacau, castanha assada e castanha natural, recebeu um mix de vitaminas e cálcio obtido da alga vermelha Lithothamnium, de alta biodisponibilidade.
Segundo Gustavo do Ó, gerente de P&D da Usibras Alimentos, o objetivo é unir sabor e funcionalidade. “Acreditamos que a alimentação deve ser uma aliada da saúde e do bem-estar. Por isso, buscamos constantemente evoluir nossas fórmulas, incorporando ingredientes que atendam às necessidades nutricionais dos nossos consumidores, especialmente daqueles com algum tipo de restrição alimentar e os que seguem dietas mais conscientes, como vegetarianas e veganas”, explica.
Vitaminas e cálcio: a “nova fronteira” da fortificação
A vitamina B12, por exemplo, é essencial para a formação das células sanguíneas e para o bom funcionamento do sistema nervoso, mas é encontrada quase exclusivamente em alimentos de origem animal. Já a vitamina D auxilia na absorção do cálcio e na manutenção de ossos e músculos, enquanto a B2 (riboflavina) participa de processos metabólicos ligados à produção de energia.
Essas fortificações são especialmente importantes em dietas vegetarianas e veganas. Segundo estudo do Good Food Institute Brasil (GFI), 47% dos brasileiros demonstram interesse em produtos plant-based mesmo sem abandonar completamente os alimentos de origem animal, sinal de que o público flexitariano é hoje o principal motor de crescimento do setor.
Para Cinthya Assis, diretora comercial da Usibras Alimentos, o posicionamento de marca, relacionamento com o varejo e foco na excelência do produto têm contribuido para a expansão dos produtos vegetais e da marca. Dados da NielsenIQ indicam que o segmento de alimentos e bebidas saudáveis cresceu 18,3% em valor e 7,4% em volume em 2023, muito acima da média geral do varejo brasileiro.
Inclusive, o Brasil também se consolida como um dos maiores produtores e exportadores de castanha de caju do mundo, o que contribui para o fortalecimento da cadeia produtiva das bebidas vegetais e derivados. Essa base agrícola nacional tem permitido o surgimento de novos produtos com identidade brasileira, de impacto reduzido e apelo nutricional crescente.
Mais do que uma tendência, o avanço das bebidas vegetais revela uma mudança cultural. Alimentar-se bem passou a ser uma escolha de propósito e as marcas que entenderem essa nova mentalidade tendem a ganhar espaço em um mercado cada vez mais exigente e informado.
Fonte: CNDL
