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Foto: Divulgação

“O valor do feito à mão”: empreendedoras paraibanas mostram como o fazer manual se tornou motor de transformação social

Histórias mostram exemplos que geram renda, autoestima e novos futuros para mulheres

29 de outubro de 2025

Em meio a histórias de superação e trabalho coletivo, duas trajetórias femininas inspiram a força do empreendedorismo na Paraíba. A primeira é de Aluska Barbosa, que transformou o período desafiador da pandemia em oportunidade ao criar um negócio na área de antepastos para presentes e eventos e que hoje conquista os clientes mais exigentes de João Pessoa. A segunda é a de Maria José, coordenadora de uma oficina de corte e costura do projeto Milagre Sertão, que oferece capacitação e novas perspectivas de renda em uma comunidade no sertão paraibano. Em comum, ambas mostram que o trabalho feito à mão pode costurar novos destinos e inspirar transformações reais.

Naturalmente inquieta e movida por boas ideias, Aluska Barbosa transformou os encontros entre amigos em um negócio de sucesso. Formada em Direito, ela já empreendia na área de personalização de eventos quando decidiu seguir o paladar e criar, em plena pandemia, a Alupast’s, marca especializada em antepastos, pães e massas artesanais. “A ideia surgiu em meio a encontros com amigos; a gente se reunia para tomar vinho e apreciar alguns aperitivos, daí veio o insight. Com a chegada da pandemia, iniciei o negócio”, relembra Aluska, que batizou a empresa com a junção de seu nome e da palavra “past ‘s”, referência aos antepastos que deram origem ao projeto.

O que começou na cozinha de casa ganhou corpo, sabor e reconhecimento. Hoje, a Alupast’s oferece uma ampla variedade de produtos. De cestas personalizadas a ilhas gastronômicas para eventos corporativos e sociais, a marca é sucesso nos eventos mais elegantes da capital. “Comecei literalmente com a cara e a coragem, sem investimento. Fiz cursos, testei receitas e estudei formas de armazenamento e conservação. Aos poucos, ampliei o cardápio e crescemos com muito cuidado, sempre prezando pela qualidade dos ingredientes e pelo caráter artesanal. Acredito que esse aspecto, em especial, é único e traduz muita afetividade”, conta a empreendedora. Com uma produção que alia charcutarias de qualidade, produtos importados e o melhor dos insumos locais, Aluska transformou o pequeno negócio em uma marca consolidada, conhecida pelo sabor, pela estética e pela experiência afetiva que entrega a cada cliente.

Em outro canto do estado, o mesmo espírito de reinvenção move Maria José, que também acredita no poder transformador do trabalho manual, mas o seu palco é outro: a sala de costura da Comunidade Serrote Baixo, em Algodão de Jandaíra, onde o projeto Milagre Sertão tem plantado esperança e oportunidades. À frente da oficina de corte e costura, ela coordena um grupo de mulheres que, entre linhas e tecidos, vêm costurando não apenas novas peças, mas também novas histórias de vida. As alunas, antes sem perspectiva de renda, agora colocam em prática o que aprendem nas aulas e, em um movimento de autonomia financeira, já prestam pequenos serviços à vizinhança. “A oferta de mão de obra já é uma realidade na comunidade. Reparos e consertos têm sido um grande destaque entre as praticantes, e tudo isso reflete na valorização pessoal das alunas”, conta a coordenadora.

O impacto do trabalho liderado por Maria José ultrapassa o aprendizado técnico, é também sobre autoestima, pertencimento e transformação social. “Mais do que modelagem e costura criativa, é um momento esperado pelas participantes, que relatam que aguardam ansiosamente pelos domingos no nosso ponto de encontro. Ao mesmo tempo em que aprendem, elas socializam. No cuidado de cada costura bem-feita, as participantes descobrem a força de seu próprio talento e percebem que o conhecimento é capaz de abrir portas”, conta Maria orgulhosa.

A força da mulher no artesanato – As trajetórias de mulheres como Aluska e Maria José se conectam diretamente ao trabalho desenvolvido pelo Programa de Artesanato da Paraíba, que há mais de duas décadas fortalece o empreendedorismo e a autonomia feminina no estado. Criado em 2003, o programa se consolidou como uma política pública efetiva que oferece capacitação, orientação, informação e acesso ao mercado para milhares de artesãos e artesãs. Segundo a gestora do programa, Marielza Rodriguez, a atuação paraibana dentro do mercado artesanal é significativa.

Conforme dados do Programa de Artesanato da Paraíba, as mulheres artesãs representam mais de 70% dos participantes cadastrados. A gestora destaca que o artesanato tem sido uma poderosa ferramenta de emancipação e independência financeira, principalmente para aquelas que conciliam o trabalho com o cuidado da família. “No Cariri, por exemplo, mais de três mil mulheres vivem da renda, enquanto no Agreste e no Brejo mais de duas mil labirinteiras e bordadeiras transformam a tradição em sustento. Essas mulheres trabalham no conforto de suas casas, mas o objetivo vai além da comodidade. Para elas, é importante se manter presentes na família. Elas são o sustento e o afeto ao mesmo tempo. Isso se estende para diversas outras trabalhadoras autônomas que usam das suas mãos para criar produtos incríveis”.

Sobre a tendência do feito à mão, Marielza afirma que o público tem uma preferência clara. “Quem busca o artesanal quer fugir do que é industrial e valoriza peças únicas, com identidade e história. O valor está no cuidado empregado em cada produto”, explica Marielza.

Histórias como as de Aluska Barbosa, Maria José e das milhares de artesãs revelam um movimento cada vez mais forte de mulheres que transformam talento em autonomia e criatividade em sustento. Seja na cozinha, na sala de costura ou em ateliês espalhados pelo estado, elas têm mostrado que o empreendedorismo feminino é, acima de tudo, um ato de resistência e construção coletiva. Unidas pela coragem de recomeçar, essas paraibanas costuram, amassam, moldam e reinventam seus caminhos, provando que o trabalho artesanal se mostra um dos fios mais potentes na teia do desenvolvimento social e econômico da Paraíba.

 

Fonte: Vivass Comunicação