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Foto: Freepik

Estudo inédito Akatu e DataRaça mapeia o mercado da população negra no Brasil

Pesquisa mostra que 55,5% dos brasileiros negros enfrentam discriminação no consumo, apesar de movimentarem R$ 1,9 trilhão por ano

15 de outubro de 2025

Hoje, dia 15 de outubro, em celebração ao Dia do Consumo Consciente — data instituída pelo Ministério do Meio Ambiente para estimular escolhas mais responsáveis e reflexões sobre os impactos do consumo no país — o Instituto Akatu e o Instituto DataRaça anunciam uma parceria inédita para o lançamento da pesquisa “O Consumo Invisível da Maioria: Percepções, gatilhos e barreiras de consumo da população negra no Brasil”, com realização técnica da Market Analysis.

 

O estudo prévio traz as primeiras tendências sobre o mercado da população negra, uma maioria que, apesar de sua relevância econômica, ainda enfrenta barreiras e invisibilidade. As conclusões iniciais, que ainda terão a amostra completa apresentadas no Fórum Brasil Diverso, no dia 10 de novembro, em São Paulo, já desenham um cenário de exclusão estrutural no consumo.

 

“Há uma incoerência profunda quando mais da metade da população brasileira, que se reconhece como negra, é tratada apenas como dado de mercado e não como protagonista da experiência de consumo. As marcas falam sobre diversidade em seus discursos, mas, na prática, essa maioria continua invisível nas relações de consumo, no atendimento, nos produtos e nos serviços. Com este estudo, buscamos tornar visível o que o mercado insiste em não ver e convidamos as empresas e sociedade a encarar suas contradições de frente com o espelho do Brasil real”, revela Lucio Vicente, Diretor Geral do Akatu.

 

Para Lucio, o estudo rompe o mito de que o racismo se limita a esferas institucionais: ele se manifesta nas relações diárias entre cliente e marca. “O racismo no consumo é velado, com casos de discriminação sendo sutis ou camuflados, corroendo a experiência de compra e a confiança”, conta. Os locais de compra são os principais cenários de discriminação, com lojas de roupa, supermercados e shopping centers liderando as menções, indicando que o corpo negro ainda é tratado como suspeito nos espaços que representam status e visibilidade.

 

O estudo é o retrato mais atual no Brasil a mapear, de forma estruturada e quantitativa, o comportamento de consumo da população negra, que representa 55,5% dos brasileiros — mais de 112 milhões de pessoas — e movimenta cerca de R$ 1,9 trilhão por ano. Apesar dessa relevância econômica, esse público ainda é sub-representado nas estratégias de marketing, comunicação e inovação de produtos.

 

“Essa pesquisa será um marco porque nos permitirá enxergar a maioria da população brasileira não apenas como estatística, mas como uma força econômica e social ativa. Entender o consumo da população negra é essencial para construir políticas, estratégias e marcas que realmente dialoguem com o Brasil real”, afirma Maurício Pestana, presidente do DataRaça e fundador do Fórum Brasil Diverso.

 

A pesquisa busca preencher essa lacuna, revelando dados inéditos sobre hábitos, preferências, motivações e barreiras de consumo, e oferecendo insights estratégicos para empresas e instituições que desejam desenvolver produtos, serviços e campanhas mais inclusivos e conectados ao mercado real brasileiro.

 

Com abrangência nacional, o levantamento utiliza metodologia quantitativa, com mil entrevistas online autoadministradas com pessoas negras autodeclaradas (pretas e pardas, conforme o IBGE), segmentadas por região, gênero, faixa etária e classe social. O estudo aborda temas como:

  • atributos que influenciam a escolha de marcas e produtos;
  • fatores de identificação e representatividade na comunicação;
  • barreiras de acesso, como preço, distribuição e desigualdades estruturais;
  • percepção sobre linguagem e posicionamento das marcas.

Para Maurício Pestana, os dados preliminares da pesquisa são robustos e confirmam um cenário já estabelecido na realidade brasileira. “Mesmo com a pesquisa ainda em andamento, já é possível observar algo muito nítido: para uma parte expressiva da população negra, o racismo também está no consumo. Ele aparece nas pequenas situações do dia a dia: no olhar, no atendimento, na ausência de representatividade. A maioria das pessoas entrevistadas reconhece essas desigualdades como parte da vida cotidiana, mesmo quando não são explícitas. É nesse espaço comum, onde todos compram e são atendidos, que a exclusão se revela de forma mais silenciosa, e é também ali que a mudança precisa começar”, completa.

 

Os resultados completos serão apresentados no Fórum Brasil Diverso, no dia 10 de novembro, em São Paulo. O evento — que reúne lideranças empresariais, especialistas e organizações comprometidas com diversidade e inclusão — poderá ser acompanhado presencialmente ou de forma online, com informações disponíveis em forumbrasildiverso.org.

 

Este anúncio, no Dia do Consumo Consciente, reforça que o ato de consumir também envolve visão estratégica e responsabilidade social — e que reconhecer a população negra como protagonista do mercado brasileiro é um passo essencial para um futuro mais inclusivo, inovador e competitivo.

 

Ao abordar o comportamento do consumidor, Lucio Vicente também destaca alguns resultados iniciais do estudo sob a ótica do comportamento do consumidor.“Mesmo com a pesquisa ainda em andamento, já é possível enxergar um padrão consistente: setores como moda, beleza e comércio eletrônico aparecem acima da média em percepção de inclusão e representatividade. Eles avançaram porque entenderam que o consumidor quer se ver nas marcas que escolhe. Já espaços de compra presenciais, como shoppings, supermercados e parte do varejo tradicional, seguem abaixo da média, ainda distantes de refletir a diversidade do país. A maioria das pessoas reconhece o esforço das marcas para falar sobre inclusão, mas ainda sente falta de coerência entre o discurso e a experiência real de consumo. E é essa coerência que, no fim, constrói confiança e gera mudança”, finaliza.

 

Fonte: Assessoria