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Foto: Divulgação

Polo Turístico Cabo Branco impulsiona cadeia produtiva e abre espaço para fornecedores locais

Do setor moveleiro ao artesanato, empresas da região se mostram prontas para suprir a alta demanda do complexo

13 de outubro de 2025

As obras do Polo Turístico Cabo Branco, em João Pessoa, avançam em ritmo acelerado e começam a redesenhar o futuro do turismo na Paraíba. O complexo, considerado o maior projeto turístico planejado em execução no Brasil, vai reunir hotéis, resorts, parque aquático, parque temático, além de espaços comerciais e de serviços.

Com a previsão de dobrar a capacidade de hospedagem do estado, que passará a contar com cerca de 30 mil leitos, o Polo será um marco para o desenvolvimento da região. Atualmente, dez empreendimentos já estão contratados, entre eles: Ocean Palace Jampa Eco Beach Resort, Amado Bio & SPA Hotel, Tauá Resort & Convention João Pessoa, Acquaí Parks & Resort, Holanda’s Gold Resort Club, Mardisa Hotel e Resort, W.A.M. Experience, Hotel Resort Setai, The Westin João Pessoa e o Parque Terra dos Dinos.

Somados, esses investimentos ultrapassam R$ 2,8 bilhões e deverão gerar cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos apenas na fase de construção. O impacto, no entanto, vai muito além dos canteiros de obras e abre caminho para o fortalecimento da cadeia produtiva local.

Para o presidente da Companhia de Desenvolvimento da Paraíba (CINEP), Rômulo Polari, o momento é de fortalecer o diálogo entre o setor produtivo paraibano e os investidores dos empreendimentos. “O Polo é um projeto muito grande, que vai precisar de materiais e insumos diversos. Estamos falando de quase 14 mil leitos em construção, o que naturalmente pressiona a capacidade de fornecimento. Algumas fábricas de blocos, por exemplo, já sentem os efeitos da demanda, e, em breve, o mesmo deve acontecer com outros setores responsáveis por abastecer hotéis e resorts”, avalia.

Segundo Rômulo, essa movimentação representa uma janela de oportunidades para empresas locais que consigam aliar qualidade, regularidade e escala. “Esses empreendimentos vão receber um público com alto poder aquisitivo, então a qualidade é o primeiro requisito. Mas também é preciso garantir regularidade e quantidade. O fornecedor precisa ser capaz de atender a longo prazo”, pontua.

Setor produtivo em ação

Algumas empresas já demonstram preparo para incorporar as novas demandas. É o caso da Cabanna Móveis, marca paraibana que há mais de uma década se inspira na natureza brasileira para criar móveis de área externa. Desde 2015, a empresa passou a fabricar suas próprias peças, apresentadas em feiras e eventos de decoração em todo o país. “A Cabanna já se posiciona para esse crescimento com uma estrutura produtiva robusta, tecnologia em processos e design autoral voltado para ambientes de alto fluxo, como piscinas, restaurantes e lounges. Nossos móveis unem conforto e resistência, essenciais para uso em resorts e hotéis, com soluções sob medida que valorizam cada projeto arquitetônico”, comenta Walker Cunha, diretor da Cabanna.

Identidade Paraibana

O Polo Turístico Cabo Branco também abre espaço para que a cultura e a identidade local estejam presentes em cada detalhe de seus empreendimentos. Atualmente, o estado reúne mais de três mil rendeiras na região do Cariri, além de núcleos tradicionais de cerâmica em comunidades quilombolas e uma forte tradição coureira. No distrito de Ribeira, em Cabaceiras, no Cariri Paraibano, cerca de 400 pessoas estão envolvidas na produção de artefatos em couro caprino, onde utilizam a entrecasca do angico, árvore nativa da caatinga, para realizar uma curtição natural e não poluente.

Segundo Marielza Rodriguez, gestora do Programa do Artesanato Paraibano, o Estado vem fortalecendo o setor com ações contínuas de qualificação e incentivo à profissionalização. “Desde 2019, o Governo do Estado vem dando visibilidade ao artesão local com uma política pública efetiva. Trabalhamos a base com capacitação, em parceria com o SEBRAE Paraíba, preparando o artesão para precificar corretamente, agregar valor e garantir acabamento e qualidade com identidade própria”, explica Marielza.

Essa preparação, segundo ela, tem impacto direto nas oportunidades que se abrem com o projeto. “Os empreendimentos do Polo Cabo Branco certamente vão absorver o artesanato em suas decorações, e alguns deles também contarão com espaços de comercialização das peças”, completa.

Sustentabilidade e mão de obra local

Em outro segmento da produção local, a fábrica de móveis ESSANTO, que atua há quase três décadas, demonstra a maturidade industrial do estado, com estrutura capaz de atender grandes empreendimentos hoteleiros. “Sabemos que os empreendimentos hoteleiros exigem peças com especificações técnicas precisas, durabilidade e acabamento compatível com o alto padrão, e é exatamente nisso que investimos”, explica Adeilton Pereira, sócio-diretor do Grupo OFFICINA, que integra a ESSANTO entre suas marcas.

No Nordeste, a ESSANTO consegue concluir projetos em prazos curtos e com custos mais competitivos que os praticados por fabricantes do Sul do país. A proximidade logística reduz tempo e despesas de frete, fatores importantes para o desempenho do cronograma das obras. “Temos uma estrutura que não deixa nada a desejar aos grandes polos fabricantes do país com tecnologias que garantem projetos 100% sob medida e uma gestão de qualidade preventiva. Além disso, por estarmos próximos, conseguimos garantir assistência rápida sempre que necessário”, argumenta Adeilton.

A fábrica também aposta em práticas sustentáveis, com uso de matéria-prima certificada e de reflorestamento, utilização de energia limpa e gestão eficiente de resíduos. Além disso, conta com a formação da própria mão de obra por meio de parceria com o Centro de Formação Educativo Comunitário (CEFEC), onde oferece cursos de marcenaria e oportunidades de primeiro emprego para jovens da região.

Este movimento em torno dos fornecedores locais tem gerado boas expectativas empresariais sobre os efeitos que trará para a economia paraibana como um todo. Ao fortalecer as cadeias produtivas regionais, o Polo do Cabo Branco tende a estimular novos investimentos, ampliar a geração de empregos e renda, e criar um ciclo virtuoso de desenvolvimento que reverbera em diversos segmentos da economia estadual. As primeiras operações turísticas do Polo estão previstas para o verão de 2026, com inaugurações contínuas até 2029, segundo a Cinep.

Fonte: Vivass Comunicação