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taxa de desocupação
Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

Nível de ocupação atinge 43,5% na Paraíba, o 2º menor do país; rendimento médio é de R$ 2.062

O indicador ficou 10 pontos percentuais abaixo da média brasileira (53,5%)

9 de outubro de 2025

 

Na Paraíba, do total de 3,2 milhões de pessoas com 14 anos ou mais de idade em 2022, 43,5% compunham a força de trabalho na condição de ocupados (cerca de 1,4 milhão), sendo as demais declaradas como desocupadas ou fora da força de trabalho. Essa proporção do contingente de ocupados em relação ao total da população é chamada de nível de ocupação, indicador que mostra o grau de utilização da força de trabalho disponível em um determinado território, sendo aqui considerado como recorte etário o total de pessoas de 14 anos ou mais de idade. No caso paraibano, seu resultado foi o 2º menor do país, ficando acima apenas do Piauí (43%). Além disso, ficou dez pontos percentuais (p.p.) abaixo da média brasileira (53,5%) e 2,1 p.p. inferior à do Nordeste (45,6%) que, por sua vez, teve a menor taxa entre as Grandes Regiões, conforme revelou a publicação Censo 2022 – Trabalho e rendimento (resultados preliminares da amostra), cujos resultados foram divulgados pelo IBGE, nesta quinta-feira (09).

A pesquisa revelou também que, da mesma forma que verificado no Brasil, na Paraíba a reconhecida diferença entre sexos permaneceu nítida em 2022, com percentuais de 53,7% para os homens e 34,2% para as mulheres. Na distribuição por cor ou raça, contatou-se uma certa proximidade entre os níveis de ocupação das pessoas autodeclaradas amarelas (48,8%) e pretas (46,9%), assim como entre os brancos (43,9%) e pardos (42,7%), a menor taxa ficando com os indígenas, com 41,4%. Fazendo o cruzamento de dados por sexo com os por cor ou raça, o levantamento também mostrou semelhanças nas categorias masculinas de cor/raça amarela (58,8%) e preta (57%), assim como entre a branca (53,8%) e parda (53%), enquanto a população de cor ou raça indígena apresentou nível de ocupação inferior tanto para homens (51,6%) quanto para mulheres (31,9%). Por outro lado, o nível de ocupação feminino mais elevado ficou com as pessoas de cor amarela (40,6%), havendo certa proximidade entre as pretas (36%) e brancas (35,3%), ficando as pardas com taxa um pouco menor, de 33,3%.

Esse levantamento mostrou também que o nível da ocupação na Paraíba, em 2022, se caracterizou por crescer com o aumento da idade, até alcançar o seu máximo no grupo etário de 35 a 39 anos (62,7%), passando, em seguida, a declinar continuamente, até atingir 10,2% no de 65 anos ou mais de idade. Ao longo de todas as faixas etárias, o nível da ocupação dos homens foi superior ao das mulheres. Na população com 35 a 39 anos de idade, o nível da ocupação dos homens atingiu 74,5% e o das mulheres, 51,8%.
Segundo a legislação brasileira, o trabalho de adolescentes de 16 ou 17 anos de idade é autorizado, desde que não seja em trabalhos prejudiciais à saúde, segurança e moralidade. Além destas condições, no caso dos adolescentes de 14 ou 15 anos de idade, o trabalho só é autorizado na condição de aprendiz. Em 2022, o nível da ocupação total do grupo etário de 14 a 17 anos foi de 6,5%, sendo 8,4% para os homens, e de 4,5% para as mulheres. Esse resultado decorre tanto dos fatores acima apontados, como também é reflexo da redução nas taxas de fecundidade constatadas nas últimas décadas.
Entre os 223 municípios paraibanos, 31 deles tiveram níveis de ocupação acima da média paraibana, destacando-se João Pessoa (53,8%), Santa Luzia (52,4%), Cabedelo (51,7%), Patos (51,6%), Campina Grande (51,5%) e Várzea (50,9%). Por outro lado, cinco municípios tiveram taxas abaixo de 20%, destacando-se Olho d´Água (14,9%), Lastro (18,2%), Areia de Baraúnas (18,3%), Vieirópolis (18,6%) e Matinhas (19,6%).
 
Homens são maioria entre os ocupados e possuem níveis de escolaridade mais baixos
Na Paraíba, do total de cerca de 1,4 milhão de pessoas ocupadas em 2022, 43% (599,9 mil) não possuíam o ensino médio completo, enquanto apenas 20,5% (285,9 mil) tinham o curso superior completo. Daquele total, cerca de 58,7% (818,7 mil) eram homens, enquanto os restantes 41,3% (574,8 mil) eram mulheres.
Considerando o cruzamento dos dados por sexo e nível de instrução, notou-se que as mulheres apresentaram escolaridade mais elevada que os homens. Enquanto 29,2% das mulheres ocupadas possuíam o nível superior completo, para os homens esse percentual alcançava 14,4%. Por outro lado, 51,7% dos homens ocupados não possuíam o ensino médio completo, enquanto para o caso das mulheres, o percentual era de 30,7%. Em relação à categoria de mais baixa instrução – sem instrução e fundamental incompleto – a representatividade masculina (36,7%) foi também superior à feminina (19%), em 2022.
 
Na Paraíba, indígenas, pretos e pardos ocupados possuíam níveis de escolaridade mais baixos
O recorte dos ocupados por cor ou raça indicou que as pessoas classificadas como de cor ou raça indígena e preta representavam as maiores proporções de ocupados sem instrução ou com fundamental incompleto, ambos com 36,7% cada (3.119 e 48.707 pessoas, respectivamente), seguidas pelas pardas, com 31,5% (239,4 mil). Com as menores proporções, ficaram as pessoas de cor amarela, com 21,9% (459 pessoas), e branca, com 24% (117,9 mil).
Além disso, temos as pessoas autodeclaradas de cor/raça indígena (51,3%), preta (51,4%) e parda (46%) apresentando os maiores percentuais de ocupados que não possuíam o ensino médio completo. No outro extremo, verificou-se que mais de um terço dos ocupados de cor ou raça amarela (35,6%), e mais de um quarto da população ocupada branca (27,6%), possuíam o ensino superior completo.
Na Paraíba, mais de 40% das ocupações se concentram nos serviços, comércio e atividades elementares
No que concerne à composição da população ocupada no trabalho principal por grandes grupos de ocupação, em 2022, a maior concentração foi no grupo de Trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados, com 22,1% (307,5 mil pessoas), vindo, em seguida, as Ocupações elementares, com 18,3% (254,8 mil). O terceiro grande grupo de ocupação a absorver mais pessoas ocupadas foi o de Trabalhadores qualificados, operários e artesãos da construção, das artes mecânicas e outros ofícios, que registrou 12% (167,1 mil) do total de ocupados. O grupo de Profissionais das ciências e intelectuais ficou com 11,2% (156,6 mil).
Mesmo tendo 41,3% de participação no pessoal ocupado total, o percentual de mulheres superou o de homens em três grandes grupos de ocupação: Profissionais das ciências e intelectuais (62,7%), Trabalhadores de apoio administrativo (62,3%) e Trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados (53,6%). Ressalte-se que a elevada participação de mulheres no grupamento Profissionais das ciências e intelectuais ocorreu, sobretudo, nas categorias Professores do ensino fundamental e Profissionais de enfermagem, ocupações bastante numerosas que apresentaram rendimento médio substancialmente abaixo da média do grupamento.
Por outro lado, cabe destacar que em dois grandes grupos a participação feminina foi bastante reduzida, inferior a 10%: Operadores de instalações e máquinas e montadores (7%) e Membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares (4,1%).
 
Censo 2022 revela concentração em cinco atividades econômicas e desigualdades entre os sexos
O censo 2022 também mostrou que, em cinco das 21 seções de atividade do trabalho principal, inseriam-se mais da metade (51,1%) do contingente estadual de ocupados. A seção Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas concentrava a maior proporção, com 17,6% das pessoas ocupadas (244,7 mil); seguida por Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com 9,2% (127,8 mil); Construção, com 8,5% (118,5 mil); Educação, com 8,2% (113,5 mil); e Indústrias de transformação, com 7,6% (105,6 mil). Além dessas cinco seções de atividade, outras quatro tiveram participação na população ocupada acima de 5%, em 2022: Saúde humana e serviços sociais (6,9%); Administração pública, defesa e seguridade social (6,4%); Atividades administrativas e serviços complementares (5,2%); e Transporte, armazenagem e correio (5,1%).
As distribuições das populações masculina e feminina nas atividades econômicas apresentaram significativas diferenças. No contingente de homens ocupados, 62,3% estavam concentrados em cinco seções de atividade: Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (18,2%); Construção (14,1%); Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (13,3%); Indústrias de transformação (8,5%); e Transporte, armazenagem e correio (8,2%). Na população feminina, as quatro principais seções de atividade ocupavam 53,9% das mulheres: Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (16,7%); Educação (14,2%); Saúde humana e serviços sociais (12,6%); e Serviços domésticos (10,4%).
O levantamento apontou que, independentemente da sua participação no total da população ocupada, existem seções de forte predominância masculina ou feminina. Serviços domésticos se caracterizou por apresentar a mais acentuada diferença, com 95,2% de pessoas ocupadas do sexo feminino. Outras atividades em que predominou a presença das mulheres foram: Saúde humana e serviços sociais (75,5%); Educação (72%); Outras atividades de serviços (64,3%); e Alojamento e alimentação (56%). Por outro lado, as seções de atividade com menor representatividade feminina foram Construção (2,4%); Transporte, armazenagem e correio (4%); e Indústrias extrativas (4,9%).
Participação feminina é maior entre os empregados e os trabalhadores auxiliares familiares
No que concerne à posição na ocupação no trabalho principal, a categoria que mais concentrou pessoal foi a de Empregados, com 68,5% (955 mil) do total dos ocupados, sendo que a absorção na parcela feminina (73,9%) foi maior que na masculina (64,8%). Os trabalhadores por conta própria (sem empregados) representavam 27,5% (383,3 mil) do total dos ocupados, enquanto os empregadores (com pelo menos um empregado) ficaram com 2,7% (37,8 mil), sendo que suas participações no contingente masculino foram mais elevadas que no feminino: somadas, representaram 34,4%, para os homens, e 24,3%, para as mulheres.
Na categoria Trabalhador não remunerado em ajuda a morador do domicílio ou parente, entretanto, ocorreu o inverso, com a participação das mulheres (1,7%) sendo maior que a dos homens (0,9%).
Na Paraíba, 59% dos ocupados recebiam 1 salário mínimo ou menos, enquanto 5% recebiam mais de 5 salários mínimos
O Censo 2022 constatou que, na distribuição dos ocupados com rendimentos de todos os trabalhos na Paraíba, a faixa com a maior concentração foi a que continha o salário mínimo (mais de ½ a 1 salário mínimo), com 38,1% (530,3 mil pessoas), seguida da de Mais de 1 a 2 salários mínimos, com 22,2% (308,8 mil). Os dados revelaram também que, enquanto 59% das pessoas recebiam 1 salário mínimo ou menos como rendimento do trabalho, apenas 5% da população possuía rendimentos superiores a 5 salários mínimos.
Paraíba tem o 6º menor rendimento do trabalho do país
A diferenciação dos rendimentos do trabalho é bastante expressiva também quando considerado o nível geográfico, refletindo, em parte, a distribuição das atividades econômicas pelo Território Nacional. Considerando o rendimento nominal médio mensal de todos os trabalhos, em 2022, o recorte por Unidades da Federação indicou que havia 18 delas com resultados de rendimento nominal médio mensal de todos os trabalhos abaixo da média nacional (R$ 2.851), e somente 9 delas acima desse valor, o que reforça o retrato das disparidades territoriais nesta temática. As seis Unidades da Federação que tinham os menores rendimentos médios de trabalho estavam situadas na Região Nordeste: Maranhão (R$ 1.855), Piauí (R$ 1.905), Bahia (R$ 1.945), Ceará (R$ 1.971), Alagoas (R$ 2.033) e Paraíba (R$ 2.062), ficando esta última com rendimento um pouco superior à média do Nordeste (R$ 2.015). Por outro lado, as Unidades da Federação que registraram os maiores rendimentos médios foram Distrito Federal (R$ 4.715), São Paulo (R$ 3.460) e Santa Catarina (R$ 3.391).
Diferenças de rendimento por sexo, cor/raça e níveis de instrução permanecem, na Paraíba
A reconhecida diferença entre sexos no quesito rendimento do trabalho permaneceu presente em 2022, com o rendimento nominal médio mensal de todos os trabalhos da população ocupada masculina (R$ 2.153) superando em 11,5% o das mulheres nessa condição (R$ 1.931). Já em relação aos níveis de instrução, a pesquisa constatou que o rendimento médio mensal dos ocupados com curso superior completo (R$ 4.577) era 4,3 vezes superior ao dos ocupados sem instrução e fundamental incompleto (R$ 1.072).
Já o recorte por cor ou raça mostrou resultados mais elevados para as categorias amarela (R$ 4.213) e branca (R$ 2.563), que registraram resultados acima da média estadual (R$ 2.062), sendo o primeiro rendimento o dobro desse valor estadual. Abaixo da média nacional, vieram as categorias de cor ou raça parda (R$ 1.814), preta (R$ 1.627) e indígena (R$ 1.506).
Na Paraíba, 65,1% do rendimento domiciliar vem do trabalho, a 2ª menor proporção do país
Analisando a participação percentual na composição do rendimento domiciliar da população residente em domicílios particulares permanentes na Paraíba, por tipo de rendimento, observa-se que o rendimento de todos os trabalhos compunha 65,1% do rendimento mensal domiciliar em 2022, ao passo que os 34,9% restantes provinham de outras fontes (aposentaria, pensão, benefícios de programas sociais do governo, rendimentos de aluguel ou arrendamento etc.).
Entre as Grandes Regiões, havia diferenças marcantes na composição do rendimento domiciliar desta população, com a participação do rendimento de todos os trabalhos variando de 67,9%, na Região Nordeste, a 80,6%, no Centro-Oeste, mostrando uma diferença de 12,8 pontos percentuais (p.p). Por Unidade da Federação, observa-se que todos os estados da Região Nordeste registraram uma participação do rendimento do trabalho na composição do rendimento domiciliar inferior a 70%, ficando Piauí (64,3%) e Paraíba (65,1%) com as menores participações do país.
Rendimento médio domiciliar per capita paraibano é o 9º menor do país
Em 2022, o rendimento mensal domiciliar per capita médio da população brasileira foi de R$ 1.638, ficando os menores valores nas Regiões Nordeste (R$ 1.072) e Norte (R$ 1.075), equivalentes a 65,4% e 65,6%, respectivamente, do rendimento domiciliar per capita nacional. Entre as Unidades da Federação, Distrito Federal (R$ 2.999), Santa Catarina (R$ 2.220) e São Paulo (R$ 2.093) foram as três que registraram os valores do rendimento mensal domiciliar per capita mais elevados. Por outro lado, Maranhão (R$ 900), Amazonas (R$ 980) e Pará (R$ 994) apresentaram os menores valores, ficando a Paraíba com o 9º menor valor (R$ 1098), um pouco acima da média nordestina.
Na Paraíba, os municípios paraibanos que tiveram valores de rendimento médio mensal domiciliar per capita acima de mil reais foram João Pessoa (R$ 1.879), Cabedelo (R$ 1.835), Campina Grande (R$ 1.373), Várzea (R$ 1.170), Patos (R$ 1.143), Cajazeiras (R$ 1.120), Santa Luzia (R$ 1.091), Guarabira (R$ 1.028) e Catolé do Rocha (R$ 1.018). Por outro lado, dezesseis municípios tiveram rendimento domiciliar abaixo de R$ 600, destacando-se Olho d´Água (R$ 506), Riachão do Poço (R$ 516), Marcação (R$ 547) e Gado Bravo (R$ 554).
21,3% da população paraibana possuía rendimento domiciliar per capita médio de até ¼ salário mínimo
Considerando a distribuição da população por classes de rendimento em salários mínimos, verifica-se que 21,3% (842,3 mil) da população paraibana possuía rendimento mensal domiciliar per capita médio de até ¼ salário mínimo, em 2022, a 11ª maior proporção entre as Unidades da Federação. Por outro lado, 21,4% (845,7 mil) da população tinha rendimento mensal domiciliar per capita médio de mais de 1 salário mínimo.
Desigualdade de renda domiciliar per capita paraibana é a 12ª maior do país, mas abaixo das médias do Brasil e Nordeste
Em 2022, o Índice de Gini do rendimento mensal domiciliar per capita médio foi de 0,542 para o Brasil, sendo que os valores mais elevados estavam nas Regiões Norte (0,545) e Nordeste (0,541), as duas regiões com os menores rendimentos mensal domiciliar per capita médio do país. Em relação às Unidades da Federação, Distrito Federal (0,584), Rio de Janeiro (0,574), Amazonas e Roraima, ambas com 0,572, foram as quatro que registraram os maiores valores do Índice de Gini. Por outro lado, Santa Catarina (0,452), Paraná (0,482), Rio Grande do Sul (0,484) e Rondônia (0,489) apresentaram os menores valores. A Paraíba ficou com Índice de Gini de 0,536, abaixo do encontrado para o Brasil e o Nordeste.
O Índice de Gini é um dos principais indicadores que medem as desigualdades na distribuição de rendimentos da população, considerando a distribuição como um todo e sintetizando-a em um único valor que varia de 0 a 1, sendo 0 a situação de perfeita igualdade na distribuição dos rendimentos e 1, de perfeita desigualdade, onde todo o rendimento estaria concentrado nas mãos de uma única pessoa.
Fonte: IBGE