
Estudo revela que renda de jovens periféricos cresce 72% com programa de inclusão produtiva
Dados divulgados pelo Juventudes Potentes, mostram que jovens tiveram o acesso ampliado ao mercado de trabalho e oportunidades a partir do apoio de organizações, empresas e governos
9 de outubro de 2025
A ‘Avaliação de Impacto’, realizada pelo Juventudes Potentes (JP) – programa articulado pela United Way Brasil (UWB) – revela os impactos do acesso à inclusão produtiva de jovens em situação de vulnerabilidade na cidade de São Paulo, que participaram da iniciativa nos últimos cinco anos. Realizado pelo Plano CDE, a avaliação aponta aumento de 72% na renda média mensal, de R$ 912,06 para R$ 1.567,26 das juventudes, acompanhado de queda expressiva no percentual de jovens fora do mercado de trabalho (de 74% para 39%) e os que nem buscavam emprego também reduziram em 20%.
Os dados indicam avanços importantes como a formalização do trabalho com 74% dos respondentes que trabalham (45% de todos os entrevistados) atuam com carteira assinada (CLT), índice acima da média nacional, historicamente marcada pela informalidade dessa população. Embora estejam inseridos principalmente em setores como comércio e serviços administrativos (45%), as juventudes demonstram maior interesse por áreas como tecnologia (21%) e saúde (20%).
Em relação ao acesso à formação profissional e acadêmica, cerca de 3 em cada 4 jovens estão estudando, sendo metade no ensino superior, dado expressivo diante das condições socioeconômicas dos jovens ouvidos pelo estudo.
O estudo foi realizado com 600 jovens de 16 a 29 anos que participaram do programa Juventudes Potentes nos últimos 5 anos, por meio de entrevistas telefônicas em julho de 2025. O estudo abordou aspectos de perfil socioeconômico, inserção no mercado de trabalho, escolaridade e percepções sobre os benefícios obtidos com a participação nos programas de inclusão produtiva. A análise revelou o impacto direto de formações e oportunidades oferecidas a essa juventude, marcada por interseccionalidades de gênero, raça e território. A maioria dos respondentes tem entre 18 e 24 anos, mulheres e, 56% se declaram negros residentes das zonas Sul e Leste da capital paulista.
O levantamento mostra os resultados de iniciativas a partir das ações do Fundo Territórios Transformadores (FTT) – iniciativa que seleciona e apoia organizações sociais nas zonas leste e sul da cidade oferecendo subsídios, conexões, formações nos territórios periféricos – e da Rede de Oportunidades (RO) – que divulga semanalmente vagas, cursos e outras oportunidades profissionais, selecionadas via WhatsApp, para jovens-potência – que buscam acesso a inclusão produtiva. O Juventudes Potentes é um movimento que atua com base na metodologia Impacto Coletivo, por meio da cooperação de jovens, empresas, governos e organizações da sociedade civil, para criar oportunidades de desenvolvimento com e para as juventudes e suas comunidades. O programa integra a Global Opportunity Youth Network (GOYN), uma aliança internacional de jovens, empresas, governos e organizações da sociedade civil liderada pelo Instituto Aspen.
Para complementar a análise do programa, foi realizado com o Estúdio Cais, o estudo Empresas Potentes, que reuniu percepções de 8 empresas (Accenture, EY, Lear, Magalu, P&G, PwC, Suzano e Zurich Santander), organizações sociais e jovens sobre boas práticas para a inclusão produtiva. A pesquisa aponta que companhias que integram a inclusão de jovens às estratégias de negócio, com metas claras de diversidade e acompanhamento próximo das lideranças, alcançam melhores resultados em permanência e desenvolvimento profissional.
Entre os principais destaques estão: a necessidade de tornar processos seletivos mais inclusivos e acessíveis, diversificar canais de divulgação de vagas em parceria com organizações sociais, garantir apoio logístico e financeiro para viabilizar a permanência em formações, e estruturar percursos de desenvolvimento contínuo que combinem competências técnicas e socioemocionais das juventudes.
“Os resultados da ‘Avaliação de Impacto’ comprovam que investir nas juventudes é investir em desenvolvimento econômico e social. Nos últimos cinco anos, vimos avanços concretos em empregabilidade, renda e principalmente no potencial que os jovens têm, apesar das barreiras socioeconômicas que os invisibilizam. O estudo Empresas Potentes reforça que as empresas têm papel decisivo nesse processo, ao adotar práticas mais inclusivas de formação, recrutamento e desenvolvimento de talentos. A inclusão produtiva precisa ser encarada como prioridade de políticas públicas e estratégias empresariais para que assim, as juventudes sejam de fato reconhecidas pela potência que são”, afirma Gabriella Bighetti, CEO da United Way Brasil.