
Acne tardia desafia mulheres adultas com lesões persistentes e dolorosas
Especialista da Afya Educação Médica alerta sobre causas hormonais, influência do estresse e riscos de tratamentos inadequados
23 de julho de 2025
Apesar de ser comumente associada à adolescência, a acne também pode aparecer ou reaparecer na vida adulta. Esse quadro, conhecido como acne tardia, tem se tornado cada vez mais frequente, principalmente entre mulheres com mais de 25 anos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cerca de 40% das mulheres adultas convivem com o problema.
Segundo a médica professora da pós-graduação de Dermatologia da Afya Educação Médica, Marla Rocha, a acne tardia está relacionada a uma série de fatores, sendo os hormonais os mais comuns. “Esse tipo de acne, que surge após os 25 anos, está frequentemente ligado a alterações hormonais, como as provocadas pela síndrome dos ovários policísticos (SOP), uso inadequado de anticoncepcionais ou até mesmo a interrupção deles. Nas mulheres, essa oscilação hormonal é mais marcante, especialmente após os 30 anos, o que explica a maior incidência nesse público”, destaca.
Diferente da acne juvenil, que costuma atingir a zona T do rosto — testa, nariz e bochechas —, a acne tardia se concentra no terço inferior da face, como queixo, mandíbula e pescoço, com lesões mais inflamadas e persistentes. “Além da localização, essas lesões costumam ser mais dolorosas e profundas, o que exige atenção e tratamento adequado”, afirma a professora da Afya Educação Médica.
Para lidar com o problema, o tratamento deve ser individualizado e prescrito por um profissional médico. “Os protocolos mais eficazes envolvem uma abordagem combinada, que inclui desde a limpeza adequada da pele, uso de retinoides tópicos, antibióticos ou antiandrógenos orais — como a espironolactona — até o uso da isotretinoína em casos mais graves. O acompanhamento com dermatologista é essencial para definir a melhor estratégia para cada paciente”, reforça Marla.
Outro ponto importante é o impacto do estilo de vida no surgimento e agravamento da acne. Segundo a médica, o estresse, a má alimentação e o uso de cosméticos inadequados são fatores que não devem ser ignorados. “O estresse aumenta o cortisol, que por sua vez estimula a oleosidade da pele, favorecendo inflamações. Dietas ricas em açúcar, laticínios e alimentos ultraprocessados também estão associadas ao agravamento do quadro. Além disso, cosméticos comedogênicos — que obstruem os poros — podem piorar ainda mais a situação”, alerta.
Além do desconforto físico, a acne tardia pode afetar significativamente a autoestima e a saúde mental de quem convive com o problema. “Muitos pacientes relatam vergonha, insegurança no trabalho e dificuldades em interações sociais. Por isso, tratar não é apenas uma questão estética, mas também de bem-estar emocional”, conclui.