
7 lições da China para empreendedores brasileiros inovarem com visão de futuro
Executivo brasileiro revela aprendizados de imersão no ecossistema chinês: do planejamento secular à automação empática
21 de julho de 2025
Em tempos de disrupção digital e mudanças aceleradas, olhar para a China é mais do que acompanhar tendências — é vislumbrar o futuro em tempo real. Enquanto muitos países ainda se adaptam à transformação digital, o gigante asiático avança em ritmo próprio, unindo tecnologia de ponta, planejamento de longo prazo e uma cultura empresarial marcada pela disciplina e pela coletividade.
Foi o que constatou o executivo brasileiro Jhonatan Teixeira, diretor de Operações da Farmarcas, durante uma recente imersão em ecossistemas de inovação chineses. Em uma jornada por Pequim, Shanghai e Shenzhen, Teixeira visitou gigantes como Alibaba Health e JD Health, além da emergente Taimi Robotic Technology, e voltou com insights que podem reorientar o modelo de gestão no Brasil.
“A China não é apenas uma nação moderna — é uma civilização que pensa em séculos, não em ciclos de governo. Isso molda um povo que valoriza o coletivo, a hierarquia e o esforço coordenado. Para o gestor brasileiro, muitas vezes focado apenas no curto prazo, é um choque de perspectiva”, afirma o executivo.
A seguir, veja 7 aprendizados fundamentais que a experiência chinesa pode oferecer aos empreendedores brasileiros — e por que adotar essa visão pode ser o diferencial competitivo para os próximos anos.
1. Planejamento de longo prazo é ativo estratégico – Na China, o pensamento estratégico transcende eleições, mandatos e modismos. O país se move com uma lógica de continuidade, projetando suas ações para décadas ou até séculos à frente. “Essa visão estrutural permite que empresas invistam em soluções robustas sem a pressão do retorno imediato”, observa Teixeira. No Brasil, ainda predomina o imediatismo. Incorporar uma mentalidade de longo prazo pode representar uma virada decisiva para negócios sustentáveis.
2. Hierarquia e disciplina coletiva não limitam — potencializam – Embora seja uma sociedade hierárquica, a China mostra que o respeito à autoridade e o esforço coordenado criam ambientes mais eficientes e menos fragmentados. Para os brasileiros, que muitas vezes priorizam a flexibilidade, a lição é clara: a liberdade sem estrutura pode limitar o crescimento.
3. O futuro do varejo é profundamente integrado – Nas farmácias chinesas, a experiência do cliente é totalmente diferente do modelo tradicional. O ambiente físico está conectado a plataformas digitais, sistemas de dados e atendimento remoto — transformando o ponto de venda em um minicentro de saúde.
“O digital e o físico não competem, se complementam. Isso vai muito além do omnichannel que conhecemos aqui”, afirma Teixeira. Empresas como JD.com utilizam IA preditiva, big data e logística autônoma para conectar vendas, saúde preventiva e relacionamento com o cliente em uma mesma jornada.
4. Robôs e automação com empatia – A Taimi Robotic Technology, por exemplo, desenvolve robôs que recepcionam clientes, identificam necessidades, indicam produtos, verificam interações medicamentosas e finalizam pedidos — tudo com uma abordagem acolhedora. “É o que chamo de automação empática: uso da tecnologia sem perder o toque humano”, diz o executivo.
5. Infraestrutura tecnológica é pilar, não extra – Um dos principais choques de realidade veio ao perceber como empresas chinesas tratam investimento em tecnologia e dados: não como custo, mas como estrutura básica. “Enquanto muitas empresas brasileiras ainda operam com sistemas desconectados e foco no custo imediato, lá se investe em dados, integração e logística inteligente como condição de existência.”
6. Inovação nasce da colaboração entre setores – Outro destaque da imersão foi o que os chineses chamam de guanxi: redes de confiança e parceria entre empresas, governo, universidades e centros de pesquisa. Essa articulação sistêmica acelera a inovação e evita disputas infrutíferas entre setores. “No Brasil ainda somos muito fragmentados. Lá, há sinergia institucional. Isso faz diferença.”
7. Cultura coletiva fortalece propósito e execução – Desde a construção da Muralha da China até os hubs de tecnologia de hoje, a ideia de um propósito coletivo permeia as decisões. Isso cria uma cultura voltada à entrega em larga escala e à perenidade. “O Brasil é criativo, mas por vezes disperso. A China mostra que disciplina, estratégia e visão coletiva podem viabilizar soluções consistentes e escaláveis — seja na iniciativa privada ou nas políticas públicas.”
Para Teixeira, o varejo de saúde brasileiro vive uma janela histórica de transformação. Mas para aproveitá-la, será necessário mudar o modelo mental — e correr riscos estratégicos. “O futuro será digital, preditivo e descentralizado. Quem investir em plataformas inteligentes, dados confiáveis e fluidez entre canais vai liderar. O que vimos na China não é uma previsão: já está em curso”, conclui.
Fonte: Assessoria