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Foto: Divulgação

Cida Medeiros: “Mulheres na liderança podem incentivar uma cultura organizacional baseada na equidade e inclusão”

CEO do Grupo Delta fala sobre equidade de gênero, desafios do setor e o futuro da construção civil com mais mulheres no comando

17 de julho de 2025

Em um setor historicamente dominado por homens, Cida Medeiros surge como uma força revolucionária. CEO do Grupo Delta, ela não apenas comanda uma das empresas mais relevantes do ramo da construção civil, mas também personifica a mudança que deseja ver no mundo corporativo. Com 85% do quadro administrativo formado por mulheres e iniciativas pioneiras de inclusão, Cida desafia estereótipos e prova que a diversidade de gênero é um catalisador de resultados excepcionais.

Na entrevista abaixo, ela aborda os obstáculos que as mulheres ainda enfrentam — desde a falta de infraestrutura nos canteiros de obra até as disparidades salariais — mas também aponta caminhos: industrialização do setor, liderança feminina e ambientes colaborativos. Para ela, o futuro da construção civil passa inevitavelmente por mais mulheres não só nos canteiros, mas também à frente das decisões, trazendo organização, sensibilidade e eficiência.

Confira:

Como você avalia o crescimento da participação feminina na construção civil nos últimos anos e quais fatores têm contribuído para essa mudança?

Sem dúvida, tem aumentado a participação feminina na construção civil nos últimos anos. Porém, temos consciência dos obstáculos a serem vencidos, como a igualdade de oportunidades. Como líderes de grandes empresas, temos que ter o compromisso de promover a equidade, o respeito dentro das empresas. A informação, sem dúvida, tem sido um fator importante para essa mudança.

Quais são os principais desafios que as mulheres ainda enfrentam para se consolidar em um setor tradicionalmente masculino como a construção civil?

Os desafios são inúmeros, que vão desde a infra estrutura em alguns canteiros de obra, diferença de salários entre homens e mulheres. Para continuarmos evoluindo, sem dúvida, temos que, primeiro, entender onde estamos em termos de desenvolvimento e discutirmos essa pauta para sabermos onde queremos chegar.

Além da diversidade de gênero, quais outras transformações você acredita que são necessárias para modernizar e tornar o setor mais inclusivo?

Penso que temos que romper com o modelo de construção artesanal, onde temos retrabalhos, desorganização nos canteiros de obra e irmos em busca da industrialização do setor. Isso vai nos dar mais condições de receber mais mulheres nos canteiros de obra.

Como a presença de mulheres em cargos de liderança pode influenciar a cultura e os resultados das empresas do setor?

Mulheres na liderança podem sim incentivar uma cultura organizacional baseada na equidade, inclusão, o que transforma o ambiente de trabalho mais respeitoso, humanizado e colaborativo. Ter um ambiente colaborativo implica em aumento de produtividade.

No caso do Grupo Delta, quais iniciativas têm sido implementadas para promover a equidade de gênero e atrair mais talentos femininos?

O Grupo Delta tem no seu DNA, a inclusão. 85% do seu efetivo administrativo, são mulheres. Temos a CEO, Diretora, Engenheiras, técnicas e tantas outras na mão de obra direta. Temos um acompanhamento com essas mulheres, através de uma equipe multidisciplinar, formada por enfermeira e psicóloga, onde, de forma pioneira, está sendo desenvolvido um trabalho de atenção a todas essas mulheres. Isso nos dá a segurança de estar proporcionando um ambiente saudável para todas.

O Grupo Delta tem mulheres em todos os canteiros de obras. Como isso impacta a dinâmica e os resultados dos projetos da empresa?

Mulheres costumam apresentar altos níveis de organização e atenção aos detalhes, o que tem contribuído para a redução de retrabalhos, independente da área de atuação. A presença de mulheres em nossos canteiros contribui para a criação de um ambiente mais respeitoso. Estamos convictos que essa diversidade contribui para a evolução de todos.

Qual é a sua visão para o futuro da construção civil no Brasil, especialmente no que diz respeito à participação feminina e à inovação no setor?

Sou otimista com relação ao futuro. O setor da construção civil tem mudado, tem evoluído significativamente e temos que estar engajados nessa revolução, trazendo para o setor, processos que diminuam cada vez mais, a necessidade da força bruta, dando prioridade ao uso de equipamentos modernos. Penso que teremos cada vez mais mulheres em nossos canteiros e em especial na mão de obra direta. Vejo que teremos serviços de acabamento feito por mãos femininas, com toda atenção e dedicação.

Fonte: Marília Domingues