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Governo da PB apoia participação de empreendedoras na Expo Favela Innovation em Paris

Com apoio do Governo da Paraíba, Nevinha (Shopping Rural) e Mãe Érika (Casa do Axé) representam o Brasil na Expo Favela Innovation

17 de junho de 2025

Duas empreendedoras paraibanas vão participar, nos dias 4 e 5 de julho, da Expo Favela Innovation, que vai acontecer em Paris e que promove intercâmbio entre iniciativas econômicas e comerciais brasileiras e francesas. O detalhe é que ambas são mulheres periféricas que foram selecionadas pelas etapas estadual e nacional do evento e na capital francesa vão apresentar os casos de sucesso dos seus respectivos empreendimentos.

A Expo Favela é uma ação organizada pela Central Única de Favelas (Cufa), que tem como presidenta a jornalista paraibana Kalyne Lima, e desde 2022 a etapa paraibana é realizada com apoio do Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-PB). O objetivo da iniciativa é estimular o empreendedorismo de pessoas periféricas e assim dar protagonismo e dignidade às ações empresariais realizadas nas favelas.

As paraibanas que vão para Paris são Maria das Neves e Silva, mais conhecida como Nevinha, e Mãe Érika de Oxum. A primeira é responsável por inaugurar o primeiro Shopping Rural do país, no município de Conde, e a segunda é uma mãe de santo que lançou a Casa do Axé, loja de João Pessoa especializada em roupas religiosas de matrizes africanas.

Para Nevinha, inclusive, a ida à França é uma oportunidade de contar a sua história e de falar um pouco sobre um projeto que, segundo ela, transformou a sua vida; e que hoje é responsável por criar cerca de 500 empregos diretos e indiretos. “A pessoa que não tinha nem o seu próprio emprego, e que agora gera todos esses, é mesmo uma transformação de vida”, atesta, orgulhosa.

O Shopping Rural está localizado no Sítio Tambaba, em Conde, Litoral Sul da Paraíba, e reúne num mesmo espaço 10 lojinhas, uma série de restaurantes, e também pequenos hotéis e áreas de camping. Foi fundado em 2013, por Nevinha e por sua mãe, hoje movimenta a economia da comunidade e recebe centenas de turistas todos os dias. “Adquirimos uma mentalidade empreendedora que vai completar 12 anos de história”, comemora.

Mãe Érika de Oxum, por sua vez, destaca que seu negócio começou como resistência e resposta ao racismo religioso existente no país. Ela é a terceira geração de uma família que é responsável por um terreiro matriarcal e conta que, durante muito tempo, tinha dificuldades de comprar roupas de sua religião porque não tinha quem as confeccionassem, por puro preconceito. Até que, por volta de 2020, ela resolveu abrir a sua própria confecção especializada em roupas religiosas.

“Investimos de início R$ 2 mil, para comprar tecidos e uma máquina de costura. Hoje empregamos mais cinco mulheres de terreiro, como costureiras, e temos um retorno de aproximadamente R$ 10 mil mensais”, explica.

Mãe Érika comenta que a decisão de contratar mulheres de terreiro é para dar dignidade a pessoas que têm dificuldades de arranjar empregos em outros espaços justamente por causa do racismo religioso, e que hoje ela consegue ampliar ainda mais o negócio.

“Vendemos nossas roupas para as pessoas dos terreiros, mas já conseguimos levar a nossa moda para além desses espaços. Vendemos também para simpatizantes que vão até a nossa loja para adquirir os produtos”, pontua.

A loja está localizada no Bairro Padre Zé, em João Pessoa, e desde 2023 o pequeno negócio deu uma guinada. “No início, vendíamos quatro ou cinco peças por mês. Hoje essa é a quantidade que vendemos por dia”, explica.

Pedro Santos, secretário de Estado da Cultura da Paraíba, comenta a parceria entre poder público e terceiro setor e destaca que foi o apoio da Secult-PB na realização da Expo Favela Paraíba que ajudou na visibilidade das empreendedoras paraibanas. “A partir de um histórico de parcerias entre o Governo do Estado e a Cufa é que recebemos esse convite para participar em Paris da Expo Favela Innovation. É uma possibilidade de conversarmos sobre parcerias e iniciativas que promovem o empreendedorismo em favelas”, explica.

Já Kalyne Lima, da Cufa, destaca a importância de superar as fronteiras brasileiras e promover o intercâmbio dessas empreendedoras com outros mercados e outros países. “O ecossistema da Expo Favela tem a missão de horizontalizar os saberes e colocar os empreendedores das favelas no mesmo patamar de outros negócios. Queremos que eles tenham consciência de suas potências enquanto empreendedores”, resume.

A Expo Favela Innovation acontece em Paris pelo segundo ano consecutivo. Na primeira edição, em 2024, empreendedores de Maranhão e Ceará foram ao evento. Neste ano, estreiam no evento, além da Paraíba, os estados de Amapá e Rio de Janeiro.