
Calor extremo, alta do milho e exportações elevam preço do ovo, mesmo com produção recorde
Alta de 15,4% em fevereiro surpreende consumidores e reflete impactos do calor, insumos caros e aumento das exportações.
19 de março de 2025
O preço dos ovos disparou em 2025, tornando-se um dos principais responsáveis pela alta da inflação no setor de alimentação. Em fevereiro, o aumento chegou a “15,4%”, surpreendendo consumidores e levantando questionamentos sobre os motivos dessa valorização. O curioso é que essa escalada de preços ocorre “após um ano de recorde na produção”: em 2024, o Brasil produziu “4,67 bilhões de dúzias de ovos”, um crescimento de “10% em relação ao ano anterior”.
A explicação para esse cenário envolve uma combinação de fatores. A “sazonalidade” tem um papel importante, já que a demanda cresce no período da Quaresma, quando muitas pessoas reduzem o consumo de carne vermelha. Além disso, o “calor intenso” afetou a produtividade das aves, reduzindo em até “10%” a produção em algumas granjas. Outro fator crítico foi a alta nos custos dos insumos, como o “milho”, principal componente da ração, que subiu “40% desde março de 2024”.
A “exportação também cresceu”: em fevereiro de 2025, os embarques aumentaram “57,5%”, principalmente para “Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos e Chile”. No entanto, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirma que as exportações representam “menos de 1% da produção nacional”, não sendo o principal fator para a alta dos preços.
Diante do impacto no bolso do consumidor, o governo federal se posicionou sobre o assunto. Em um evento recente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou estar buscando explicações para a disparada dos preços, mencionando o calor e o papel dos intermediários na cadeia produtiva.
Enquanto o setor tenta se equilibrar, os preços seguem elevados. Em março, a cotação média do ovo em Bastos (SP), principal região produtora, é de “R$ 210,19 por caixa de 30 dúzias”. Especialistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicam que os valores podem começar a se estabilizar após a Quaresma, caso a produção consiga se recuperar.
Agropecuária Brasileira Bate Recordes em 2024
Apesar dos desafios enfrentados pelo setor de ovos, a agropecuária brasileira teve um desempenho excepcional em 2024. O Brasil registrou “recordes no abate de bovinos, frangos e suínos”, impulsionado pelo aumento da demanda interna e pelo crescimento das exportações.
Recorde no Abate de Bovinos
O abate de bovinos atingiu “39,27 milhões de cabeças”, um aumento de “15,2% em relação a 2023”. Esse volume supera o recorde anterior, registrado em 2013. O Mato Grosso foi o estado com maior participação no abate, seguido por Goiás e São Paulo.
O mercado externo contribuiu para esse crescimento. O Brasil exportou “2,55 milhões de toneladas de carne bovina” em 2024, com destaque para a “China (52% do total)” e os “Estados Unidos, que aumentaram suas compras em 93,8%”.
Produção Recorde de Frango e Suínos
O setor de aves também bateu recordes, com “6,46 bilhões de frangos abatidos”, um crescimento de “2,7%”. O Paraná liderou a produção, enquanto Santa Catarina e Rio Grande do Sul completaram o pódio. O Brasil se consolidou como o “maior exportador mundial de carne de frango”, com destaque para as vendas para “China, Japão e Arábia Saudita”.
Já o abate de suínos cresceu “1,2%”, totalizando “57,86 milhões de cabeças”. O aumento da demanda internacional, especialmente da “China e das Filipinas”, impulsionou esse resultado.
Perspectivas para o Setor
Enquanto o mercado de carnes continua aquecido, o setor de ovos deve enfrentar um período de ajuste. Se os preços dos insumos se estabilizarem e as granjas recompuserem sua capacidade produtiva, o custo para o consumidor pode começar a cair nos próximos meses.
Ainda assim, a pressão inflacionária gerada pelos ovos reforça a necessidade de políticas que ajudem a reduzir os custos da produção agrícola no Brasil, garantindo maior previsibilidade para produtores e consumidores.