Robô de limpeza de painéis solares a seco já economizou 1,5 milhões de litros de água
Inovação da Solar Bot automatiza o serviço, reduzi a zero o uso de água, além de ser uma alternativa mais rápida e barata que a tradicional
23 de dezembro de 2024
O setor de energia solar tem registrado um forte crescimento nos últimos anos. Dados recentes da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar) apontam que o segmento ultrapassou a marca de 46 GW de capacidade instalada no Brasil, equivalente a 19,5% da matriz elétrica do país. Isso significa um aumento de investimentos tanto em usinas de grande porte, conhecidas pela geração centralizada, quanto em sistemas menores, que correspondem aos residenciais e comerciais, chamados de geração distribuída.
Enquanto o mercado foca no crescimento da geração e consumo da energia solar, o brasiliense Rédytton Brenner voltou seu olhar para uma necessidade já presente no segmento: a área de operação e manutenção dos painéis solares. Formado em Engenharia Mecatrônica pela Universidade de Brasília (UnB), Brenner sempre quis empreender. A oportunidade surgiu quando a empresa em que ele trabalhava foi contratada para serviços de limpeza de painéis de uma grande usina.
“No modelo tradicional, esse tipo de serviço é feito por diversas pessoas em cima dos painéis, e o consumo da água é excessivo. Há lugares do país em que se contrata inclusive um caminhão pipa. A gente acompanhava o serviço e pensava: deve existir um meio mais ágil e com menos risco para fazer isso”, conta Rédytton.
Ao fazer um benchmark em outros países, encontrou alguns lugares avançados no uso de robôs para limpeza dos painéis. “Foi quando tivemos que decidir entre importar a tecnologia ou desenvolver no Brasil”, destaca.
Assim surgiu a Solar Bot em 2021, na capital federal. Brenner levou a startup para dentro do parque tecnológico da UnB para desenvolver a ideia até chegar a um protótipo que fosse testado e estivesse apto para ser demonstrado em eventos e rodas de investimento. “Nosso robô foi totalmente desenvolvido pelo time de engenharia. Com equipe super capacitada, conseguimos fornecer o melhor serviço de operação e manutenção para as usinas”, garante Brenner.
Em abril de 2024, a Solar Bot passou a operar comercialmente com o primeiro robô de limpeza de painéis solares nacional, totalmente autônomo e sem uso de água, fornecendo uma solução de limpeza automatizada e com baixo custo. Somente no período de abril a agosto de 2024, limpamos 340 mil painéis, o que representa 170 megawatts (MW) e uma economia de 1,5 milhão de litros de água.
Diferenciais
“Desenvolvermos um robô para esse tipo de solução já foi algo disruptivo, quando não havia nada assim no Brasil”, enfatiza Brenner. E acrescenta: “No mundo, localizamos 28 players que atuam com robôs que utilizam água e apenas três a seco. Desses, pelo menos 26 são de vendas do robô e o restante é prestação de serviço”. Além disso, ele destaca que, por sua solução ser robotizada, a limpeza dos módulos chega a ser até oito vezes mais rápida e seis vezes mais barata que a solução tradicional.
O uso do robô evita danos às superfícies, atesta a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que, ao avaliar a qualidade da limpeza da Solar Bot, verificou que a possibilidade de dano é muito baixa, podendo chegar a 1% de queda na potência de watts do painel em 20 anos. No mercado, a limpeza tradicional pode levar ao mesmo dano em apenas cinco anos. Com o atestado de qualidade, a startup agora busca certificação por fabricantes: “Nosso robô é o único no mundo ajustável por tamanho de módulo solar”.
Investimento
Em fevereiro de 2024, a Solar Bot finalizou uma captação de recursos por meio de plataforma de investimentos em startups, a Eqseed, que chegou a R$ 650 mil. Em paralelo, investidores-anjo totalizaram R$ 1,1 milhão em investimentos na marca. O montante possibilitou à startup dar início a sua operação comercial em abril, além de fazer os ajustes necessários para levar o robô a campo.
De acordo com Brenner, para além do investimento, outro diferencial no processo foi apresentar o protótipo para o mercado e circular por ambientes que respiram e inspiram inovação.
“Nosso escritório fica no mesmo prédio do Sebrae Lab, em Brasília, que fica dentro do parque tecnológico Biotic, o que nos permite estar sempre em iniciativas e palestras realizadas por lá”, comenta.
O network e a imersão no ecossistema inovador renderam frutos muito promissores: “Fomos selecionados entre os Top 30 do Sebrae, participamos do Startup Summit e fomos convidados pelo Sebrae para representar o Brasil na missão em Singapura (Ásia), que acontece em outubro”, celebra Brenner. O empreendedor não esconde que já tem planos para o desenvolvimento de outro robô, ainda mais inovador. Para isso, no próximo ano, pretende passar por uma nova rodada de captação.
Fonte: ASN
