DATAGRO destaca que uso de etanol em termelétrica de CG é um avanço estratégico para o Brasil
Economista da DATAGRO afirma que a adoção de etanol na geração de energia é um passo importante para o Brasil e para a navegação marítima.
23 de dezembro de 2024
O uso de etanol em termelétricas fortalece a posição do biocombustível como alternativa viável tanto para a geração de eletricidade quanto para aplicações na navegação marítima.
Na última quinta-feira (19), o renomado economista Plínio Nastari, presidente da consultoria agrícola DATAGRO, esteve em João Pessoa para participar de um evento em homenagem ao senador Efraim Morais, realizado na sede da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan). Durante a ocasião, o Dr. Nastari comentou sobre a possibilidade de transição da termelétrica Borborema Energética, do Grupo Bolognesi, localizada em Campina Grande, para o uso de etanol em substituição aos combustíveis fósseis.
“É muito importante o desdobramento que está ocorrendo com a possibilidade da termelétrica Borborema utilizar etanol para geração de eletricidade porque consolida a possibilidade do etanol ser utilizado em motores não só para geração térmica, mas também para navegação marítima”, destacou o economista.
Nastari ressaltou ainda que a Wärtsilä, fabricante dos motores que serão utilizados na termelétrica de Campina Grande, é um dos maiores fornecedores mundiais de motores para o setor marítimo. Segundo ele, a implementação do etanol na Borborema termelétrica servirá como uma demonstração concreta de que o biocombustível é uma alternativa viável e sustentável para essas aplicações.
“O mercado potencial para uso térmico é muito grande. A expansão da geração de energia eólica e solar exige o uso de uma fonte térmica complementar e o etanol se apresenta como uma solução extremamente completa. Ele permite garantir uma geração totalmente renovável, combinando eólica, solar e térmica a partir do etanol”, explicou.
No segmento de navegação marítima, o economista apresentou dados impressionantes sobre o potencial de mercado. “Estamos falando de uma demanda potencial de 225 milhões de toneladas de etanol. Considerando que a produção mundial atual é de aproximadamente 90 milhões de toneladas, trata-se de um mercado 2,5 vezes maior que a produção global. Por isso, a demonstração do uso do etanol na termelétrica Borborema é extremamente estratégica e um avanço que deve ser comemorado pelo Brasil inteiro, não apenas pela Paraíba”, concluiu Dr. Plínio Nastari.
Termelétricas da Paraíba enfrentam desafios para continuar funcionando
Duas usinas termelétricas na Paraíba — a Borborema Energética, do Grupo Bolognesi, em Campina Grande, e a EPASA, em Santa Rita — enfrentam o risco de fechamento.
Em busca de soluções, o presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado da Paraíba (Sindalcool-PB), Edmundo Barbosa, tem mobilizado autoridades políticas e o setor energético nacional para garantir a continuidade das operações até os leilões e preservar os investimentos de 1,5 bilhões de dólares, realizados pelas duas empresas, no estado.
“Precisamos agendar um encontro com a ANEEL para sensibilizar a agência sobre o interesse da Paraíba e do Brasil”, afirmou o presidente-executivo do Sindalcool-PB.
As termelétricas propõem uma alternativa alinhada com a transição energética: a conversão de combustíveis fósseis para etanol anidro, gás natural e biometano.
Segundo Edmundo Barbosa, a UTE Borborema poderá se tornar a primeira termelétrica do Brasil a operar com etanol anidro em até dois anos. “Seriam 250 mil litros de anidro por dia, etanol produzido por 20 mil trabalhadores paraibanos. As usinas da Paraíba têm capacidade produtiva para atender a demanda”, destacou.
Já a EPASA, que opera as usinas Termoparaíba e Termonordeste, possui planos avançados para a conversão ao gás natural e biometano, com demanda de 200 mil m³ diários. A medida pode beneficiar as indústrias da Paraíba através da modicidade tarifária. A medida pode incentivar a produção de biometano pelas usinas de etanol locais, aterros sanitários e estações de tratamento de esgotos.
A continuidade e a conversão das operações trariam vantagens para a Paraíba. Além de fortalecer a segurança energética, as medidas poderiam reduzir as tarifas de gás natural e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. “A conversão da EPASA depende de maior abastecimento de gás natural vindo de Pernambuco e ajudará a reduzir as emissões das duas unidades termelétricas”, reforçou Barbosa.
Fonte: Assessoria