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bares e restaurantes
Foto: José Eduardo Camargo/Abrasel

Estudo inédito evidencia força de bares e restaurantes na economia brasileira

O documento revela que cada R$ 1.000 gastos no setor movimentam R$ 3.650 na economia; além do estudo, também foi apresentado um plano de restauração para as empresas

4 de dezembro de 2024

Na conferência “Bares e Restaurantes no Brasil”, realizada nessa segunda-feira (2) em São Paulo, a Abrasel e a Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP) apresentaram um estudo inédito que reforça a importância socioeconômica do setor de alimentação fora do lar no Brasil.

Além do documento, também foi lançado um Plano de Restauração, com recomendações para solucionar os inúmeros desafios enfrentados pelos bares e restaurantes, que ainda sofrem com as consequências da pandemia.

De acordo com o estudo, o setor movimentou R$ 416 bilhões em 2023, representando 3,6% do PIB nacional. Um dos dados mais impressionantes é o efeito multiplicador: para cada R$ 1.000,00 gastos em bares e restaurantes, R$ 3.650 são injetados na economia em efeitos diretos, indiretos e induzidos.

Além disso, o setor emprega diretamente 4,94 milhões de pessoas, o que corresponde a 7,9% do total de empregos formais do Brasil, com uma massa salarial de R$ 107 bilhões.

O presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, pontua que o estudo traz um contexto detalhado com as principais implicações socioeconômicas de quem trabalha e empreende no setor, além de reflexões acerca de tópicos relevantes, como a reforma tributária.

“Nosso plano é claro: organizar e coordenar esforços. Muitas iniciativas já existem, mas estão isoladas e sem sinergia”.

“A Abrasel se propõe a liderar essa organização em três frentes principais: construção de políticas públicas nos níveis municipal, estadual e federal; coordenação entre grandes empresas em âmbito nacional e regional; e parcerias com agências de desenvolvimento, como Senac e Sebrae, para fortalecer o setor com ações estruturadas”.

Ele também reforçou o trabalho da Associação no processo de criar núcleos nas comunidades e favelas de todo o Brasil para apoiar os empreendedores desses locais.

“Já estamos presentes em seis comunidades, promovendo governança e associativismo. Nosso objetivo é eliminar o apartheid físico e psicológico que ainda separa essas áreas do restante da sociedade”.

“Nas favelas estão milhares de empreendedores e grande parte da nossa mão de obra. Não queremos apenas nos relacionar com as favelas — queremos ser parte delas.”

Ele ainda chama a atenção do poder público para os desafios enfrentados pelos negócios do setor, grandes impactados pela pandemia. “Do governo, não pedimos subsídios ou privilégios, mas atenção e justiça. O setor que emprega tantos brasileiros e sofreu tanto durante a pandemia merece um olhar especial e políticas que promovam sua sustentabilidade”.

Pluralidade do setor

Os dados também revelam a diversidade do setor: 94% das empresas são microempresas, e 65% dos empreendedores atuam como MEIs. O setor é majoritariamente composto por trabalhadores jovens, com idade média de 34 anos, e apresenta uma representatividade de 49% de mulheres e 63% de pretos e pardos.

Apesar do impacto positivo, o estudo também aponta desafios significativos, como alta taxa de informalidade (41%), inadimplência e dificuldades de acesso a crédito. Além disso, a baixa qualificação da mão de obra e os custos tributários elevados comprometem a competitividade dos negócios.

O professor de economia da FGV e um dos coordenadores do estudo, Márcio Holland, contextualizou que o setor de alimentação fora do lar é uma importante via de ascensão social no Brasil, e que pequenos e microempreendedores começam seus negócios como um sonho de vida e uma forma de sustentar suas famílias.

Entretanto, um dos grandes desafios que atingem esse segmento é o alto número de trabalhadores informais.

“Para promover produtividade em um setor, é essencial enfrentar a questão da informalidade, que hoje atinge metade dos empreendimentos. A informalidade impacta diretamente o capital humano, dificultando treinamento, qualificação e, consequentemente, gerando altos índices de rotatividade”, explica.

“Esse ciclo vicioso também mantém os salários baixos e desincentiva investimentos”.

“É necessário criar uma estrutura de incentivos que estimule o aperfeiçoamento do setor, incluindo programas de capacitação, qualificação e treinamento. Além disso, o setor precisa incorporar uma agenda de inovação, um ponto recorrente em estudos internacionais sobre food service, que destacam avanços variados nessa área”, explica o professor.

Plano de restauração para o setor

Durante o evento, a Abrasel apresentou um Plano Nacional de Restauração, um conjunto de ações para enfrentar os principais desafios do segmento.

O objetivo do documento, que deve ser executado a longo prazo, é estabelecer uma série de ações a serem implementada por meio de um esforço colaborativo entre o setor de alimentação fora do lar, governos e agências de fomento, como Sebrae e Senac.

Entre as iniciativas, destacam-se propostas para desoneração da folha de pagamento, simplificação tributária e ampliação do acesso a programas de fomento.

O evento, que também contou com a participação de lideranças empresariais e acadêmicas, reafirmou a importância do setor de alimentação fora do lar como um pilar da economia brasileira e reforçou a necessidade de ações colaborativas para superar desafios e alavancar oportunidades.

Fonte: ABRASEL