Como a cultura pop influencia o mercado de joias de luxo, segundo especialista
Mercia Dias, fundadora da Merciaa Alta Joalheria, explica os efeitos de eventos como tapetes vermelhos, filmes, séries e campanhas digitais na alta joalheria
4 de outubro de 2024
Desde a década de 1960, Hollywood exerce uma influência poderosa na moda, inclusive no mercado de joias de luxo. Com isso, tapetes vermelhos, premiações, filmes, séries e clipes de música se tornaram vitrines globais para as marcas, que vestem as celebridades com peças exclusivas que logo se transformam em tendências mundiais.
Essa conexão entre a cultura do entretenimento e o mercado da moda tornou as joias uma parte essencial da imagem pessoal de artistas e celebridades, impulsionando o desejo do público por peças marcantes. Uma análise de mercado da Custom Market Insights apontou que o segmento de joias de luxo cresceu cerca de 9% nos últimos dois anos, muito em função desse tipo de exposição.
Segundo Mercia Dias, fundadora da Merciaa Alta Joalheria, a cada grande evento, como o Oscar ou o Grammy, os looks das celebridades no tapete vermelho moldam as tendências de moda e joalheria para o ano. “A escolha de uma peça para uma ocasião pública e global é cuidadosamente pensada para criar um impacto duradouro, tanto na moda quanto nas tendências de consumo. Esse tipo de visibilidade não só eleva a percepção das marcas, mas também atrai novos consumidores”, explica.
O poder do cinema e da TV
Os artistas muitas vezes usam peças sob medida, criadas exclusivamente para determinada ocasião, o que confere às joias de luxo uma aura ainda mais desejável. Grandes marcas como Tiffany & Co. e Cartier costumam colaborar com os estilistas das celebridades para criar peças exclusivas que geram a procura do público por itens semelhantes. “A coleção Tiffany Blue Book, por exemplo, é conhecida por apresentar anualmente designs arrojados que rapidamente se tornam referências na alta joalheria, principalmente após serem utilizados nesses eventos”, detalha.
Não são apenas os tapetes vermelhos que impactam o mundo da joalheria. Filmes e séries de TV também desempenham seu papel na popularização de peças específicas. Em 2023, a série The Crown destacou peças históricas da realeza britânica, inspirando um aumento no interesse por joias vintage e clássicas. “A cultura do entretenimento tem esse poder de criar tendências. Até mesmo nas novelas brasileiras temos alguns exemplos, como foi o caso da pulseira com anel utilizada pela personagem da Giovanna Antonelli, em ‘O Clone’. Foi uma das principais tendências nacionais da época”, explica Mercia.
As joias utilizadas por personagens icônicos não só aumentam o interesse pelos designs diferenciados e requintados que elas possuem, mas também pelo contexto por trás das peças. “Quando os espectadores veem esses personagens usando joias exclusivas, a conexão emocional faz com que eles busquem peças semelhantes, seja pelo design ou pela história ou significado que elas carregam”, ressalta a especialista.
Para Mercia, outra marca que se destaca nessa convergência entre a cultura pop e o mercado de luxo é a Chopard, que frequentemente aparece nos tapetes vermelhos com suas peças sustentáveis e de design exuberante. “A atriz Cate Blanchett usou joias da marca no Festival de Cannes, o que atraiu os olhares dos consumidores que se preocupam com a origem das matérias primas, mas que também buscam um visual sofisticado”, citou.
A influência das redes sociais
Na era digital, influenciadores também têm ajudado a moldar gostos e preferências, e muitas marcas aproveitam essa influência para lançar coleções limitadas. As marcas de luxo têm aproveitado essa exposição para lançar peças que, muitas vezes, esgotam em questão de minutos. Segundo um relatório deste ano da LS:N Global, 30% das vendas de joias de luxo foram impulsionadas por campanhas de influenciadores digitais, evidenciando o poder dos criadores de conteúdo nas decisões de consumo. “Esse tipo de colaboração transformou o modo como o público consome e percebe o luxo, tornando-o mais democrático e, ao mesmo tempo, mais aspiracional”, afirma Mercia.