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Foto: Freepik

A epidemia das Bets: 25 milhões de brasileiros passaram a apostar nos últimos seis meses

Pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro revela que 103 milhões de brasileiros (67%) afirmam conhecer alguém viciado nos jogos. Para 22 milhões de brasileiros as apostas são uma forma de escapar de problemas

27 de agosto de 2024

As consequências do vício dos brasileiros nas bets, as apostas esportivas on-line, vão além das dívidas acumuladas, da inadimplência e do nome negativado. Uma pesquisa inédita do Instituto Locomotiva e QuestionPro mostra como a dependência nas plataformas de jogos pode impactar na saúde mental dos brasileiros. O estudo, que ouviu 1.491 pessoas, mostra que 60% dos apostadores de bets reconhecem que os jogos afetam negativamente a saúde mental.

Nos últimos seis meses, 25 milhões de brasileiros passaram a apostar. Além do fácil acesso às plataformas digitais, o excesso de propagandas é uma espécie de isca para que cada vez mais brasileiros busquem nas apostas uma tentativa rápida de ganhar dinheiro. Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, os números reforçam que o Brasil enfrenta uma epidemia das bets.

“É urgente a necessidade de regulamentar a publicidade das casas de apostas. Quando o país atinge os números que identificamos nesse levantamento, fica evidente que passou da hora do poder público agir na regulamentação para que o vício não prejudique a população. Isso ou teremos cada vez mais brasileiros endividados e com problemas relacionados à saúde mental”, alerta Meirelles.

103 milhões de brasileiros (67%) afirmam conhecer alguém já viciado nas apostas esportivas. Entre os apostadores, 22 milhões afirmam que é uma forma de escapar de problemas ou de sentimentos negativos, de acordo com o estudo. Três em cada dez apostadores (15 milhões de brasileiros) reconhecem que os jogos impactam nas relações pessoais.

“É necessário criar políticas que destaquem que jogo não é investimento. Principalmente para o público mais jovem, mais propenso a se deixar levar na esteira da recompensa imediata, para que não paguem um preço maior no futuro. As apostas desencadeiam uma variedade de emoções, desde a euforia das vitórias até a frustração das derrotas, impactando o bem-estar e as relações pessoais da população”, reforça Renato Meirelles.

O estudo também aponta que metade dos apostadores revelam sentir mais ansiedade durante as apostas. Além de gerar emoções imediatas, a prática tem consequências a longo prazo no estado emocional do jogador. Entre as alterações observadas pelos jogadores, metade deles (51%) destaca aumento de ansiedade depois que começaram a apostar; 28% se sentem mais eufóricos com os jogos; 27% alegam mudança repentina de humor; aumento de estresse foi identificado em 26% dos apostadores; 23% dizem se sentir mais culpados com os gastos; 10% sentem mais dificuldade na concentração e 6% passaram a ter dificuldades para pegar no sono.

Mesmo com os diferentes tipos de emoções causadas pelas apostas, metade (53%) dos jogadores afirma que o principal objetivo na interação com as plataformas é ganhar dinheiro; 22% alegam jogar apenas por diversão; a emoção e a adrenalina na hora do jogo são os motivadores para cerca de 10% dos apostadores; 7% joga para passar o tempo; 6% dizem ter curiosidade nas apostas e 2% dizem jogar para aliviar o estresse.

Ainda de acordo com o levantamento do Instituto Locomotiva, os apostadores relatam um equilíbrio entre perdas e ganhos. Um terço dos brasileiros afirma ter resultados neutros nas apostas. 37% (quatro em cada dez) afirmam terem mais ganhos do que perdas. Para 30%, as perdas ultrapassaram os ganhos no jogo. Entre aqueles que já ganharam algum tipo de aposta, dois a cada três (66%) usaram ao menos parte do valor em novas apostas.

A pesquisa mostra ainda que 54% dos jogadores revelam sentir algum tipo de emoção com as bets, como aumento de adrenalina. 41% dizem se sentir ansiosos com os resultados, 37% se sentem mais felizes quando apostam, 17% se sentem estressados, 11% sentem alívio, 9% alegam indiferença ou culpa e 6% dizem sentir tristeza.

Fonte: Assessoria