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Foto: Arquivo Pessoal

Wanderlust Aí Vamos Nós e o destinos escondidos que não desejam ser divulgados

Vanessa de Melo analisa o equilíbrio entre a divulgação de destinos turísticos e a preservação da autenticidade e tranquilidade desses locais

7 de agosto de 2024

Olá viajante! Como está o planejamento para a próxima viagem? Desejo que esteja pensando nisso para conseguir aproveitar as melhores oportunidades. Domingo é dia dos pais, feliz dia para aqueles que amam seus filhos e sabem da responsabilidade que é cuidar, educar e amar alguém que veio ao mundo com sua participação. Você viajante já deu uma viagem ou experiências de presente? Pois recomendo muito!!! Fica a dica!

Mudando de assunto, na coluna Wanderlust Aí Vamos Nós de hoje, quero falar com você viajante sobre um tema que fiquei surpresa essa semana: destinos e experiências que não “querem” ser divulgados. Mas como assim? Pensa você viajante, pois é isso que está acontecendo em paralelo aos destinos de massa que são propagados de graça.

Vou contar a história: Estava vendo um vídeo de um dia festivo numa cidade muito pequena da Espanha, era algo lindo, a cidade toda iluminada por velas, com ideia de levar luz ao coração das pessoas, com urnas para que você escrevesse seus sonhos e desejos que gostaria que se realizasse, música em vários pontos, casas decoradas com velas, uma atmosfera linda e única, pelo menos para mim era inédito. Ao terminar o vídeo, salvei a minha pasta de lugares para conhecer e fui ler os comentários. Para minha surpresa, algumas pessoas estavam pedindo para apagar o post para não divulgar aquela experiência porque ia encher de turistas e que eles não eram bem vindos. Outros lamentavam que estivesse sendo divulgado e que agora a cidade ia ficar super cheia naquele dia e a festa ia perder seu encanto. Muitas pessoas reclamaram que agora a cidade ia ficar conhecida e que os moradores não teriam paz, que seriam expulsos das suas casas para dar lugar aos alojamentos e tudo iria ficar caro para quem lá morasse.

Fiquei surpresa com esses comentários e ao mesmo tempo triste e pensativa: até onde vai a nossa função de divulgadores de informações, como ela pode ser interpretada pelas pessoas que vivem ali e os que não a conheciam . Outro dia uma jornalista também chegou a essa reflexão após descobrir uma festa na sua cidade que vários famosos estavam presentes, mas que ninguém “de fora” sabia da existência. Ela imaginou que as pessoas que estavam ali não queriam que outras pessoas soubessem e que a divulgação deveria ser silenciosa para evitar uma multidão de “indesejados”. Ela ficou espantada e eu também. O que faz as pessoas pensarem que aquilo é só delas e para elas e que outros não possam viver aquilo? A divulgação ou a falta dela seriam um fator decisivo de limitação de visitantes? O que fazer numa situação dessa?

Destinos como Barcelona e Paris já não suportam mais turistas, no entanto, seus governos seguem divulgando e permitindo a entrada de pessoas que já são consideradas não gratas pela população que ali vive. Seria possível limitar ou ordenar essa estada? disponibilidade de alojamentos, garantir moradia para quem vive realmente e evitar a exploração de aluguéis cada vez mais impossíveis de custear? Os governos quase nada fazem para solucionar os problemas das grandes potências turísticas, como construção ou requalificação de moradia para residentes, mas libera que pessoas vendam imóveis cada vez mais caros e façam mais alojamentos, retirando as pessoas de casas alugadas. São muitos problemas, poucas soluções e nós viajantes o que podemos fazer?

Destinos pouco conhecidos deixarão de ser, isso é fato! A democratização da informação está aí, não vai retroceder e cada vez mais o que era desconhecido vai ganhar luz, como esse dia de velas numa cidade espanhola. Mas como podemos preservar esses lugares para que outros possam ter essa experiência?

Como viajante acredito que limitações devem ser impostas, mas não somente isso. Atualmente, governos acreditam que deixar tudo mais caro vai afastar os turistas, mas isso não acontece, apenas vão reduzir que pessoas com menos dinheiro possam apreciar, se tornando excludentes, isso não é legal. Outra forma seria reduzir investimentos em turismo, que também é um erro, já que o setor vai além de hotéis e museus. Experiências seriam prejudicadas e lugares iriam fechar porque não teriam turistas para ir lá. A divulgação de destinos menos conhecidos e a democratização das experiências, poderia ser uma alternativa, mas colide com moradores que não desejam estar na rota dos turistas. A sustentabilidade vai além de reaproveitar recursos naturais, perpassa por esse ponto de cuidar do ambiente, dos moradores e dos visitantes, manter tudo em harmonia e é preciso estudar e aplicar o que for preciso para criar essa paz. Democratizar o turismo, mas limitando de alguma forma, mas não de forma excludente. Uma coisa é você se programar com antecedência para entrar num museu que tem um preço justo, outra coisa é fechar e nunca mais abrir, ou funcionar com um preço muito alto e só os ricos possam ter acesso. Mas e quando o destino não é uma ilha, ou um museu, como limitar?

O assunto precisa ser debatido por sociedade e governos para chegar a um consenso de sustentabilidade, e cada um de nós viajantes também tentarmos ser um passarinho num incêndio (fazer a nossa parte). Não permitir que um turista entre na nossa cidade e tratá-lo mal é injusto, aquele momento para ele pode ser a realização de um sonho e que pode se tornar um trauma esse pesadelo de ser expulso de um lugar que sempre quis conhecer. Vamos pensar juntos como podemos fazer melhor para viajar e viver experiência de forma mais sustentável, ajudando aquele destino a se desenvolver de forma justa e equilibrada, evitando o turismo de massa e às vezes muito sazonal.

A coluna Wanderlust Aí Vamos Nós de hoje fica por aqui! Na próxima semana tem mais! Até lá!

Sobre Vanessa de Melo

Nascida em João Pessoa, na Paraíba, e hoje mora em Portugal. É jornalista, relações públicas, fotógrafa, social media e adora viajar. Já viajou para 7 países e quer fotografar e percorrer o mundo com você. Tem um perfil no Instagram @vanessa_viajante onde traz aventuras, fotos e dicas de viagem, além de estar aqui no portal Paraíba Total toda semana com uma coluna sobre turismo ao redor do mundo.

Fonte: Vanessa de Melo