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Foto: Freepik

Aumento de juros nos EUA é possível e traz desafios para a economia

Cresce cada vez mais a apreensão no mercado em relação ao rumo da inflação nos EUA, que nos últimos meses não tem apresentado progresso.

11 de junho de 2024

Um dos eventos mais esperados para 2024 é a flexibilização da política monetária nos EUA, que se encontra em um dos patamares mais restritivos da sua história. Com mais da metade do ano transcorrido, cresce a apreensão quanto ao curso da inflação na maior economia do mundo.

“A economia americana permanece resiliente, apresentando crescimento de 1.3% no último trimestre. O déficit fiscal do governo foi de 6,19% do PIB em 2023, equivalendo a US$ 1,7 trilhão. Mesmo em desaceleração e com juros altos, o risco de recessão está afastado no momento dado a forte expansão fiscal no país”, observa Victor Arduin, analista de Macroeconomia e Energia da Hedgepoint Global Markets.

 

“Dados recentes do mercado de trabalho americano reforçam a perspectiva de que a inflação americana ainda está distante da meta de 2%. Diante disso, cada vez se torna mais plausível a tese de que o Fed poderá elevar os juros, e será isso que abordaremos neste relatório”, pontua.

 

Falta de progresso nos últimos meses causa apreensão no mercado

Guiado por um mandato duplo, o Fed busca promover a estabilidade dos preços e alcançar o pleno emprego na economia americana. Embora os dados do mercado de trabalho mostrem resultados no emprego, a inflação persistente revela que ainda há trabalho a ser feito para estabilizar os preços.
“O banco central americano realizou um trabalho difícil e árduo até aqui. Elevar os juros para 5,25-5,50% trouxe incertezas, especialmente a possibilidade de uma recessão, conforme diversas projeções apontavam em 2023. Embora os riscos de uma abrupta desaceleração na economia tenham reduzido nos últimos meses, cresce a especulação no mercado de que a política monetária talvez não esteja em um nível restritivo suficiente para conduzir a inflação à meta de 2%”, pondera.

 

O PCE é o principal indicador de inflação utilizado pelo Fed para tomar decisões de política monetária, pois é menos suscetível a flutuações em itens voláteis como energia e alimentos, fornecendo um retrato mais preciso dos gastos das famílias.

 

“No entanto, a recente elevação para 2,7% em março e abril de 2024 gera incertezas sobre o futuro da inflação e as medidas que serão tomadas para combatê-la. A alta do PCE pode levar o Fed a tomar medidas mais agressivas, como aumentar a taxa de juros”, acredita.

As incertezas cresceram desde o final do ano passado

“Considerando a possibilidade de um novo aumento de juros na economia americana, espera-se que os yields dos títulos americanos subam mais em 2024, superando a marca de 5% novamente. Como resultado, podemos assistir mais suporte ao dólar, já fortalecido pelas atuais condições macroeconômicas”, destaca o analista.

 

Ainda segundo Victor, o cenário torna-se cada vez mais adverso para ativos de risco, especialmente commodities cuja demanda está ligada ao valor do dólar. “Quanto mais apreciada a moeda americana, mais caro fica para os detentores de outras moedas comprarem commodities. Embora os fundamentos do lado da oferta continuem beneficiando alguns setores, a demanda permanece retraída em um ambiente cada vez mais avesso ao risco”, aponta.

 

As previsões ainda indicam a possibilidade de dois cortes de juros pelo Fed este ano, a partir de setembro. No entanto, isso depende muito de uma melhora no ambiente inflacionário nos EUA que tem se mostrado desafiadora. À medida que o progresso em torno da meta de inflação perde força, crescem as chances de a ver um novo aumento nos juros na maior economia do mundo.

Existem riscos externos que podem pressionar a inflação

“Existem outros eventos que podem pressionar os preços em 2024, mas não tão prováveis, algo conhecido no campo da estatística como “outliers”. Esses riscos estão fora do alcance da política monetária do Fed e podem conduzir a inflação acima de 4% em uma situação extrema”, analisa.

 

Nos últimos anos, temos testemunhado problemas na cadeia de suprimentos, levando ao encarecimento de vários materiais essenciais para a indústria de diversos setores. Observamos um aumento nos custos do frete marítimo, além de um prêmio de risco associado aos custos energéticos, como consequência dos problemas no Mar Vermelho.

 

“Questões climáticas também têm imposto desafios como o baixo nível do Lago Gatún, no Panamá, o que restringiu o número de embarcações que puderam usar a rota da América Central para transporte de cargas desde o ano passado.

 

Portanto, não apenas questões domésticas dificultam o sucesso do Fed em combater a inflação, mas desafios externos também”, registra.

 

Em resumo, a falta de progresso em relação à inflação nos últimos meses tem aumentado a apreensão no mercado de que o Fed talvez precise apertar ainda mais a política monetária para trazer os preços à sua meta de 2%.
Uma das razões que tem dificultado o trabalho do banco central americano é a forte expansão fiscal que o governo tem realizado nos últimos anos, resultando em suporte para atividade econômica.

 

Nesse contexto, onde o PIB segue crescendo e o mercado de trabalho permanece resiliente, ganha força a tese de que os juros precisarão ter um novo aumento em 2024 para garantir que o processo desinflacionário continue ocorrendo.

O mercado espera dois cortes na taxa de juros a partir de setembro, mas o cenário permanece incerto. O FOMC (Federal Open Market Committee), como sempre, enfatiza que suas decisões serão baseadas em dados futuros, o que significa que um aumento da taxa de juros ainda é possível, mesmo com a expectativa de cortes.

 

Acesse o relatório completo clicando aqui.

Fonte: Assessoria