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Foto: Freepik

3º país com mais pets no mundo, Brasil tem oportunidades para empreendedores e marcas

São mais de 285 mil empresas voltadas para os bichinhos no país

1 de abril de 2024

Os animais de estimação estão presentes em grande parte dos lares brasileiros. E a relação entre as pessoas e seus bichinhos vai muito além da companhia: 81% consideram seus pets como parte da família. Veterinário há 16 anos e empresário do setor, Filipe Rudhja acrescenta que mais do que filhos, os pets para muitas pessoas são um apoio emocional. “Alguns clientes possuem cães ou gatos como o único parceiro de convivência dentro de casa. Parte deste comportamento provocado pela pandemia. Vale ressaltar que na época, o mercado pet alcançou faturamentos nunca antes vistos, mesmo em um cenário trágico para muitas famílias’.

Não é à toa que o Brasil é o terceiro país com mais pets no mundo, com mais de 285 mil empresas voltadas para os bichinhos no país. Assim, uma grande oportunidade para empreendedores e marcas desse setor.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), estima-se que existe um total de 167,6 milhões de pets no Brasil, sendo 67,8 milhões de cães e 33,6 milhões de gatos. Tendo isso em mente, o segmento pet tem tudo para estar sempre em funcionamento e evolução, visto que possui um público fiel em constante crescimento.

Dados de pesquisa revelam que a maior parte dos donos de pets ainda preferem comprar em lojas especializadas (petshop). Isso justifica o grande crescimento do setor de pequenos negócios e a manutenção desses no mercado. O famoso atendimento de vizinhança ainda é o mais procurado pelos pais de pets. Ou seja: um bom momento de conexão e fidelização do cliente. Hoje, dentro do grupo, ele destaca a troca de atendimento por relacionamento.

Porém, vale ressaltar que o atendimento especializado deve andar em conjunto com a personalização do processo de atendimento, que na sua visão de empreendedor e CEO do grupo Buldogue Verde, é o maior desafio quando se fala em escalar o negócio.

Em todos esses anos como empresário no setor, Rudhja pode acompanhar varios casos de “loja de pet” que abriram e expandiram em curto espaço de tempo devido a demanda do mercado, mas que fecharam as portas na mesma velocidade. “Nós mesmos passamos por todos os processos de maturidade da empresa e ainda hoje o processo vem se afinando. Neste contexto, entendi que precisava ajudar outros colegas donos de pets. Assim surgiu uma oportunidade de negocio com a consultoria para outros negocios. Um dos nossos valores é ‘crescer como comunidade’”

Muitas empresas do setor ainda hoje não possuem sequer um sistema de gestão, ainda assim consegue crescer neste mercado aquecido e ainda em franco crescimento.

Hoje em dia a profissionalização do mercado veio para ficar, pude vivenciar esta virada do mercado e fiz parte diretamente deste processo. Grandes players de sucesso tomaram a dianteira quando falamos dos números do varejo, um deles abriu IPO em bolsa de valores tornando seu plano de expansão ainda mais rápido.

Outro fator importante neste mercado nos últimos anos é o lifestyle. Isso mesmo! O estilo de vida que o tutor leva, ele tende a reproduzir isso para seu pet. “Por exemplo, pessoas que se alimentam de produtos orgânicos ou ainda veganos buscam o mesmo estilo de alimentação para seus pets. Inclusive, o setor de pet food é o mais lucrativo do mercado pet e, de acordo com a Abinpet, deve terminar o ano com um faturamento de R$ 33,4 bilhões”.

A nutrição natural também está em alta entre os tutores que querem oferecer uma melhor alimentação e qualidade de vida para seus bichinhos, geralmente contendo alimentos como peito e moela de frango, ovos, colágeno, legumes, grãos, dentre outros alimentos naturais. Antes esse mercado era procurado em momentos de necessidade, quando o pet apresentava algum problema de saúde que exigia uma mudança de alimentação do animal. Hoje esse cenário mudou. Com o aumento pela procura de uma vida mais saudável, esses valores também se estenderam para os pets e os tutores estão antecipando essa alimentação antes do surgimento de uma necessidade.

“Ao contrário da queda que ocorreu nos outros setores durante a pandemia, as empresas de cuidados com animais domésticos estiveram em constante crescimento e ampliação de seu mercado, isso porque muitas pessoas adotaram ou compraram pets para ter uma companhia durante o período de isolamento”.

E com essa tendência de estreitamento dos laços, os cuidados com os bichinhos se tornam cada vez mais almejados pelos donos, fazendo com que os serviços e espaços para os pets tenham que se adequar cada vez mais a essa necessidade.

Novas oportunidades

Surgiram também novas possibilidades de negócio voltadas a esse cuidado mais humanizado, como: refeição natural, creches, lavanderias especializadas, spas, festas para pets, serviço funeral e plano de saúde, dog walker (passeador de cães), pet sister (babá de pet) e versões pet friendly de comidas.

As compras nos canais digitais e marketplaces aumentaram exponencialmente desde a pandemia. Oportunizando um novo negócio ou ainda um novo canal de vendas de significativo valor dentro dos pets que ainda não possuíam esse meio.

Outro serviço que cresceu foi de banho e tosa. O que chama a atenção de tutores, e o que pode ser considerado um diferencial, é o serviço móvel, na qual o tutor não precisa se deslocar. Um funcionário vai até a casa do pet buscá-lo e algumas vezes o serviço é realizado ali mesmo em frente à casa do animal, dentro da carrocinha adaptada para o trabalho, oferecendo mais conforto e segurança ao animal e ao seu tutor.

Outro é o “spa day”, onde os animais tomam banho com música, massagens relaxantes, hidratação, iluminação adequada, dentre outros. Além disso, se popularizou também a instalação das janelas de vidro na sala, para que o tutor possa acompanhar o que está acontecendo. Isso é reflexo do cuidado dos donos em se certificar de que o animalzinho está sendo bem tratado.

As creches para pets também se popularizam, pois têm sido uma alternativa para aliviar o estresse do cão, do próprio dono e uma solução para os tutores que passam o dia fora de casa e não podem dar a devida atenção para seus bichinhos. Os tutores retornaram às suas atividades normais e por terem passado um longo tempo em casa, se sentem na “obrigação” de não os deixar sozinhos, por isto a crescente demanda por levar esses animais para as creches, onde eles passam o dia interagindo com outros animais e brincando.

Aliado a isso, as creches podem ainda oferecer uma variedade de atividades, serviços e mimos para os bichinhos: brincadeiras para gastar energia, atividades cognitivas, horário de alimentação, terapias como musicoterapia, acupuntura e cromoterapia, podendo até mesmo incluir brincadeiras na piscina.

Outros mercados

Falando de outros mercados que tem se influenciado pelo mercado pet, Rudhja ressalta as empresas que se tornaram pet friendly, sabendo que os tutores estão cada vez mais apegados aos seus animais e querem estar com eles durante suas atividades de lazer e rotina diárias também, por isso, estabelecimentos como shoppings, lojas, salão de beleza, restaurantes, hotéis, dentre outros tiveram que se adaptar para receber os animais.

Alguns restaurantes também têm incluído pratos exclusivos para aos bichinhos no cardápio, para que ele possa desfrutar de uma refeição com o seu dono no local. Os hotéis, pousadas ou apartamentos para temporadas convencionais também precisaram se adaptar não só para receber o tutor, mas também para receber o bichinho. Esses locais que recebem animais domésticos (pet friendly) têm sido uma preferência entre os donos de animais, para viajar e poder levar o seu amigo junto sem preocupações.

Essas estadias têm sido uma tendência e a busca online por hotéis pet friendly cresceu 238% durante a pandemia, por isso é importante que esses locais estejam preparados para receber e oferecer essa possibilidade aos seus clientes. Inclusive, algumas prefeituras também têm implantado espaços pet nas praças da cidade, com cercado e brinquedos instalados a disposição do animal. “Essas são apenas algumas das oportunidades de negócio para o setor pet que está em constante e rápido desenvolvimento e cada vez mais aberto a receber novas ideias”, completa.

Fonte: Varejo SA