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Foto: Freepik

Por Novos Futuros – Empreender: verbo feminino?

Renata Câmara fala sobe os desafios e avanços das mulheres no empreendedorismo, destacando a carga adicional enfrentada e a importância da equidade

19 de março de 2024

Em meio aos desafios da crise climática e da retomada da economia pós-pandemia, às mulheres parece que está cabendo uma responsabilidade sem precedentes. No Brasil, alcançamos a marca inédita de 10,3 milhões de mulheres à frente de micro e pequenas empresas, ou seja, junto com os homens formamos um exército de mais de 30 milhões de pequenos negócios no país.

 

Considerando que a economia brasileira é movida pelo motor das pequenas empresas, pois elas respondem por 97% do total de empreendimentos formais do país, então uma revolução nada silenciosa vem acontecendo e avançando a passos largos. Mas, ao mesmo tempo em que vemos cada vez mais mulheres desbravando espaços de liderança, temos que ainda lutar contra os descompassos sociais, que ainda nos envergonham.

 

Suponho que muitas pessoas estranharam a bandeira contra a pobreza menstrual, por não fazerem ideia da quantidade de mulheres em situação de vulnerabilidade social, despojadas do básico em termos de higiene íntima. Outras subestimaram o valor da temática trazida para os estudantes do ensino médio que se depararam no Enem com a invisibilidade do trabalho doméstico e do cuidado, fazendo queimar as pestanas de muitos da chamada geração Z.

 

Como traçar paralelos entre a mulher que cuida de tudo e de todos e a mulher que também alça voos cada vez mais altos na carreira? E quando as duas são uma única mulher?

 

Em 2022, de acordo com o IBGE, as mulheres dedicaram 9,6 horas por semana a mais do que os homens aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas. Resultado real: mulheres cada vez mais exaustas e desequilibradas emocionalmente.

 

Quando olhamos para os mesmos 10 milhões de mulheres comandando negócios, mais da metade delas são chefes de domicílios) e 9 entre 10 delas são microempreendedoras individuais, segundo o Sebrae, isto é, tocam os negócios sozinhas ou com apoio um funcionário (a). Isso significa dizer que apenas 1,3 mulheres são de fato empregadoras e a realidade da “euquipe” não é nada cor de rosa.

 

Somando as exigências que recaem muito mais sobre a mulher no ambiente doméstico com a necessidade de entender de gestão, finanças, tributos e vendas, noves fora…mulheres à beira de um ataque de nervos.

 

Conjugar o verbo empreender tem uma carga adicional bem mais pesada quando são elas que decidem ter o próprio negócio. Isso sem contar com outros recortes sociais, a exemplo do racismo e do etarismo, como desafios da sociedade civil como um todo. É preciso virar esse jogo.

 

Ainda ecoando dentro de mim, que façamos ecoar a voz da jogadora, eleita seis vezes a melhor do mundo, Marta Vieira da Silva. Após ser anunciada como “imortal” pela Fifa no início do ano, discursou:

 

“…Mas eu quero, assim como estou enxergando nesta homenagem, que todas as mulheres possam também enxergar um futuro promissor. Onde não seja direcionado somente ao futebol, mas a qualquer atividade. O que a gente busca diariamente é fazer com que o mundo seja melhor para todos, sem distinção, buscar igualdade, respeito”.

 

Por um futuro com mais jogadoras dando show no futebol, como a Marta, mas principalmente, mais mulheres protagonizando suas vidas pessoais e profissionais com equilíbrio e competência.

Sobre Renata Câmara

Graduada em Comunicação Social, com MBA em Marketing (FGV) e Mestrado Profissional em Jornalismo (UFPB). Pós-graduanda em Desenvolvimento Sustentável e Economia Circular (PUC/RS). Atualmente, é analista de Educação Empreendedora no Sebrae Paraíba.