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Foto: Freepik

Consumo consciente: Recommerce 2.0 – estimulando o consumo consciente online

Alternativas promovem a reutilização e reciclagem de produtos por meio do comércio eletrônico

14 de março de 2024

Alternativas de compra que estimulam o crescimento da economia circular estão se fortalecendo no universo online e são uma tendência de consumo digital em 2024. Conceito já conhecido por ser o core business de sebos e brechós, empresas de diferentes segmentos estão aderindo ao mercado promissor do Recommerce 2.0 e comercializando produtos usados ou secondhand (termo mais atrativo do ponto de vista do marketing) de suas marcas. Ao fomentar o consumo consciente, mostrando que itens descartados que estão em ótimo estado de conservação ou que podem ser reformados para atender as necessidades de novos clientes, esta modalidade de comercialização também gera rentabilidade e pode ser uma excelente estratégia para inclusão da sustentabilidade dentro das questões centrais e prioritárias de um negócio.

De acordo com o relatório da Euromonitor que apresenta esta tendência, 64% da população global está usando a internet em 2024 (o dobro da década anterior), o que representa 5,2 bilhões de pessoas e uma projeção de 10,8 trilhões de dólares em gastos com produtos e serviços, dobrando o tamanho do mercado em 2017 em termos reais. Apesar de inevitavelmente todos os perfis de consumidores terem buscado pelo comércio eletrônico durante a pandemia, o consumo consciente, movimento que evolui globalmente, tem ganhado adeptos principalmente na geração Z, que tem maior preocupação com os problemas ambientais, familiaridade com a tecnologia e interesse em experimentar novidades. Outro fator relevante que tem contribuído para o crescimento da revenda de produtos usados é a pressão financeira, uma crescente apreensão dos consumidores para conseguirem gerenciar todas as suas despesas. Assim, junto com o compartilhamento de produtos e serviços, o Recommerce 2.0 oferece às pessoas o poder de ampliar suas possibilidades de consumo.

Do lado das empresas, inserir dentre suas categorias de atuação a venda de itens usados permite a diversificação dos públicos interessados em seus produtos e consequentemente o aumento da carteira de clientes e receita. Para esta implementação, marcas e varejistas estão avaliando as melhores oportunidades para conciliar a logística reversa com seu modelo de operação atual e aproveitar diferentes canais de comercialização online, o que promove, além de retorno financeiro, a reputação da marca que pode ser reconhecida por um propósito maior além do lucro. De acordo com pesquisa divulgada pela Euromonitor, 41% dos profissionais de varejo disseram que a empresa onde trabalham planeja investir em iniciativas focadas na sustentabilidade nos próximos cinco anos. Dentre as que já estão atuando nesta frente, é possível destacar os cases da Ikea, Samsung, Apple, Decathlon e Patagonia.

Do ponto de vista do marketing e da comunicação, sairão na frente as marcas que conseguirem atrair a atenção dos clientes demonstrando que além de ações pontuais ou campanhas específicas e promocionais, é possível se promover a consciência de um consumo mais sustentável de forma consistente e permanente, conduzindo seu discurso para gerar reflexões sobre a importância de se mudar seus hábitos de consumo gerando um equilíbrio entre comprar algo novo ou usado, com a capacidade de se avaliar a real necessidade de compras, evidenciando os malefícios do consumismo, do desperdício e do volume desenfreado do descarte por modismos passageiros. A abordagem da compra inteligente, que prioriza o custo-benefício, deve apresentar as vantagens da qualidade e durabilidade dos itens, sejam eles novos ou usados, capacitando seus clientes a tomarem melhores decisões a cada escolha. Outro ponto fundamental é apresentar com clareza todos os canais de comercialização online, inovando com a criação de recursos que simplifiquem os processos aos consumidores, incentivando a experimentação de novas experiências e comunicando de forma transparente e didática as políticas de revenda, troca e devolução de produtos usados, para que esta seja considerada uma opção tão interessante quanto a compra de produtos novos.

Por todos os pontos apresentados, como se mostra claramente um diferencial competitivo de mercado, o grande desafio do Recommerce 2.0 é tornar-se uma modalidade de comercialização viável e amplamente acessível nas mais variadas categorias de produto, abarcando as especificidades da operação de cada setor. Parte destes desafios podem ser apoiados pelo trabalho realizado pelo Capitalismo Consciente. O movimento apresenta estas possibilidades em seu site, com conteúdos relevantes criados por seus membros, cases de sucesso de empresas associadas, cursos focados na formação de lideranças conscientes, além de ações, eventos e projetos customizados para apoiar a construção de culturas organizacionais mais conscientes, visando que empresas possam se tornar mais conscientes do seu papel para um futuro mais sustentável, gerindo seus impactos frente aos desafios ambientais e sociais.