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Foto: Freepik

Expectativas de inflação mostram ancoragem nos Estados Unidos

Apesar de ter estado em um dos piores níveis dos últimos 30 anos, a rápida e firme resposta da política monetária restritiva conseguiu, ao longo dos últimos 20 meses, desacelerar a inflação

6 de março de 2024

Um dos eventos mais significativos do cenário econômico internacional em 2024, sem dúvida, é o corte de juros nos Estados Unidos. Apesar de a inflação ter estado em um dos piores níveis dos últimos 30 anos, a rápida e firme resposta da política monetária restritiva conseguiu, ao longo dos últimos 20 meses, desacelerar a inflação de uma alta de +9.1% (junho/22) para +3.1% (janeiro/24).

 

“No entanto, surpresas altistas no mercado de trabalho, como o último relatório de empregos não-agrícolas que registrou um aumento de 353 mil vagas (+6,01%), e a persistência da inflação em alguns setores de serviços, como transporte e cuidados médicos, levaram o Fed, em sua última reunião, a adotar uma postura mais cautelosa em relação à flexibilização dos custos de empréstimos no país. Apesar disso, as expectativas de inflação parecem estar bem ancoradas, pintando um cenário favorável para o corte de juros esse ano. Este será o foco de nossa análise”, explica Victor Arduin, analista de Macroeconomia e Energia da hEDGEpoint.

 

 

Com tom hawkish no discurso do Fed e a inflação caminhando em direção à meta, as expectativas continuam ancoradas

“Uma das razões pelas quais o Fed, o banco central americano, precisa mostrar-se cauteloso em relação à inflação e ter adotado um discurso mais hawkish em sua última reunião é para manter as expectativas de inflação ancoradas, um risco menos discutido frente aos dados de emprego, porém igualmente importante”, pontua o analista.
“Atualmente, a mediana das expectativas de inflação para os próximos 12 meses está em 3,1%, apesar de uma leve piora nos dados de fevereiro. Não se observava uma expectativa otimista na inflação em um patamar tão positivo desde março de 2021”, observa.
E prossegue: “No entanto, existem alguns riscos que podem trazer volatilidade ao mercado, mas sem alterar a tendência natural de convergência dos preços gerais em direção à meta de 2%. A inflação dos aluguéis continua elevada, um fenômeno difícil de explicar, talvez associado ao fato de que as altas taxas de juros afastaram os compradores do financiamento imobiliário e aqueceram, consequentemente, o mercado de aluguéis”.
Outro risco, fora do controle da política monetária, é o custo dos transportes que tem aumentado por desafios logísticos no Panamá (consequências de efeitos climáticos) e o desvio dos navios em utilizar o Canal de Suez (consequências de efeitos geopolíticos).

 

De maneira geral, o cenário parece bastante favorável para um corte de juros em junho deste ano, especialmente se houver um forward guidance nesse sentido na próxima reunião do Fed no final deste mês. A confiança do consumidor também fortalece a ideia de expectativas ancoradas.
“Mesmo caindo dois pontos no índice em fevereiro em relação a janeiro, os ganhos obtidos nos últimos 3 meses são mantidos e permanecem substancialmente mais altos do que os níveis historicamente baixos observados no início de 2023. Ainda, o Personal Consumption Expenditures (PCE), índice de inflação mais acompanhado pelo Fed, caiu de mais de 5% no início de 2023 para 2.4% em janeiro de 2024. Este recuo dos preços tem ocorrido sem causar uma recessão no país, um risco significativo no ano anterior, mas bastante remota nesse momento, ao mesmo tempo que preservou o mercado de trabalho, sem registrar um aumento na taxa de desemprego”, pondera.

O cenário inflacionário nos Estados Unidos ainda traz alguns riscos para inflação que não podem ser ignorados como a forte expansão da atividade econômica (+2.5%) e mercado de trabalho resiliente.
Ademais, a inflação relacionada aluguéis tem demorado mais para ceder. Apesar de ser bastante discutido pelo mercado e acadêmicos, não está claro a razão desse efeito “tardio” dos juros sob esse componente.
“Até agora, o tom cauteloso e o discurso hawkish têm se mostrado importantes para ancorar as expectativas e fazem parte da estratégia do Fed para facilitar seu processo de atingir a meta de inflação de 2%. Portanto, espera-se um corte na taxa de juros dos Estados Unidos até o final do segundo trimestre”, conclui.

 

Acesse o relatório completo clicando aqui.

 

Fonte: Assessoria