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Foto: Secom PB

Economia Criativa: desvendando o valor da cultura local como catalisador de desenvolvimento

Regina Amorim explora o impacto econômico e social dos bens culturais, evidenciando a importância da arte e da cultura para a prosperidade e inovação

4 de março de 2024

Este artigo contribuirá com reflexões para as ações públicas e privadas, na área da cultura brasileira. A presença dos bens culturais como objeto de análise econômica, sociológica, antropológica e política está focada nas preferências dos consumidores e nos impactos econômicos da cultura nos territórios e nos mercados.

São bens culturais as obras arquitetônicas, as artes plásticas, obras literárias, os musicais, o casario histórico, sítios arqueológicos, as manifestações culturais, que proporcionam bem-estar, conhecimentos e experiências para o público consumidor que os apreciam.
A economia e a sociedade, vivem um momento histórico e desafiador, de grandes transformações, porém as artes, a cultura e os negócios criativos, podem ser estratégicos para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

O impacto econômico do setor cultural nas economias locais e regionais está presente na receita de ingressos para shows e musicais, peças de teatro, visita a museus, comércio de artesanatos, obras de arte e em tantas outras manifestações culturais, que agregam valor às experiências dos consumidores. “Pensar sobre cultura é pensar em valor”, afirma David Throsby, pesquisador australiano.

Qual é o valor atribuído por uma comunidade e pela gestão pública, às tradições culturais que simbolizam a sua identidade e a sua história? O valor das tradições culturais tem origem em questões de pertencimento, que gera diferencial competitivo e impacto econômico e social.
Quando viajamos pagamos para assistir uma apresentação de tango em Buenos Aires, um espetáculo de teatro e produções de musicais na Broadway em Nova York, uma apresentação cultural dos povos Maori, na Nova Zelândia.

E o que temos para oferecer à população local e aos turistas na nossa cidade, quando não valorizamos nossa arte e nossa cultura autêntica? Certamente nada que agregue valor à experiência, ao conhecimento e ao bem-estar das pessoas.

Comece a enxergar a cultura local e regional como o maior ativo econômico, para gerar a riqueza no território criativo, rico de valores espirituais, sociais, históricos, simbólicos, afetivos e autênticos. O valor cultural independe da resposta do consumidor a eles. O seu valor existe, quer o indivíduo pague ou não.

As pessoas que não amam a cultura local, podem não saber o suficiente sobre o processo cultural, para ser capaz de formar opinião a respeito da sua disposição, em valorizar e pagar por ele.

A visão econômica de um gestor público ou de um empresário que exclui a dimensão cultural da sua gestão, certamente será deficiente para compreender o quanto a cultura agrega valor econômico, aos destinos turísticos e aos produtos e serviços em geral.

Quero destacar o conceito de hotel butique HCM – Hotel Corais de Manaíra, ao fazer parceria com a Galeria Gamela, para transformar o empreendimento em uma galeria de arte, na qual todas a telas e peças de artistas plásticos estão à venda, mas também enriquecendo a ambientação do hotel, com arte paraibana. O turista pode comprar obras de arte no próprio hotel em que está hospedado. Isso é competitividade.

O Museu do Artesanato Paraibano é um bem cultural público, instalado em um patrimônio histórico, que tem grande valor cultural e econômico, pelo seu acervo e a qualidade das peças expostas, proporcionando uma rica experiência de consumo aos visitantes e à população local. Uma visita ao museu vai encantar qualquer turista ou cidadão de bom gosto, que ama arte e cultura.

Os museus contribuem com benefícios sociais, econômicos e ambientais, indiretamente causados pela venda de um produto ou serviço. Como exemplo, podem gerar emprego e renda no seu entorno, com outras atividades econômicas.

O posicionamento do setor cultural e da economia criativa do Reino Unido, representa crescimento contínuo e prosperidade, segundo o Departamento de Digital, Cultura, Mídia e Esporte – DCMS (2017). O relatório prevê que a economia criativa e a cultura podem contribuir com cerca de 1 milhão de novos empregos, até 2030 e com 130 bilhões (libra esterlina) de Valor Adicionado Bruto (VAB), que é o valor final de tudo que foi produzido.

Se a cultura de um território é saudável, ela é reflexo das comunidades, suas tradições e sua criatividade.

Regina Amorim

Foto: Linkedin

Sobre Regina Amorim

É gestora de Turismo e Economia Criativa do Sebrae/PB. Formada em Economia pela UFPB, 1980, com Especialização em Gestão e Marketing do Turismo pela UNB – Universidade de Brasília e com Mestrado em Visão Territorial para o Desenvolvimento Sustentável, pela Universidade de Valência – Espanha e Universidade Corporativa SEBRAE.